Uma visita à Mostra de Performance: Arte negra, Imagem e Anonimato

Exposição segue aberta para visitação na Galeria Cañizares até o dia 17 de julho

Por: Glenda Dantas

Pinturas, fotografias, vídeos e instalações são algumas das obras expostas na VIII Mostra de Performance: arte negra, imagem e anonimato. A exposição, que segue aberta para visitação até o dia 17 de julho, na Galeria Cañizares, tem obras que representam o corpo negro como um “texto revolucionário” em estado de performance, para discutir sobre o anonimato da produção artística negra na cultura brasileira.

A mostra abre espaços para manifestações artísticas negras marcadas pelo reconhecimento das suas próprias potencialidades performativas, uma vez que, a performance negra tem criado formas desafiadoras de intervenções artísticas.

Os temas das obras expostas no museu, e das performances apresentadas dos dias 3 a 6 de julho, transitam entre religiosidade afro-brasileira, invisibilização de corpos negros nas grandes cidades, estética negra, necropolítica, etc. Apresenta ainda questões como apropriação cultural e os impactos do racismo na estética de mulheres negras, que aparecem quando elas ainda são crianças, como apresentado na Performance Abayomi, protagonizada por um coletivo de estudantes da disciplina da EBA Expressão Tridimensional III.

O título da performance não é à toa. Termo de origem iorubá, Abayomis são bonecas de pano criadas no período da escravidão para crianças, jovens e adultos. As mulheres negras as confeccionavam com pedaços de suas saias, para acalmar e trazer alegria. Nesta performance, duas meninas confeccionaram bonecas Abayomis sentadas no chão. Ao mesmo tempo, duas alunas negras transitaram com maquiagem branca pelo rosto, reproduzindo um período histórico em que mulheres negras, por causa da subjugação de sua beleza, usavam maquiagem para se aproximarem do padrão de beleza branco. Os aspectos relacionados à apropriação cultural ficaram por conta de duas alunas brancas que estavam que usaram adereços herdados da cultura, como turbantes.

A estudante do curso superior de Decoração Sarah Luyze da Assunção se apresentou em Abayomi, e explica que a performance foi uma tentativa de levantar o questionamento: “Por que no branco é belo e no negro não?”. A performance se desenrola com as meninas maquiadas removendo a maquiagem, se reconhecendo enquanto negras e valorizando sua beleza. As mulheres brancas removem os adereços e entregam às mulheres negras.

“Eu, enquanto mulher negra, considero muito importante a construção de mostras que valorizam as artes e expressões negras. É uma das formas de apresentar nossa cultura, nossas dores, vitórias e as batalhas que a gente enfrenta historicamente”.

A VIII Mostra de Performance: arte negra, imagem e anonimato já acumula mais de 220 visitações e apresenta trabalhos que estimula o público a pensar a performance negra, a partir das questões, pressupostos, causas e consequências, articulações estéticas e ideológicas, além de outros estados de visibilidades, identidades e identificações culturais que perpassam as vidas negras.

A curadoria da exposição é do Prof. Ricardo Barreto Biriba, e o corpo curatorial é formado por Wagner Lacerda, Maria Cristina de Santana, Pablo Mendes, Pablo Luís dos Santos, Aislane Dos Reis Nobre.

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