FACOM recebe professor alemão para palestra sobre filme de tango

Promovido pelo PóscCom, o evento apresentou a temática “’Cheating muchachitas’: globalização e nacionalismo cultural no filme de tango”

Por Glenda Dantas

’Cheating muchachitas’: globalização e nacionalismo cultural no filme de tango. Esse foi o tema da palestra ministrada pelo pesquisador e professor de cinema na Universidade de Bremen, Alemanha, Peter Schulze, no último dia 19, no auditório da Faculdade de Comunicação (Facom). O evento foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (Póscom).

O evento foi aberto pelo coordenador do Programa, Guilherme Maia, que apresentou o palestrante dando destaque ao fascínio por filmes dos anos 30, principalmente argentinos, mexicanos e brasileiros.

Peter falou sobre a heterogeneidade nos filmes de tango, característica essa que se perpetua ainda hoje ressaltando que inicialmente os filmes de tango eram um tipo de gênero cinematográfico que com o tempo perdeu esse caráter e se configurou em filmes de dança. Ressaltou a importância do tango como  produção cultural instrumentalizada pela construção da identidade nacional, principalmente a Uruguaia.  “O tango faz parte do patrimônio cultural do mundo, principalmente na Argentina, mais ainda no Uruguai, que não tem destaque por questões de centro e  periferia. O Uruguai muitas vezes fica de fora, mas o tango na verdade é rioplatense”, disse.

Pesquisador analisou as narrativas em articulação com a estrutura social
Pesquisador apresentou análise das narrativas em articulação com a estrutura social

Segundo ele, o tango é um ritmo polissêmico que apresenta elementos transmidiáticos, pois dialoga com o teatro musical, gravações de rádio e no cinema: “O filme de tango foi só um meio entre outros, o tango teve um diálogo muito forte com o teatro de caráter musical e nas gravações com rádio”, afirmou.

Globalização e os filmes de tango

Sobre a globalização, Schulze afirmou que muitos dos filmes tangueros consagrados foram produções cinematográfica estadunidenses que, apesar de  apresentarem nacionalismo cultural, são feitos pelo cinema que domina o mercado, instrumentaliza a cultura e a torna ambivalente. Citou como exemplo o melodrama, característica marcante desse gênero, que foi minimizada nos filmes quando inseriram referências que desviavam do tango original, que é emocional e melodramático, exotizando o tango para fácil comercialização: “Por exemplo no filme La vida de Carlos Gardel (1939), que botaram cenas que descaracterizam o melodrama. Apesar de ser um filme que conversa com o nacionalismo cultural argentino, foi produzido nos Estados Unidos.”

Schulze falou também sobre como a misoginia é presente nesse gênero.Apesar de as mulheres dominarem a dança, as narrativas reproduzem discursos negativos: “Nos filmes, ou as mulheres são santas ou prostitutas, afirmou.

A atividade foi gerida pelo Laboratório de Análise Fílmica (LAF), grupo de pesquisa do PósCom, como ação do projeto “O Cinema Musical na América Latina”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). O projeto tem como objetivo, por meio da análise de filmes e de entrevistas, mapear a produção de filmes musicais latino-americanos e o modo como um conjunto de pesquisadores da Américahispanohablante e do Brasil observa e analisa as manifestações do cinema musical em seus países. O evento conta também com o minicurso “Perspectivas Pós-coloniais no cinema latino-americano” nos dias 20 e 21.

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