Com dança em pleno ar, cena Paradox surpreende no Quarta que Dança

Por Letícia Oliveira

Um casal pendurado na balaustrada da varanda do Palácio Rio Branco, desfilando passos de tango em frente ao sol poente, “num balé idílico nos céus”. O bailarino pede a todos, ao final do espetáculo, que “vejam dança, paguem por dança”. Um pedido em nome e em incentivo à arte. Desnecessário ao público que ali já o atenderia de bom grado. Assim aconteceu parte da cena do espetáculo PARADOX, transformada em intervenção urbana na Praça Municipal, que atraiu um público diverso em mais uma atividade integrante do projeto Quarta que Dança.

Por cerca de 20 minutos a dança tomou conta do espaço, dos olhos e da rotina das pessoas que passavam ou que foram para ver a apresentação. Jovens, idosos e crianças não piscavam a cada passo de dança que Maju Passos e Marcelo Galvão executavam sobre a mesa, nas escadarias do Palácio e depois suspensos no ar. “A arte cumpre seu papel. Estamos aqui para fazê-la interferir na rotina, na vida das pessoas”, disse Maju ao fim da apresentação.

Os dançarinos, integrantes da Mazurca Criações, são os intérpretes-criadores da cena, e utilizam além da dança, equipamentos e técnicas de rappel para surpreender o público. Vestidos com trajes simples, o brilho foi deixado a cargo do sol do crepúsculo que iluminava a baía ao fundo. A julgar pelas expressões aclamadoras de quem assistia e pelos aplausos durante e depois do espetáculo, a cena Paradox não decepcionou.

Desirée Britto, aluna de psicologia, assistiu pela segunda vez ao Quarta que Dança. Maravilhada, ela disse que é função da arte fazer as pessoas entrarem em contato com o que sentem. “Sua racionalidade é acionada por meio da emoção que a arte tem o poder de causar”. Função esta cumprida ali, onde o espectador termina admirado pela aparente simplicidade da dança, elevada em pleno ar. A arte conquista espectadores da forma mais espontânea possível, acontecendo sem pretensões de palco e adereços glamourosos.

Fotos: Milena Abreu
Fotos: Milena Abreu

QUARTA QUE DANÇA

O projeto é uma ação da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e da Fundação Cultural, e já alcançou grande público ao longo de 16 edições. Representante da FUNCEB, Paula Berbert reafirma o propósito desta atividade em uma intervenção-surpresa: “Surpreender o público em seu cotidiano.”

Dez espetáculos, quatro intervenções urbanas e três danças de rua compõem o repertório do Quarta que Dança, que acontece de 3 de setembro a 29 de outubro em diversos espaços da capital e região metropolitana. Os próximos acontecem nos Cine-Teatros Solar da Boa Vista e Lauro de Freitas e nas Praças da Revolução e Piedade.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *