Exposição traz filosofia oriental para o MAFRO

*Por Natácia Guimarães | Fotos Gustavo Salgado

A palavra Shanti vem do Hinduísmo e significa paz, tranquilidade, cessação.  Usada no  mantra da organização Brahma Kumaris – “Om Shanti” -, ela foi lembrada e repetida na sexta-feira,  24, no Museu Afro Brasileiro da UFBA (MAFRO), no Terreiro de Jesus. Lá,  foi realizada a abertura da Exposição – materializada pela Organização Brahma Kumaris em conjunto com a coordenação do Museu –  O ciclo do tempo – Imortalidade e AncestralidadeA abertura contou com a palestra da coordenadora regional da Brahma Kumaris, Senior do Nordeste, Ida Meirelles e um grupo de música ligado a sua filosofia.

A recepção do evento representou o próprio caráter sincrético da exposição: ao entrar no salão, o visitante recebia das mãos de uma baiana uma fita escrita “Estou na lembrança de Deus” e, de uma moça caracterizada com trajes indianos, um terceiro olho. A exposição foi a  primeira ocorrida no Mafro que não tenha diretamente dialogado com a questão afro-brasileira . “O Museu Afro está recebendo a exposição de outra entidade religiosa que é  a Brahma Kumaris. O museu está muito aberto por ser um espaço identitário. Abrir para a Brahma Kumaris é importante porque a nossa luta tem sido pela diversidade cultural e religiosa”, refletiu a curadora da exposição e coordenadora do MAFRO, Graça Teixeira. Ela também destacou o fato de que a Brahma Kumaris é portadora de uma filosofia oriental, sendo que o próprio MAFRO surgiu a partir do CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA. “Então,  a exposição não está fora do contexto do museu”, disse.

A Brahma Kumaris é uma organização não-governamental (ONG) presente em 110 países e procura fortalecer a educação espiritual e práticas reflexivas – o que talvez explique porque o local – tanto na sala Caribé, onde ocorreu a palestra, quanto no salão da exposição – fluía em uma energia leve, contagiando a todos os presentes. O público presente uniu curiosos, estudiosos e seguidores pela ideia de um mundo melhor. “Eu, na verdade, sou católica apostólica romana, mas sou autora do livro ‘Orixás na Bahia’ e já pesquisei a África inúmeras vezes. Todas as religiões são maravilhosas se se propuserem a fazer o bem, sou fã de todas. É importante correr o mundo para conhecer a cultura, é importante sentir. Aquilo que a visão lhe diz não tem como expressar com palavras”, comentou a escritora Eliete Magalhães, presente no evento.

Exposição contou com esculturas, pinturas e instalações interativas. Foto: Gustavo Salgado
Exposição conta com esculturas, pinturas e instalações interativas.
Foto: Gustavo Salgado
Ida Meirelles, coordenadora da Brahma Kumaris Nordeste, abriu o evento com uma palestra sobre o tempo. Foto: Gustavo Salgado
Ida Meirelles, coordenadora da Brahma Kumaris Nordeste, abriu o evento com uma palestra sobre o Tempo. Foto: Gustavo Salgado

A exposição teve um viés explicativo da filosofia e do tema ciclo do tempo- imortalidade e ancestralidade através de painéis, instalações e textos. Seu tema, de raízes profundas, pode ser simplificado pela frase do líder religioso Brahma Avyakt BapDada exposta no Museu. “Os ancestrais são a primeira criação de Brahma. São a fundação de cada ato de todos os códigos de conduta, sistemas e costumes da humanidade. As pessoas têm um desejo em suas mentes de ter um vislumbre das atividades inspiradoras de seus ancestrais, e de ouvir a respeito deles. Para isso, é necessário o reconhecimento pleno da importância, de respeito pelos ancestrais e pelos locais dos ancestrais”.

Ao entrar no salão, o visitante segue um caminho de aprendizagem da filosofia da organização e dos seus fundamentos básicos até a chegada da árvore genealógica que simboliza o ciclo do tempo. Na entrada, há uma explicação sobre a origem da Brahma Kumaris e, a seguir, um painel explicativo sobre a meditação e sua importância. Representando a divindade, uma grande ilustração transmite a paz por efeitos gráficos através da luz e explica sobre os seres divinos que são representados pela energia positiva que existe no universo. Outros painéis e instalações interativos e explicativos ajudam a criar um ambiente auspicioso e único. O término da exposição faz um convite à meditação por um mundo melhor.

A palestrante Ida Meirelles lembrou, em sua fala, a importância da exposição no MAFRO por ser um ambiente em que se valoriza muito os ancestrais. E comentou sobre o momento em que a humanidade se encontra, de acordo com a filosofia Raja Yoga, da Brahma Kumaris. “Estamos em um momento auspicioso. Estamos no plano corpóreo e passando por uma mudança extraordinária: da ignorância para a sabedoria, da ignorância para a luz, escuridão para a luz. Agora estamos acordados cientes de que está chegando um novo dia – de iluminação e eletricidade e encontramos isso nos silêncios, nos reconhecendo como seres de paz”. Falou, ainda, dentro da relação com a ancestralidade tocada pela exposição, da importância da reflexão sobre o passado e a indagação sobre o momento atual. “Afinal, que horas são? Falta quanto pra todo mundo se tornar bom?”.

Foto: Gustavo Salgado
Foto: Gustavo Salgado
Músicos ligados à Brahma Kumaris se apresentaram na abertura da exposição. Foto: Gustavo Salgado
Músicos ligados à Brahma Kumaris se apresentaram na abertura da exposição. Foto: Gustavo Salgado

A Brahma Kumaris encoraja indivíduos a viverem a partir de valores, visões e propósitos mais elevados. Acredita que esse compromisso de autotransformação criará paz e um mundo melhor para todos. Desenvolve um conhecimento que favorece o hábito da meditação. Ao sair da exposição, a sensação é de paz interior e agradecimento por ter acesso a algo que propague tanto o bem. “Om Shanti”.

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