Aplicativo criado por pesquisadores da UFBA lista pontos de wifi de Salvador

O projeto envolveu mapeamento em campo e listou cafés, bares, praças e outros locais que oferecem acesso à internet via wireless gratuito ou pago.

*Por Edvan Lessa – da Agência Ciência e Cultura

Os usuários de dispositivos móveis que passam o dia à procura de uma conexão com a internet na capital baiana acabam de ganhar um presente: o aplicativo “WiFi Salvador”. Desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa em Mídia Digital, Redes e Espaço da Universidade Federal da Bahia, sob coordenação do pesquisador André Lemos, o “app” indica pontos de internet sem fio em cerca de 150 bairros da cidade.

Com uma interface simples, o WiFi Salvador é um mapa que elenca os pontos onde é possível acessar internet na cidade, ou seja, cafés, bares, restaurantes, praças, etc. Pode ser baixado gratuitamente e roda tanto em sistema Android  quanto em iOS (dispositivos Apple) e pode ter pontos acrescentados pelos usuários. “Ao ligar o aplicativo, aparece o mapa e o ponto de geolocalização onde você está e, automaticamente, os pontos com conexão ao redor”, explica o professor André Lemos.

Lançamento do aplicativo Wifi Salvador, na Faculdade de Comunicação da UFBA. Foto: Edvan Lessa
Lançamento do aplicativo Wifi Salvador, na Faculdade de Comunicação da UFBA.
Foto: Edvan Lessa

A listagem dos pontos começou em 2007. À época surgia o precursor dos smartphones atuais, o iPhone. “Nós fizemos este mapeamento primeiro na internet, depois fomos às ruas e cadastramos de acordo com coordenadas geográficas”, relembra Lemos. Após o trabalho em campo, o projeto foi submetido a um edital da Secretaria de Cultura do Estado Bahia e então desenvolvido. O projeto contou com cerca de 15 envolvidos, incluindo o desenvolvedor para iOS,  Nelson Oliveira, e para Android, João Soares Neto.

Foto: Reprodução Wifi Salvador
Foto: Reprodução Wifi Salvador

O Lab404 possui uma atuação estritamente teórica com produção de artigos, dissertações e teses, e esta experiência foi uma espécie de desafio para que se pudesse compreender formas de produção do espaço urbano com as tecnologias. É comum que as pessoas pensem a internet como algo desmaterializante mas, na opinião do professor, o que ocorre é o inverso.

O assunto foi bastante discutido por Lemos durante o evento de lançamento, ocorrido na Faculdade de Comunicação da UFBA na quarta-feira, 31 de julho. Na ocasião, foram apresentados diversos exemplos de como os rastros deixados por usuários conectados às redes sociais e ferramentas de geolocalização produzem informações que “materializam” o acesso à internet – ou seja, as pessoas passam a viver mais a cidade, e não o contrário,  a partir das tecnologias.

A palestra levantou que a distribuição de informação se dá por meio de dados. Por esse motivo, existem as chamadas Cidades Algorítimo, onde o espaço se constitui de modo globalizante, artificial, mediante a relação que as pessoas estabelecem com os artefatos. “Os dados nos permitem colocar em causa o espaço urbano ou problemas de infraestrutura”, explicou o pesquisador do Lab404 que, curiosamente, tratou de uma espécie de assinatura que fazemos de alguns lugares, enquanto que outros passam a existir de maneira genérica.

Lançamento do aplicativo Wifi Salvador.  Foto: Edvan Lessa
Lançamento do aplicativo Wifi Salvador.
Foto: Edvan Lessa

Para Fábio Malili, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, as questões que envolvem cidade e rede foram ilustradas por códigos que mostravam o volume de tráfego para determinadas buscas. Ele comentou que no caso das recentes manifestações por todo o país as ruas estiveram na rede por meio de determinadas plataformas. “A relação do celular com a rede é importante. E a internet é o pulso da rua”, pontuou.

Toda a informação gerada pelos diferentes usos da rede, seja nas ruas ou em casa ao assistir televisão, para Malini só faz sentido se você pertence a estes dados. Nesse sentido, é preciso se encontrar nesta materialidade. Ainda segundo o pesquisador, este cenário muda, inclusive, a relação dos teóricos com as pesquisas que envolvem comunicação e tecnologia. “Eu acho que está mudando o perfil do pesquisador que trabalha com tecnologia e comunicação. A tendência é ele se tornar também um desenvolvedor”, finaliza.

 

 

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