Conferência na FACED discute a relação entre corpo, arte e identidade

Professor Kabengele Munanga falou sobre as significações do corpo humano e sua relação com o entorno social, na quinta-feira, 25 de julho

 *Por Virgínia Andrade

Aconteceu na última quinta-feira, 25 de julho na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (FACED/UFBA), a conferência “O corpo como motivo de arte e suporte material para todas as identidades”, com a presença do professor da Universidade de São Paulo (USP) Kabengele Munanga. O evento fez parte do da terceira edição do Seminário Corpo, Cultura e Lazer promovido pelo grupo de pesquisa História da Cultura Corporal, Educação, Esporte, Lazer e Sociedade (HCEL).

A proposta do diálogo foi discutir o corpo enquanto sede ou ponto de partida da identidade, seja ela individual ou coletiva. Nesse sentido, Munanga afirmou que, apesar das características particulares, é possível, pela geografia do corpo de uma pessoa, inferir sobre a classe a que esse indivíduo pertence, bem como sua idade, gênero, religião. “O nosso corpo carrega inúmeros significados e significações, que remetem à própria sociedade a qual pertencemos”, assegura o antropólogo.

Foto: Virgínia Andrade
Foto: Virgínia Andrade

Dentre as questões pontuadas por Kabengele durante a conferência estão o questionamento quanto às modificações do corpo como motivo estético ou alienação, o corpo como demonstração de poder ou autoridade e o paradoxo entre estética e identidade. Para o professor, o que marca a identidade é o corpo, não só como elemento físico, mas também como objeto simbólico e cultural. Munanga considerou ainda que a cultura, como qualquer produto produzido na e pela sociedade, pode ser alterada e refletir suas mudanças na identidade de um povo.

No que se refere à relação corpo, arte e identidade, o professor observou que o corpo, constituído naturalmente como um objeto associado a animalidade, quando submetido a um processo de humanização, é sempre modificado pela cultura. “O homem é o único animal que transforma voluntariamente o próprio corpo, e as transformações a ele impostas variam de acordo com cada cultura”. Segundo Kabengele, a decoração do corpo – não apenas por adornos ou adereços, mas também por mutilações e deformações corporais – pode ser interpretada como o fato de o ser humano lidar bem com sua natureza física, de maneira que essas modificações podem ser consideradas manifestações, além de identitárias, estéticas.

Foto: Virgínia Andrade
Foto: Virgínia Andrade

Professor aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), Kabengele Munanga é graduado em em Antropologia Cultural pela Université Officielle Du Congo à Lubumbashi, com doutorado em em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela USP. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, atuando principalmente nos seguintes temas: racismo, identidade, identidade negra, África e Brasil.

Fotos de Virgínia Andrade
Fotos de Virgínia Andrade

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