Curso Livre de Teatro da Ufba abre inscrições para nova turma

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Por Adriana Santana*

 

Seguem abertas até o dia 03 de fevereiro as inscrições para o XXVII Curso Livre de Teatro, programa de extensão oferecido anualmente pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O curso visa apresentar noções e técnicas fundamentais para o exercício teatral, tanto para os iniciantes na área, quanto para aqueles que buscam aperfeiçoamento no campo da interpretação teatral. “Ao longo dos anos, tem se mostrado um descobridor de talentos, contribuindo para a cena teatral baiana”, conforme afirma o coordenador geral do curso e professor da Escola de Teatro da Ufba, Paulo Cunha.

As inscrições para preenchimento das 30 vagas restantes no primeiro módulo do curso estão abertas a todos os interessados a partir de 18 anos e que tenham o primeiro grau completo como formação escolar mínima. O ingresso ao módulo inicial será efetivado através de testes de aptidão, não havendo exigência de experiência anterior na área teatral. Os interessados devem pagar no ato da inscrição uma taxa de R$50 referente ao teste de seleção, além de R$340 no ato da matrícula, caso seja selecionado. É válido ressaltar que o Curso Livre de Teatro não tem finalidade lucrativa. Os custos exigidos pelos estudantes visam cobrir despesas operacionais, principalmente aquelas que se referem à produção do espetáculo de encerramento.

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Formado por uma estrutura de três módulos consecutivos, o curso apresenta uma carga horária total de 800 horas. As aulas são ministradas por Paulo Cunha, que além de coordenador geral assume a direção do espetáculo final; pela professora de expressão vocal, Mariana Freire; e pela especialista em Coreografia e Performance pela Ufba, Marta Saback, que assume as aulas de expressão corporal. Mais informações sobre o curso podem ser acessadas no site da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex).

Aprendizado

Paulo Cunha integra o Curso Livre de Teatro desde 1983, quando iniciou sua carreira no teatro. Na época, foi convidado para fazer monitoria de dramaturgia na quinta edição do curso, quando ele ainda era realizado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb/Secult), no Teatro Castro Alves.  “O Curso Livre é um projeto cujo formato não nasceu na Escola de Teatro. Ele surgiu no mesmo ano em que foi promulgada a lei que regulamenta a profissão do ator no Brasil, em 1978. Foram feitas cinco edições no Teatro Castro Alves, até que problemas de ordem política fizeram o curso se encerrar. Apesar de ser um curso promovido pela Funceb, o núcleo de professores sempre foi da Ufba”, aponta Paulo Cunha. Numa época em que a Ufba oferecia apenas o bacharelado em Direção Teatral, o Curso Livre assumiu a função de curso profissionalizante para interpretação teatral, apesar de não ter sido a pretensão. “Na prática ele sempre foi um formador de profissionais, um grande descobridor de talentos. O Curso Livre começou a deixar sua marca porque não era só um curso para formação de atores. Ele sempre prezou pela qualidade dos espetáculos apresentados”, completa Cunha.

Paulo Cunha diz ter apego pelo Curso Livre de Teatro e vê nele um espaço de aprendizado coletivo. O velho clichê do “só se aprende ensinando” fica evidente nas palavras do professor ao longo da entrevista concedida. “Uma das coisas que o curso me ensinou foi o seguinte: eu planejava demais, era um diretor que chegava ao ensaio com tudo planejado, já tinha o projeto, já sabia o que ia fazer, era um cara super organizado nesse sentido. No Curso Livre eu comecei a perceber que isso não funcionava plenamente. Eu não podia pensar tão antecipadamente porque, como as pessoas estão começando, nem sempre estavam ao alcance deles aquelas ideias pré-concebidas”, indica. “O Curso Livre me mostrou, portanto, a importância de se levar em consideração os recursos humanos que você tem para o sucesso de um trabalho”, finaliza.

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A concluinte do XXVI Curso Livre de Teatro, Kátia Letícia Costa, diz que o curso traz a ideia de profissionalização na área das Artes Cênicas. “O que me atraiu foi a possibilidade de aperfeiçoamento através de um curso renomado, com carga horária intensiva e foco nas técnicas de interpretação. Hoje me sinto mais preparada para dar alguns passos na caminhada teatral”, afirma ela, que já havia desenvolvido experiência com o teatro na Cidade do Saber, em Camaçari, cidade em que reside. Também concluinte da última edição do Curso Livre, Elaine Boa Vista assegura que no curso aprendeu “principalmente a me conhecer como atriz, perceber meus limites e possibilidades nesse fascinante ofício de representar”. Natural de Itabuna, Elaine diz ter vindo a Salvador exclusivamente para fazer o Curso Livre de Teatro da Ufba.
Espetáculo final

Os resultados obtidos ao longo dos anos asseguram a qualidade dos espetáculos produzidos ao final de cada curso. “O trabalho de conclusão do Curso Livre sempre teve um diferencial em relação a muitos espetáculos de cursos congêneres porque geralmente vão à cena coisa que assisto e digo: ‘isso é válido pedagogicamente’, mas quando você tá pensando numa esfera artística, isso deixa a desejar. Às vezes até acontece no Curso Livre, mas é uma raridade, a gente tem como norma zelar por um padrão. A gente tenta puxar o aluno pra cima, nunca nivelar por baixo”, afirma Paulo Cunha. Em 1995, o musical Cabaré Brasil, resultado do X Curso Livre de Teatro, foi indicado ao Troféu Bahia Aplaude (atual Prêmio Braskem de Teatro) nas categorias de Melhor Espetáculo Adulto e Melhor Direção. Já em 2004, O Beijo no Asfalto, espetáculo final da XVIII edição do curso, recebeu o prêmio de Melhor Direção no Prêmio Braskem de Teatro.

Amanhã, às Oito

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Amanhã, às Oito, espetáculo de conclusão da XXVI Curso Livre de Teatro, segue em cartaz até o próximo domingo (05), no Teatro Martins Gonçalves, sempre às 20h. Baseada no textoEsperando Godot, de Samuel Beckett, e em cinco contos de Luiz Fernando Veríssimo, a peça põe em cena os 19 concluintes da última edição do curso. “O Curso Livre sempre teve 30 vagas. Das 30 vagas, o curso que terminou com mais alunos, terminou com 23. Um espetáculo desse com 19 alunos encenando é um bom número”, aponta Paulo Cunha.

A concluinte do curso, Kátia Letícia Costa, afirma que esse é “um espetáculo que dá ao ator a possibilidade de criar, se perceber e se entregar em cena. A proposta é muito interessante, principalmente porque exige uma conectividade grupal, o que é um dos grandes desafios para o exercício do ator. Estou em processo de muito aprendizado e de reconhecimento, além de estar exercitando determinados comportamentos e posturas que são imprescindíveis a um ator profissional. Amanhã, às oito me proporcionou um grande amadurecimento técnico e uma visão mais sensível acerca do fazer teatral”. “Amanhã, às oito foi e continua sendo um desafio maravilhoso. Tenho muito orgulho desse trabalho, dos meus colegas e de mim”, completa Elaine Boa Vista.

Serviço

O que: inscrições para o XXVII Curso Livre de Teatro da Ufba
Quando: até 03 de fevereiro (sexta-feira), das 08h às 12h e das 14h às 17h
Onde: Fundação de Apoio a Pesquisa e Extensão (Fapex), Rua Caetano Moura, nº 140
Quanto: R$50
Informações: através do site da Fapex ou do telefone (71) 3183-8460

O que: Espetáculo “Amanhã, às oito”
Quando: até dia 05 de fevereiro, às 20h
Onde: Teatro Martins Gonçalves (Rua Araújo Pinho, Canela)
Quanto: quarta e quinta, entrada gratuita; de sexta a domingo, R$10 (inteira) e R$5 (meia)

Com informações de http://lucasbertolucci.tripod.com/cabare1.htm

* Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

 

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