Entrevista com o maestro e diretor fundador do Neojibá

Foto: Tatiana Golsman
Foto: Tatiana Golsman

Por Adriana Santana*
 

Agenda Arte e Cultura – Como está a procura dos jovens, diante do reconhecimento que a orquestra tem hoje e Como se dá o processo de audição?

Ricardo Castro – Somente de 2010 pra cá, foram mais de 1.500 inscrições, de jovens que já estudam algum instrumento orquestral, ou que nunca viram um de perto, mas tem vontade de aprender. Para as audições dessa semana, por exemplo, nossa equipe está fazendo uma pré-seleção dos músicos que se encaixam nos pré-requisitos, ou seja, que já leem partitura e tocam um dos instrumentos para os quais temos vagas. Temos uma banca específica para cada instrumento e ouvimos todos aqueles que se apresentam.

 

Agenda Arte e Cultura – O senhor é natural de Vitória da Conquista e chegou a morar em Juazeiro ainda na infância. Há alguns anos, em entrevista à Revista Concerto, declarou que, se a cidade de Juazeiro tivesse uma orquestra, certamente teria começado a reger mais cedo. Qual a sua opinião sobre a produção de música clássica no interior da Bahia (e do Brasil); da falta de oportunidade que muitos desses jovens encontram para tocar em suas cidades e a importância do Neojibá nesse contexto.

Ricardo Castro – Não tenho conhecimento de algo que possa se chamar de produção de música clássica no interior da Bahia, com exceção para o trabalho de Elomar Figueira, que também é de Vitória da Conquista. Depois que criamos o Neojibá, muitos projetos de perfil orquestral estão aparecendo no interior e nossa expectativa é justamente que a Bahia esteja repleta de orquestras nos próximos anos.

 

Agenda Arte e Cultura – A representação de músicos de outros Estados na orquestra é grande?

Ricardo Castro – O Neojibá já se apresentou em nove estados brasileiros. Só em São Paulo, estaremos pela terceira vez em setembro, e o sucesso dos concertos aliado à proposta recompensadora de multiplicação do conhecimento e do próprio Neojibá provocou o interesse de muitos jovens pelo Brasil afora. Os interessados em contribuir com a expansão do Neojibá se juntam a nós por um certo período e hoje temos cerca de dez músicos de outros estados tocando, aprendendo e ensinando em nossas orquestras.

 

Agenda Arte e Cultura – Como foram essas últimas apresentações na Europa?

Ricardo Castro – As apresentações ultrapassaram todas as expectativas. Salas lotadas, público aplaudindo de pé, dois a três bis por concerto, em média. Ainda tivemos o privilégio da transmissão dos concertos nas rádios suíça e alemã, o que nos deixou com um documento de valor inestimável que é a gravação em alta qualidade da nossa capacidade artística.

 

Agenda Arte e Cultura – Como o senhor avalia a projeção internacional que a Neojibá vem conseguindo?

Ricardo Castro – Como um movimento natural para um programa que pretende seguir os mais altos padrões de qualidade.

 

Agenda Arte e Cultura – E para os músicos, qual a importância disso?

Ricardo Castro – Muitos músicos profissionais ainda esperam a oportunidade de poder tocar em salas como Royal Festival Hall, de Londres, Victoria Hall, de Genebra ou Konzertsaal, de Berlim. Imagino que para os integrantes do Neojibá, sendo que alguns têm apenas treze anos de idade ou dois anos de estudo do instrumento, essas experiências artísticas foram marcantes o suficiente para consolidar as ferramentas que desenvolvemos ao longo do ano aqui na Bahia e que são essenciais para o crescimento deles como pessoas integrais.

 

*Estudande de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

 

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