Festival de Uma Cia Só apresenta espetáculos baseados na improvisação

Foto: André Sá Gomes
Foto: André Sá Gomes

Por Adriana Santana*

Adotando o slogan “a cada noite um espetáculo diferente”, o Festival de Uma Cia Só traz para a cena teatral soteropolitana uma série de espetáculos criados a partir de roteiros do século XVII daCommedia dell’Arte, improvisados por uma única companhia de atores. Os roteiros possuem argumento, tradução e adaptação do diretor e mestre em artes cênicas pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Marcus Villa Góis. O Festival já passou pelo Teatro Gamboa Nova e Teatro Martins Gonçalves. A temporada segue até 20 de abril, às 20h, no Café Teatro Sitorne e Teatro Sesi, ambos no Rio Vermelho, R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

 O projeto faz parte da pesquisa de doutorado que Marcus Villa Góis desenvolve no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Ufba (PPGAC/Ufba). Intitulada Zibaldoni e Canovacci: a dramaturgia do ator em experimentos inspirados na Commedia dell’Arte, a pesquisa tem orientação do professor Armindo Bião. “Meu objetivo é buscar o que seria a dramaturgia do ator, o que no teatro é fundamental que prende a atenção do espectador? Tendo em mãos diversos roteiros de Commedia dell’Arte (os famosos canovacci) e percebendo o quanto eles são diferentes dos textos teatrais, por não possuírem falas, concluí que tinha em mãos uma oportunidade de pesquisar o que era central no teatro: o ator e suas maneiras de conquistar o público”, afirma Marcus.
Foto: Jamile Fortunato
Foto: Jamile Fortunato

Para alcançar o objetivo, os sete atores que compõem o elenco da peça utilizam um método incomum: realização de apenas dois ensaios específicos para cada montagem na mesma semana do espetáculo. “Chegamos à conclusão que o que podemos fixar com dois ensaios são as cenas, as situações dramáticas e palavras chaves, o resto é criação simultânea por parte dos atores, improvisação, erros, suficientes para alegrar e divertir quem vai  assistir”, indica o diretor. A improvisação é uma das características da Commedia dell’Arte, conforme explica Marcus, “o que reuniu os grupos de teatro com essa denominação se resume em três pontos. Primeiro a profissionalização do ator – chegou aos nossos tempos diversos contratos nos quais os atores de uma companhia se comprometem a manterem-se juntos por um período de um ano apresentando espetáculos de teatro em diversas cidades. O segundo ponto foi o uso da máscara por alguns atores das companhias e, o terceiro, a possibilidade de interpretar espetáculos inteiros de maneira improvisada”.

A receptividade do público presente nas primeiras apresentações tem sido considerada satisfatória pelo diretor. “A receptividade dos espectadores é muito boa, ouvi diversos comentários de como são ‘vivos’ e espontâneos os espetáculos. Diversas pessoas não se contentam em ver uma só vez o festival por perceberem que poderão assistir a espetáculos diferentes”, afirma. Mais do que entreter, Marcus acredita que “a Commedia dell’Arte representa uma possibilidade pedagógica de atualização e reciclagem do fazer teatral dos atores e do teatro contemporâneo”.

Acesse o blog do Festival de Uma Cia Só.

 

Serviço

O que: Festival de Uma Cia Só

Quando: de 15 de março a 20 de abril, às 20h.

Onde: Café Teatro Sitorne e Teatro Sesi, ambos no Rio Vermelho.

Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

 

Temporadas

Café Teatro Sitorne

15 e 16 de março – A Falsa Defunta

22 e 23 de março – A Força da Magia

 

Teatro Sesi

29 e 30 de março – A Dama Demônio

31 de março – A Fonte Encantada de Yemanjá

01 de abril – O Pedante

05 e 06 de abril – A Arcádia Encantada

12 e 13 de abril – O Falso Marido

19 e 20 de abril – O Arrancadentes

 

* Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba

 

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