Grafite é tema de pesquisa científica na UFBA

*Por Igor Tiago 

Iniciada em agosto de 2012 e em atualização contínua, a pesquisa do projeto “Letras nas Ruas” visa conhecer o grafite soteropolitano, bem como o envolvimento dos cidadãos com essa prática. Realizada pelo estudante de Letras da UFBA Evanilton Gonçalves, de 26 anos, como bolsista de Iniciação Científica, e pelo professor Antonio Marcos Pereira, do Departamento de Letras Vernáculas da UFBA, como orientador, a pesquisa registra a produção do grafite na soterópolis e entra em contato com os grafiteiros para entender melhor o que eles dizem com seus escritos, como dizem, como leem as produções uns dos outros e finalmente como esperam ser lidos pelos demais habitantes da cidade.

O estudante e pesquisador Evanilton Gonçalves. Foto: Divulgação
O estudante e pesquisador Evanilton Gonçalves.
Foto: Divulgação
Professor Antônio Marcos Pereira. Foto: Divulgação
Professor Antônio Marcos Pereira.
Foto: Divulgação

Manifestação artística, o grafite pode se traduzir em inscrições caligrafadas ou desenhos pintados ou gravados sobre um suporte que não é normalmente usado ou previsto para esta finalidade. Com relatos e vestígios dessa arte desde o Império Romano, e com seu aparecimento no Brasil na década de 1970, o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente, da street art ou arte urbana, em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. O grafite está ligado diretamente a movimentos sociais e culturais, em especial ao Hip Hop.

Para esse movimento, o grafite é uma forma de expressar toda a opressão em que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, refletindo a realidade das ruas. A partir do movimento contracultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags – nome ou pseudônimo do artista – que funcionam como uma espécie de demarcação de território, até pinturas mais elaboradas e diversificadas.

O Trabalho A pesquisa de Evanilton e Pereira segue um fluxo definido. Foi estabelecido previamente um itinerário – rotas no centro da cidade de Salvador – por onde os pesquisadores percorrem a pé, fazendo registros sistemáticos de todos os grafites que estão naquela faixa urbana. Outra parte da pesquisa prevê a entrevista dos grafiteiros, para melhor compreender suas questões envolvendo a arte.

Foto: Reprodução Letras nas Ruas.
Foto: Reprodução Letras nas Ruas.

Assim, compreendendo o grafite como uma produção textual multissemiótica, a pesquisa investiga como essa prática de produção de textos e imagens, tão disseminada pelos muros da cidade, é percebida pelos grafiteiros, querendo entender também quais suas trajetórias de construção de identidade e desenvolvimento pessoal, como acontecem as inserções no movimento local em torno do grafite.

À medida que a pesquisa avança, Evanilton investe na divulgação do trabalho por meio de um blog e de um Tumblr, que são alimentados diariamente com registros de grafites da cidade, colocado à disposição de todos, como um acervo e/ou depósito de imagens em alta definição. A ideia, com o trabalho, é contribuir para a criação de um arquivo da produção atual do grafite em Salvador. O trabalho é apoiado pelo CNPq.

Foto: Reprodução Letras nas Ruas
Foto: Reprodução Letras nas Ruas

Algo que gera polêmica e que ainda é um desafio nessa área é o costume que algumas pessoas têm de confundir grafite com vandalismo e pichação. Vale lembrar que o grafite necessita da autorização do dono do muro ou do espaço para ser inscrita, diferente da pichação, que é feita sem qualquer legalidade e com a intenção de depredar.

Saiba mais sobre o projeto acessando o blog – http://www.letrasnasruas.com – e o Tumblr da pesquisa –  http://letrasnasruas.tumblr.com.

 

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