Todo o jazz da Western Illinois University

“A pessoa está passeando pela universidade e, de repente, uma orquestra americana surge na biblioteca”

*Por Debora Rezende | Fotos Dudu Assunção

Se você não pôde estar nos arredores da Biblioteca Central na manhã da última quinta-feira, 20, e ouviu rumores de que uma orquestra americana havia “brotado” por lá, acredite, é verdade. A Orquestra de Jazz Estúdio, representando a Escola de Música da Western Illinois University (WIU), fez uma apresentação em conjunto com estudantes da Escola de Música da UFBA, que impressionou quem estava no campus de Ondina ou passava por ele.

Ainda que o evento estivesse previamente agendado, conforme explicou o diretor da Escola de Música da UFBA, Heinz Schwebel, a impressão passada foi de total surpresa por parte de quem presenciava o concerto. Dezessete músicos com trompetes, saxofones e partituras, vestidos com o roxo característico da Western Illinois University, impressionaram a plateia, que interagiu com a banda e, estimulada por um dos organizadores, Doug Adair, pedia em inglês para que os músicos continuassem tocando.

A Orquestra Jazz Estúdio da WIU é um dos dois grupos de jazz da universidade americana, e veio exclusivamente à Bahia na turnê “Explorando as raízes do jazz”, que teve início no dia 13 deste mês e terminou no último sábado, 22. A turnê aproveitou o sucesso da visita da Banda de Sopro da WIU ao Brasil, em 2010, e o objetivo principal foi estabelecer contato com alunos brasileiros, além de promover o intercâmbio cultural entre as duas nações – e as duas universidades. Segundo um dos membros da orquestra, Jim Buenning, a familiaridade com a música brasileira é grande. Na hora de falar sobre quais eram as suas influências, o estudante citou, tentando lembrar os nomes dos estilos em português com um sorriso encabulado, a Bossa Nova e o Samba. Quando perguntado sobre os cantores brasileiros de que mais gostava, Buenning apontou o baiano Gilberto Gil.

Foto: Dudu Assunção
Foto: Dudu Assunção
Foto: Dudu Assunção
Foto: Dudu Assunção

A presença de um grupo de estudantes americanos – e seus vistosos instrumentos – despertou o interesse dos alunos da UFBA que desejam participar de programas de intercâmbio. E a ideia da presença da orquestra nas universidades baianas – além da UFBA, o grupo esteve presente na UNEB e na UCSAL – era também estabelecer contato com estudantes brasileiros que gostariam de participar dos intercâmbios culturais e acadêmicos disponíveis na Western Illinois University. De fato, muitos alunos procuraram Doug Adair ao final do evento para saber mais informações sobre o programa de intercâmbio, um dos assuntos que mais chama a atenção dos universitários no Brasil. Ana Paula, aluna de Museologia na UFBA, afirmou que tem “muito interesse em ir num programa de intercâmbio. Seria ótimo”.

Mas os acordes de jazz que mobilizaram tantos alunos na Biblioteca Central não eram exclusivamente internacionais. Dentre os músicos que tocaram na manhã de quinta-feira estavam sete alunos da Escola de Música da UFBA. “O que a gente deve ressaltar nesse caso é o intercâmbio cultural. O jazz nunca foi uma tradição tão forte no Brasil. Essa é uma forma do aluno interagir com outra cultura”, explicou o professor Joatan Nascimento.

No destaque, professor Joatan Nascimento.  Foto: Dudu Assunção
No destaque, professor Joatan Nascimento.
Foto: Dudu Assunção

Enquanto a banda se apresentava, cada vez mais pessoas se aglomeravam ao redor dos músicos: tanto quem havia sido atraído pelos acordes quanto os que estavam na biblioteca apenas para buscar um livro. “A pessoa está passeando pela universidade e, de repente, uma orquestra americana aparece na biblioteca”, comentou Bruna Castelo Branco, estudante de Jornalismo surpresa com a apresentação. Para Samantha Bivens, integrante da orquestra, a interação com os brasileiros foi um dos diferenciais da performance. “Todo mundo aqui é muito legal”, disse.

Entre as músicas apresentadas pelo grupo constavam dois trabalhos nacionais: “O Corta Jaca”, de Chiquinha Gonzaga, com arranjos do professor Alfredo Moura, e a “Despedida de Mangueira”, de Francisco Alves. O grupo americano possui, entre seus principais prêmios, uma indicação ao Grammy do Jazz At The Cross Roads, bem como o reconhecimento de quatro estrelas da revista americana DownBeat, pelo CD gravado pela banda de universitários.

Foto: Dudu Assunção
Foto: Dudu Assunção

Para maiores informações sobre a Western Illinois University, acesse o site oficial da universidade: http://www.wiu.edu/

Se quiser descobrir mais sobre os programas de intercâmbio disponíveis na UFBA, acesse: http://www.aai.ufba.br/

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