Lady Lilith: poder libertário do feminino em pauta na Residência Estudantil da UFBA

Peça dirigida pelo formando em Direção Teatral da ETUFBA, George Isaac, terá mais duas apresentações nesta sexta (06) e sábado (07), no Corredor da Vitória.

* Por Natácia Guimarães – voluntária da Agenda Arte e Cultura UFBA

“Se não és uma Eva, és uma Lilith.” Essa frase ecoou por todos os ambientes da residência estudantil da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na noite de sábado, 30,  no Corredor da Vitória, onde ocorreu o encerramento da programação da Semana da Diversidade  UFBA em Paralaxe – Reinventando Concepções com o espetáculo teatral Lady Lillith. O texto da peça foi escrito de forma colaborativa entre o diretor e o elenco, formado por alunos da escola de teatro da  UFBA. A obra discute, ao mesmo tempo, de forma densa e descontraída, a liberdade sexual, liberdade de expressão e o papel da mulher da sociedade, em uma linguagem sarcástica e cheia de criticismo.

Entre partes bem humoradas, impactantes e chocantes, o público se envolveu e permaneceu vidrado no espetáculo do início ao fim. Passando pela montagem do primeiro ato, interativa com a plateia, até os momentos intimistas e desconcertantes dos segundo, terceiro e quarto atos. A música, a iluminação e o próprio ambiente contribuíram para criar uma atmosfera de inovação e quebra de paradigmas.

O projeto UFBA Em Paralaxe busca erradicar preconceitos e discriminações na comunidade universitária. As atividades são realizadas pela PROAE – Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil – em parceria com a PROEXT, ASSUFBA, CEAO, COLETIVO KIU CUS, DCE, GGR, MMR, CEAO, NEIM, e demais grupos representativos da Universidade -, e são voltadas para todos os segmentos, sejam eles professores, estudantes ou servidores. As programações para a Semana da Consciência Negra, de que fez parte o espetáculo, começaram em novembro com bazar, vivências, confraternizações, vídeos, mesas e debates. No último sábado, a apresentação começou mais cedo com performances e terminou com uma festa de celebração.

Foto: Natácia Guimarães
Foto: Natácia Guimarães

Lillith teria sido a primeira mulher de Adão e o primeiro ser humano a provar do fruto proibido. A montagem da peça é composta por quatro homens que, juntos, representam a imagem da mulher que rompe padrões e, por isso, é julgada pela sociedade. “A mulher branca, hétero, que segue todos os ditames sociais é representação da figura da Eva. Por outro lado, a mulher que resolve guiar sua própria vida, quebra os padrões pré- estabelecidos é a representação da Lillith”, disse o direitor do espetáculo, George Isaac. Sobre o título, o diretor afirma que Lady é uma referência ao uso da palavra pelo “dicionário” LGBT que significa fina e poderosa. Sendo assim, segundo as palavras de George, as “Lilliths” representadas são, antes de tudo, finas e poderosas.

O espetáculo é itinerante e dividido em 4 atos. O espectadores acompanham a “trajetória” da personagem desde o nascimento de Lillith até sua permanência no Mar Vermelho. Tiago Carvalho, um dos quatro atores da peça, afirmou ter sido um processo intenso de pesquisa. “Primeiramente, tínhamos a ideia pré-concebida do mito, porém para montar o espetáculo fomos além. Buscamos referências na dança, artes plásticas e no teatro”, contou o ator. Essas fontes ficam evidentes ao longo do espetáculo: a dança com estilos desafiadores, a arte super conceitual e o teatro físico. “Uma mistura de performances, linguagem bacana. Nunca tinha visto nada parecido”, opinou o estudante Rodrigo Diniz, na plateia no último sábado.

Foto: Natácia Guimarães
Foto: Natácia Guimarães

MITO:  Lillith, primeira mulher de Adão, possui sensualidade e força demoníacas, que perturbam o companheiro; mas também é aquela que lhe apresenta o prazer orgástico. O relacionamento é perturbado pela imposição do homem em permanecer por cima da mulher, ao que ela não aceita e por isto dele se afasta. Este mito simboliza, entre outros aspectos, a instintividade feminina manifestada em sua sensualidade, bem como a reivindicação por igualdade sexual e social contra o machismo.

O espetáculo terá novas apresentações nesta sexta-feira (06) e sábado (07) de dezembro.

Local: Residência Universitária da UFBa, R1, no Corredor da Vitória.

Foto: Natácia Guimarães
Foto: Natácia Guimarães

 

 

 

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