As Artes, A Produção Cultural e a Universidade

Mesa do Congresso da UFBA, coordenada pela professora Eliene Benício, destacou o pioneirismo da universidade em fundar os cursos de Artes e Produção Cultural

Por Ana Paula Trindade

A temática das artes e da produção cultural também marcou presença no segundo dia do Congresso UFBA 70 anos. A mesa, mediada pela professora Eliene Benício – diretora da Escola de Teatro da UFBA, ocorreu na manhã de hoje (15), no Auditório Profª Yeda de Andrade Ferreira (Instituto de Geociências). Entre as questões tratadas, foram levantados o pioneirismo da Universidade Federal da Bahia em fundar os cursos de Artes, no ano de 1956, e o de Produção Cultural, em 1996, e a importância da articulação entre os cursos. A mesa ainda foi composta por André Araújo, diretor de produção na Escola de Teatro, e Plínio Rattes, professor substituto da Faculdade de Comunicação (FACOM), ambos produtores culturais formados pela universidade.

A professora Eliene relatou a sua experiência como aluna do curso de Teatro, durante o período de 1982 a 1985, onde se formou em Direção Teatral. “Naquela época estava se formando a Companhia de Teatro, que neste ano completa 35 anos”, relembrou. Nos anos 80, esse era o único curso oferecido pela Escola, que hoje oferece três cursos: Direção Teatral, Interpretação Teatral e Licenciatura em Teatro.

É a terceira vez que Eliene dirige a Escola de Teatro. A primeira vez de 2000 a 2008, duas gestões seguidas e, no atual período, desde 2012. A diretora comparou as realidades vividas nesses diferentes períodos. “Na minha época, não havia verba para financiar atividades didáticas”, afirmou. O que outrora não existia, agora aparece em forma de verba via extensão. Mesmo assim, a universidade ainda vive dificuldades para realizar a prática teatral. A diretora ainda abordou a importância dos três eixos que definem a universidade: ensino, pesquisa e extensão.

Plínio Rattes, professor substituto da FACOM, tratou da gestão cultural e da cultura enquanto arte. O professor, que se formou em 2007, falou da importância de viver a universidade para além da sala de aula, principalmente para os alunos de Produção Cultural, curso ainda recente. “É uma profissão nova, que ainda está se conhecendo”, relatou.

Para explicar o campo da gestão cultural, Rattes traçou o panorama a partir da década de 80 com o surgimento do Ministério da Cultura –MINC e a implementação da Lei Rouanet, a primeira lei de incentivo fiscal. “A área da produção cultural é bem anterior a essa época, mas em se tratando de organização profissional, podemos falar da década de 80 como ponto inicial”, relatou.

O produtor cultural, André Araújo, trabalha há dois anos como diretor de produção na Escola de Teatro. Ele chamou atenção para a importância da incorporação do produtor cultural nos concursos públicos e acadêmicos, que implicaria em maior valorização dos profissionais, além da formalização da própria profissão. “Há uma dificuldade em definir o que faz um produtor cultural e essa dificuldade pode estar atrelada à informalidade da profissão”. E definiu: “produtor é o articulador que enxerga as potencialidades e realiza as ações”.

André ressaltou a importância da interdisciplinaridade e da reflexão sobre a prática cultural. “Não dá para pensar no campo da cultura sem a ligação com outros campos, como a educação”, argumentou. Ambos os produtores levantaram as dificuldades que o curso de Produção Cultural enfrenta para se articular com os cursos de Artes. “O isolamento dos cursos é um problema, a aproximação poderia potencializar ações”, afirmou Plínio. André viu o congresso como uma grande oportunidade: “Refletir sobre quem somos o que fazemos, e que haja repercussões. Que seja mais um sopro de vida para a universidade”.

Eliene e André aproveitaram o espaço para divulgar a Virada Artística – 60 anos da Escola de Teatro da UFBA, que ocorrerá das 20h do dia 16 às 22h do dia 17. A Virada faz parte da programação de intervenções artísticas do congresso UFBA 70 anos.

 

UFBA-70-anos---Miguez

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