Samba é tema de bate-papo no Seminário de Políticas e Gestão da Cultura

Mesa Diversidade, diálogos de saberes culturais: tradição do samba e novas sociabilidades discute uma das principais manifestações culturais populares do Brasil.

* Por Carol Oliveira

O samba, uma das principais manifestações culturais populares do Brasil, foi tema de discussão da Mesa Diversidade, diálogos de saberes culturais: tradição do samba e novas sociabilidades no Seminário de Políticas e Gestão da Cultura.O bate-papo aconteceu nesta última terça-feira (19), segunda semana de seminário, e trouxe como convidados o Mestre Tradicional do Samba Reginaldo Souza, as representantes do Grupo Cultural Ganhadeiras de Itapuã Maria do Xindó e Lucinha, o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (FACED – UFBA) Pedro Abib e a também professora da UFBA Clelia Côrtes, mediando o debate.

Abrindo a discussão, o professor e também coordenador do Grupo de Pesquisa GRIÔ: “Culturas Populares e Diáspora Africana” Pedro Abib destacou a importância de se valorizar o saber popular “Os saberes não são propriedades de quem fez doutorado, fez mestrado, frequentou os bancos da universidade. O saber está em todas as partes” disse o professor como forma de manifestar sua felicidade em estar no ambiente acadêmico falando sobre samba com mestres e mestras do samba. O pesquisador recordou um pouco da história do samba, lembrando que apesar de linda, atravessou caminhos longos e cheios de percalços. O samba, assim como a capoeira e o candomblé era considerado crime, era proibido, isso entre o final do século XIX e inicio do século XX, “Tudo que vem desse universo da cultura afro-brasileira sempre foi muito perseguido e muito violentado durante muitos anos, durante séculos no nosso país” explica Pedro Abib. Apesar de muitos elementos negativos na história do povo brasileiro e da sua cultura, é importante saber que essas manifestações conseguiram vencer “O samba e a capoeira são dois símbolos da cultura brasileira fora daqui” conclui.

O público presente no Auditório Glauber Rocha pôde se contagiar com a alegria e encanto do samba. Reginaldo Souza, que é mestre tradicional do Samba e tem mais de 400 músicas, algumas gravadas por Juliana Ribeiro e Margareth Menezes, contou um pouco de sua trajetória como sambista e sobre Itapuã, bairro onde mora a muito tempo e é um dos temas presente em muitas de suas canções, além de ser sua grande inspiração para fazer música. O mestre do samba diz que faz música desde criança e que isso pra ele é algo que o torna mais vivo, mais jovem “Quando a gente faz música, faz o que gosta, a gente rejuvenesce” salienta. Durante a conversa, o sambista não deixou de encantar a todos cantando algumas de suas composições.

Representando o Grupo Cultural Ganhadeiras de Itapuã, que existe há 13 anos, Maria de Xindó e Lucinha trouxeram um pouco da história do grupo, recordando momentos de suas vidas através do samba. O grupo surgiu a partir do interesse que algumas pessoas tinham em fortalecer a identidade cultural de Itapuã e a partir daí se reuniam em rodas de conversa e de samba a fim de trocar informações sobre as tradições antigas do bairro. O nome de batismo do grupo é uma homenagem às mulheres que, entre os séculos XIX e XX, compravam os peixes dos pescadores locais e saiam com seus balaios a pé até o centro da cidade para vendê-los e assim ganhar o sustento da família, bem como as mulheres que ganhavam a vida com outras atividades também, como por exemplo, as bordadeiras, as lavadeiras, entre outras. Maria do Xindó relembra alguns sambas que cantarolava na beira da Lagoa do Abaeté, enquanto lavava roupas de ganho.

Assim como a cultura de uma sociedade, o samba também tem sua diversidade. Tem-se o samba chula, o samba corrido, a zambiapunga e é essa diversidade que vai interagindo com outras linguagens, diz a professora Clelia Cortês dando encerramento a mais um dia de bate-papo. O Seminário de políticas e gestão da Cultura teve inicio no dia 11 de março e segue até o dia 01 abril. As mesas acontecem sempre às 19hs no Auditório Glauber Rocha, localizado no Pavilhão de Aulas da Federação III (PAF III). A realização do seminário está sob-responsabilidade da Área de Concentração em Políticas e Gestão da Cultura dos Bacharelados Interdisciplinares em Artes e Humanidades do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da UFBA.

 

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