Os dilemas, mudanças e a evolução do cinema brasileiro

Na Bahia, interessados em estudar cinema podem ingressar no curso da UFRB ou na área de concentração oferecida pelo curso de BI da UFBA

Por Kelven Figueiredo

No dia 19 de junho é celebrado o Dia do Cinema Nacional, porém pode parecer confusa a comemoração desta data tão importante para o cinema brasileiro. A celebração feita  no dia 19 de junho se dá em homenagem ao dia em que ítalo-brasileiro Afonso Segreto – o primeiro cinegrafista e diretor do Brasil – registrou as primeiras imagens em movimento da entrada da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo do navio francês Brésil, no ano de 1898, realizando assim a primeira gravação em território brasileiro.

O dia 5 de novembro, outra ocasião em que é celebrado o Dia Cinema Nacional,   lembra o aniversário da primeira exibição pública de cinema no país. Na época os irmãos italianos Paschoal Affonso e Segreto incentivaram o governo a inaugurar uma sala de cinema aberta ao público na capital carioca. A película escolhida para a estreia foi “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière” dos irmãos Lumiére. E assim nasce a história do cinema brasileiro, bastante confusa e cheia de detalhes.

No entanto é notório o quanto nosso cinema tem evoluído. Seja na técnica melhor executada, nos roteiros bem elaborados ou atores mais qualificados. Mas, além disso tudo, há um fator que o cineasta Adriano Big acredita ser o mais decisivo de todos: o grande número de editais que surgiram nos últimos anos para apoiar o incentivo a cultura e às produções audiovisuais brasileiras. Leis como a Lei do Audiovisual e Rouanet vêm contribuindo para o crescimento e aperfeiçoamento das produções audiovisuais nacionais.

Formado pela primeira turma da área de concentração em Cinema e Audiovisual do BI, o cineasta Ramon Coutinho acha que apesar de mais aquecido do que quando ele entrou na área, o mercado do cinema brasileiro encara um grande dilema: ”a gente não tem um mercado interno consumidor de cinema brasileiro e ficamos muito dependentes do estado”. O jovem ainda relata que principalmente aqui na Bahia a quantidade de editais é muito pouca e não atende a demanda que o mercado audiovisual baiano tem.

A cineasta Solange Lima, formada pelo  Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC) no Bacharelado Interdisciplinar de Artes com enfoque na área de cinema, e dona de uma produtora de filmes, se queixa da falta de profissionais qualificados no mercado baiano e acredita que parte dessa culpa vem da universidade, que  foca muito em teoria e não se preocupa em promover diálogos com o mercado. ”A universidade é muito introspectiva, falta essa dinâmica para fora e pensar em como inserir esses alunos no mercado durante a graduação”, declara a cineasta.

Embora em seu caso isso não tenha sido um problema, uma vez que ela fez o caminho inverso: veio do mercado para a universidade porque achava os projetos muito rasos e sentia falta de embasamento teórico, coisa que só encontrou no curso de graduação. Somando a experiência adquirida em sua produtora com a teoria que aprendeu na UFBA, Solange assume se sentir mais qualificada para trabalhar na sua grande paixão.

Adriano Big, apesar de concordar que a área de concentração em Cinema e Audiovisual oferecida pela UFBA não é suficiente para formar cineastas completos, explica que há uma diferença entre um curso de cinema e uma área de concentração em cinema, o que ele julga ser mais superficial. Na Bahia, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) é a única instituição pública que oferece o curso de cinema,  deixando assim muitos estudantes sem opção e optando pela área de concentração oferecida pela UFBA.

Contudo, Ramon deixa um conselho para quem deseja de fato fazer cinema: “produzir o máximo que puder, porque é fazendo que se aprende”. Nesse sentido, iniciativas como o Cinefacom – mostra de curtas mensal que exibe apenas produtos audiovisuais feitos por alunos – auxiliam os estudantes na prática do cinema.

A proposta surgiu devido a percepção de escassez de espaços e políticas na universidade que fomentassem a produção audiovisual estudantil, principalmente em sua circulação, e estimulassem a troca de experiências e saberes dos atores envolvidos com esta linguagem.

Desde então, o projeto tem sido um espaço para exibição, circulação e reflexão do cinema e da produção audiovisual universitária. Por meio de mostras quinzenais, de variados gêneros e temáticas, possibilita a inscrição de vídeos de estudantes da Ufba e a fruição de filmes da cinematografia brasileira, sobretudo a baiana. Atualmente o CineFacom é realizado com apoio da Ufba através do Edital PROEXT/Eventos 2013

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