Mobilidade acadêmica: o intercâmbio dentro do Brasil

O programa de mobilidade acadêmica permite a transferência temporária de estudantes para universidades federais credenciadas, com permanência de até dois semestres

Por Luiza Leão

Você sabia que é possível ter uma experiência de intercâmbio dentro do Brasil? A mobilidade acadêmica permite que alunos estudem em uma outra universidade federal, realizando uma espécie de intercâmbio nacional. O vínculo com a instituição receptora é temporário e dura no máximo um ano. Para participar, os estudantes precisam ter concluído as matérias obrigatórias para os primeiros dois semestres do curso e possuir, no máximo, uma reprovação por período letivo.

Pedro Singer, 25 anos, é estudante de jornalismo da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e decidiu, há um ano, que iria realizar a mobilidade acadêmica, programa de intercâmbio entre universidades federais credenciadas. O estudante foi transferido temporariamente para Faculdade de Comunicação da UFBA, onde cursou dois semestres.

A mobilidade acadêmica, segundo Pedro, foi uma oportunidade muito boa. Em sua experiência, se sentiu acolhido pelos professores e alunos da UFBA e o seu processo de transferência e documentação foi rápido e eficiente, apesar de burocrático.

leandro
Leandro Souza | Foto: Acervo pessoal Facebook

Leandro Souza, 25 anos, é produtor cultural formado pela UFBA e realizou a mobilidade para a Universidade Federal Fluminense, no primeiro e segundo semestres de 2013. Apesar de as duas universidades terem como proposta a formação de produtores culturais, são dois universos distintos e, por isso, não elege nenhuma das duas como a melhor.

Como participar

Para alunos da UFBA que desejam fazer parte do projeto, é necessário que se procure o coordenador do curso de graduação para elaborar o plano de estudos, baseado na ementa das universidades oferecidas, preencher um requerimento e encaminhar ao colegiado para que o processo seja encaminhado para a PROGRAD.

A UFBA foi burocrática nos trâmites que envolviam prazos e documentação, mas ressaltou o bom atendimento e a atenção dos funcionários da PROGRAD (Pró-Reitoria de Ensino e Graduação), para a condução do processo de Souza, que mesmo com atrasos, reflexos da greve nacional de 2012, lhe rendeu o aceite da universidade fluminense e uma bolsa auxílio oferecida pelo Banco Santander.

Impressões

Assim como Pedro, Leandro destaca a relação próxima entre professores e alunos. “Era uma relação produtiva que estimulava o aprendizado e gerava mais interesse nas disciplinas”, contou. Mesmo atendendo ao regime de cotas, percebeu que havia poucos negros na unidade em que estudou, o IACS, Instituto de Artes e Comunicação Social. “Isso aumentou o fato de me sentir deslocado no início”, descreveu. Ainda assim, não se arrepende da experiência e garante: “repetiria caso pudesse”.

Além das questões negras, o empoderamento LGBT, feminino, e movimentos transsexuais, foram questões que Pedro Singer teve um contato mais próximo na UFBA. Apesar de ser adepta ao sistema de cotas, na UFMT, sua universidade de origem, “há um conservadorismo dos corpos discente e docente”, relatou Pedro. Ele acredita que foi importante conhecer pessoas com um histórico completamente diferentes do seu.

As comparações são inevitáveis. Segundo Pedro, o curso de comunicação da UFMT surgido no início dos anos 90, precisa sofrer algumas alterações na grade curricular que é de 2009, porque está distante da atual prática da profissão. “Falta o contato do aluno com matérias teóricas mais básicas e também com o mercado de trabalho”, explica.

Na UFBA, Singer elogiou o acesso aos equipamentos  e maior organização na faculdade que é exclusiva dos cursos de jornalismo e  produção cultural, comparando à realidade de sua universidade de origem: “Há um déficit na quantidade de equipamentos e uma demanda elevada para o uso dos alunos de rádio e tevê, publicidade e jornalismo”, esclarece.

As cidades escolhidas

A escolha do mato grossense pela capital baiana como local para continuar temporariamente os estudos sobre jornalismo se deu pela praticidade de ter sua irmã mais velha, que também é jornalista, morando em Salvador. “A cidade do carnaval e do Farol da Barra se torna muito pequena perto do que a cidade é”, definiu Pedro, acrescentando a existência de problemas estruturais de Salvador à uma riqueza cultura local com “uma energia diferente”.

Para o baiano que mudou-se para São Domingos, bairro classe média de Niterói, houve um certo estranhamento para se habituar à rotina e ao elevado custo de vida da cidade no início.Fatores como o “ jeito distante das pessoas” exigiram-lhe um certo tempo para adaptação.  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *