A Claque: fracassados de sucesso

Verena Guimarães

Um grupo de profissionais afiados na arte dos aplausos: essa é a definição de claque, termo de origem francesa, que se refere a uma equipe contratada para aplaudir espetáculos. Em cartaz no Teatro Martim Gonçalves até o dia 3 de maio, a peça que apresenta, entre risos e choros, a história de quatro fracassados, leva em seu nome a definição do conjunto, “A Claque”, e é exibida de quarta-feira a domingo.

O espetáculo é o trabalho de conclusão de curso da graduação em direção teatral de Ricardo Andrade, orientado pelo professor Paulo Cunha, diretor da premiada peça “As Confrarias”.

OS EX

O grupo apresentado no espetáculo é composto por uma ex-atriz, interpretada pelo próprio diretor, que junto com um ex-juiz, um ex-palhaço e um ex-cantor, todos frustrados, compõem uma das claques mais renomadas do país. “O sucesso do fracasso” é a chamada do espetáculo, que consegue arrancar gargalhadas mesmo quando não solicitadas.

O texto de Paulo Jordão, dramaturgo pernambucano, sutilmente faz uma relação entre os dramas pessoais dos personagens e situações da recente história do Brasil. Frases como: “Desde o dia 31 de março que ele está assim, sem voz”, que integram o texto da peça, não apresentam datas escolhidas ao acaso, nesta, por exemplo, há uma referência ao golpe militar. Andrade explica que há várias alusões à sociedade brasileira e as crises econômicas e políticas. “A intenção é fazer uma relação entre a atualidade e a claque. A claque representa o povo brasileiro”, explica.

A interação com o público é um dos pontos alto do espetáculo. Durante a peça, os integrantes ensaiam seus números, na esperança de um grande contratante mudar a vida deles. Essa expectativa é expandida para a plateia. Leonardo Teles, 25, faz parte do elenco e explica um pouco de como acontece essa relação: “Durante o espetáculo é estabelecido um jogo, mostrando as placas que dizem: aplausos, risos, vaias… Para que o público não vá só ver o espetáculo, mas se sinta dentro de uma claque”.

INTERAÇÃO

Além de alunos da Escola de Teatro, o elenco também conta com a participação do estudante de música Diego Rosa, 29, que interpreta o maestro da claque. Mesmo sem dizer uma palavra, é impossível não notar sua intervenção musical para ditar os momentos de humor e de drama. “Eu acho importante essa interação entre os cursos, pois enriquece a nossa formação, atravessa os muros e abre um leque de novas possibilidades”, comenta. Rosa também é o responsável pela trilha sonora, que é composta por músicas antigas de compositores como Ernesto Nazaré, além de temas de novelas e de circo.

O processo de montagem do espetáculo é resultado de uma parceria que nasceu dentro de uma das unidades da Residência Universitária da UFBA. Na unidade localizada no Corredor da Vitória, os alunos dos cursos de artes montaram um Ateliê para produção de espetáculos e intercâmbio de saberes. A iniciativa tem como objetivo criar um espaço cultural para os residentes. O Ateliê serviu de palco para a primeira apresentação da peça no fim do ano passado. “A residência é o nosso abrigo e a ideia é levar para os estudantes a cultura. Temos outros projetos e queremos divulgar o espaço”, completa o diretor espetáculo.

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Fotos de Verena Guimarães.

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Um comentário em “A Claque: fracassados de sucesso

  • 30 de abril de 2015 a 1:27
    Permalink

    Olá,
    Para uma melhor comunicação a todos os públicos, inclusive os de fora da universidade, por favor coloquem o endereço, mapa do google, ou informações de como chegar, as pessoas não são obrigadas a saber onde fica o Teatro Martin Gonçalves. Obrigado! Informação é tudo!

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