Agenda na Saladearte: Em ritmo lento, ‘A Revolução em Paris’ retrata o sentimento do povo francês em momento histórico

Por Ícaro Lima e Luca Agra

Retratar momentos históricos para obras cinematográficas é sempre um grande desafio. Se manter fiel aos fatos e criar o equilíbrio com possíveis inserções ficcionais envolve ousadia e criatividade para produzir um material que transmite informações mas que também entretenha. “A Revolução em Paris” (2018) mostra que soube juntar bastante material sobre o que aconteceu na época retratada, mas peca por não utilizar bem as histórias de pano de fundo, perdendo a chance de tornar o longa mais dinâmico. O filme está em cartaz na Saladearte Cinema da UFBA.

O enredo se desenvolve mostrando uma França na qual boa parte da população está descontente com o reinado de Luís XVI (Laurent Lafitte), tirano que através de muitas atitudes afundou o país em uma extrema pobreza e fome, enquanto ele e toda a sua elite aristocrática mantém os seus privilégios. E é nessa situação que surgem personagens dispostos a mudar essa situação, como Robespierre (Louis Garrel), Marat (Denis Lavant), Françoise (Adèle Haenel), Basile (Gaspard Ulliel) e diversos outras pessoas, entre vários grupos, que viviam de forma pobre em Paris.

A história inicia com a Queda da Bastilha e caminha para mostrar como foi um dos marcos históricos mundiais mais conhecidos: a Revolução Francesa. O desenrolar do filme não acompanha a maioria das obras que tratam sobre o mesmo tema, e expõe os capítulos de uma forma lenta e bastante explicativa. Por vezes, a trama exagera na quantidade de cenas de discursos dos políticos aristocratas, com diálogos exageradamente didáticos.  

Com um ritmo mal cadenciado entre tramas paralelas e os passos políticos da Revolução, o filme se confunde entre um docudrama com explicações ora difíceis, ora clichês, e uma história de fundo ficcional que não se desenvolve bem e some nos momentos que poderia render algo mais.

No momento em que o filme tinha potencial de atingir um ápice com alguma sequência de imagens para dar uma quebra na lentidão, a cena se resolve de uma maneira muito curta, o que é irônico, já que o restante do filme é levado de forma cansativa.

Um ponto positivo foram as os figurinos que acertam no tom de diferenciação entre a elite a classe pobre da França. Além disso, as ambientações são bem resolvidas, apesar de estar explícito que não tiveram muitas locações disponíveis, mas souberam usá-las bem, passando com veracidade contexto daquela época.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *