Confira o que foi destaque no terceiro dia do Enecult

A Agenda está fazendo uma cobertura completa da 17° edição do evento

 

Por Maysa Polcri e Ruan Amorim

 

O Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura continua a todo vapor. Sob o tema “A cultura na encruzilhada”, a 17° edição do Enecult envolve pesquisadores de todo país, de maneira online, e vem promovendo debates essenciais e atuais sobre o momento em que estamos vivendo. Confira quais foram os destaques do terceiro dia do encontro, que está sendo transmitido pelo YouTube, abaixo.

 

Comunicação Estratégica, Marca e Organizações

“Nossa mesa tem como elementos de conexão entre os trabalhos a comunicação estratégica ou a comunicação organizacional e, além disso, a marca será apresentada em suas diversas formas”, afirmou o professor André Bomfim (UFOB). Sob coordenação do professor, a mesa proposta pelo grupo de pesquisa Logos, contou com a apresentação de trabalhos que dissertaram sobre marca lugar, comunicação e participação popular democrática.

O primeiro trabalho apresentado foi o Marketing de Lugares e Marketing Digital: Instagram como uma Ferramenta de Promoção do Turismo, de autoria de Brenda Melo (PósCult). A pesquisadora elaborou um estudo de caso sobre a comunicação da prefeitura da cidade de Ilhéus com o objetivo de analisar o uso das tecnologias no campo turístico. Já Lea Botelho (PósCult), apresentou seu trabalho Participação Democrática na Gestão da Cultura: Entre o Discurso e a Prática, no qual compara discursos de posse de presidentes da república com o que é feito na prática pelo Conselho Nacional de Política Cultural.

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O terceiro trabalho exposto na mesa foi o de Giovana Soares (UFBA), Protagonismo da Sociedade Civil na Mobilização Social para a Preservação dos Galpões do IBC como Espaço de Uso Coletivo na Cidade. Em sua pesquisa, foi analisada a comunicação na consolidação de instrumentos de convocação, tendo como foco o estudo de caso realizado em um bairro de Vitória, capital do Espírito Santo. Por último, o professor André Bomfim apresentou sua pesquisa, A Recepção da Publicidade em Redes Sociais Digitais: Uma Proposta de Perfis Netnográficos, na qual propõe a construção de um diálogo mais franco entre marcas e receptores. Após as apresentações, houve um momento para conversa e participação dos ouvintes.

 

Redes de Culturas das Instituições Públicas de Ensino Superior: Fóruns e Políticas Culturais

A importância do trabalho em rede para o fortalecimento das políticas culturais e projetos institucionais ganhou destaque na segunda mesa do dia.  Com a apresentação de trabalhos que pautam os antecedentes que levaram à criação, em 2017, do Fórum de Gestão Cultural das Instituições Públicas de Ensino Superior, o Forcult, o diálogo trouxe à tona a pertinência da articulação que data importantes mudanças no setor acadêmico nacional.

“Recentemente, a gente pode dizer que ganhou impulso o trabalho em rede das instituições de ensino superior públicas brasileiras para discutir a implementação de suas políticas culturais. Não só para isso, mas também para partilhar as experiências institucionais  específicas de cada um de nós e também articular programas, projetos e ações conjuntas”, explica o mediador do debate Fernando Mencarelli.

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A ação contou com a presença dos pesquisadores Fábio Cerqueira e Carmen Lucia Arruda, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e de Flávia Cruvinel, da Universidade Federal de Goiás (UFGO). Os profissionais apresentaram artigos e fomentaram a discussão em questão.

Cerqueira analisou o desenvolvimento das políticas culturais nas instituições brasileiras. Arruda, por sua vez, relatou sua experiência vivenciada na Unicamp e o processo de construção desse tipo de política na instituição. Além disso, Cruvinel abordou em sua apresentação os marcos das propostas culturais no Brasil.

 

Escutar, Contar e Desenhar: Histórias e Experiências de Pesquisa na Educação da Infância

A terceira mesa coordenada do dia 29 de julho foi proposta pelo Grupo de Pesquisa e Estudos em Leitura e Contação de Histórias (GPELCH), vinculado ao Departamento de Educação da UNEB. Sob a coordenação da professora Rosemary de Oliveira, foram apresentados três trabalhos que possuem como fundamento a escuta e o protagonismo infantil.

Ângela Reol (GPELCH) apresentou Criança, Voz e Vez: O lugar da Escuta na Prática Pedagógica da Educação Infantil, no qual reforça a importância do olhar dos professores de forma que prevaleça o protagonismo infantil. Jainê Ribeiro (GPELCH) compartilhou os resultados parciais do seu trabalho Escutar, Contar e Desenhar: Histórias de Experiências de Pesquisas na Educação da Infância em Tempos Remotos. Nele, Jainê disserta sobre como conhecer os sentidos produzidos pelas crianças na representação de seus desenhos e como adaptar esse trabalho ao universo online, devido à pandemia.

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Já Niclecia Gama (GPELCH) foi a última a expor sua pesquisa Não é um Feijão Qualquer, é um Feijão Mágico: A Leitura e a Contação de Histórias como Possibilidades para o Enleituramento de Bebês e Crianças Bem Pequenas, que tem como objeto de estudo o ato da leitura para bebês e como eles produzem significados a partir das histórias contadas. Como já é de praxe no Enecult, após as apresentações houve um momento para perguntas e as pesquisadoras relataram sobre as adaptações de suas pesquisas no contexto da pandemia.

 

O Drama Vive: Urgências, Ambiguidades e Dinâmicas Comunicacionais da (e na) Dramaturgia Contemporânea

Os pontos de intercessão na relação entre a comunicação e o teatro fundamentaram os debates da mesa. Sob a coordenação do professor da UFRN, Breno Carvalho, a mesa suscitou debates que entrelaçam as duas áreas de conhecimento: “Fazer essa ponte entre áreas interdisciplinares é muito proveitoso, principalmente nesse momento em que as estruturas incendeiam”, afirmou.

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Um dos convidados da mesa foi Celso Oliveira Jr. (UFRB), que apresentou sua tese Escrita Teatral Contemporânea: Um Memorial da Oficina realizada para a Universidade Livre do Teatro Vila Velha, em que defende que, através do estudo da história e da teoria da dramaturgia, é possível engajar pessoas a escreverem para o teatro. Já o professor da Escola de Teatro da UFBA, Luiz Marfuz, com a apresentação de seu trabalho Drama, Notícia e Acontecimento no Telejornal, propôs que quanto mais estratégias dramáticas forem usadas no texto jornalístico, maior será o interesse do público. Para fechar, Breno Carvalho apresentou sua pesquisa, na qual relaciona a escrita da publicidade e a dramaturgia como estratégia, Esboço de uma Dramaturgia Publicitária.

 

Projetos Culturais e a Agenda 2030 – Relatos de Experiência no Brasil no Ano de 2020

A Agenda 2030 é um contrato social mundial que aborda várias dimensões do desenvolvimento (social, econômico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e instituições eficazes. A mesa coordenada por Manuel Gama, pesquisador do Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura (POLOBS), se propôs a identificar, caracterizar e mapear projetos culturais desenvolvidos com o enquadramento da Agenda 2030 realizados no Brasil.

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Um dos trabalhos apresentados foi: Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e os Desafio de Implementação no Setor Cultural Brasileiro, do pesquisador João Roque (CELACC – USP). Além dele, Carlos Lima e Fernanda Pinheiro compartilharam as experiências do Paço do Frevo, um centro de referência em salvaguarda do frevo, que estão de acordo com a Agenda 2030. Já Patrícia Dorneles (UFRJ), falou sobre a importância de uma cultura mais acessível no contexto da agenda mundial: “A Agenda 2030 se preocupa com as pessoas com deficiência e convoca uma atenção maior, porque não tem como pensar num mundo sustentável sem pensar em retirar as pessoas da pobreza”. De acordo com dados da Agenda 2030, 80% desta população vive na pobreza. Por último, Aline Portilho (IFF/UENF) e Simonne Teixeira (UENF), apresentaram a pesquisa Cultura e Desenvolvimento (POLOBS): A Experiência no Rio de Janeiro, que disserta sobre os desafios para a realização de ações culturais diante da pandemia no estado.

 

Cultura e ciência de dados

O que encerrou o terceiro dia do Enecult foi o lançamento do livro “Cultura e ciência de dados’’, organizado pelos professores da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Renata Rocha e Leonardo Costa. A obra traz uma reflexão sobre as relações entre a ciência de dados e o campo da cultura, com ênfase na área das políticas culturais.

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“Na análise, podemos perceber a importância da Bahia nos estudos de políticas culturais, em especial, quando a gente se concentra nas pessoas que indexam políticas culturais”, explica Rocha.

A mesa contou com a presença dos pesquisadores Lia Calabre, da Universidade Federal Fluminense (UFF); Leonardo F. Nascimento, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Mayra Juruá, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A discussão pautou agendas de pesquisa, temáticas proeminentes, desafios e perspectivas teórico-metodológicas, considerando os artigos que compõem o livro.

O livro já está disponível no repositório institucional UFBA e, em breve, será vendido na Estante Virtual e na Amazon.

Na sexta (30), será o último dia do Enecult, com mesas sobre protagonismo negro, comunidades tradicionais, produção cultural universitária, dentre outros temas. O evento acontece na plataforma do Youtube.

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