Segundo dia do Enecult trouxe discussões sobre políticas públicas, tecnologia e ciência

O dia contou com participação de pesquisadores de diferentes países.

Por Inara Almeida e Laisa Gama

 

“A cultura tem a vocação de manter o aluno interessado no seu próprio desenvolvimento”, afirmou a palestrante Jaqueline Reis Vasconcelos, do Instituto Arte na Escola, durante o segundo dia do Enecult (28). Temas como gestão pública cultural e políticas nesse meio foram abordadas. Pela manhã, outros convidados foram Jacson do Espírito Santo (SECULT-BA); Jadson Levi Lima (SJDHDS-BA), como também Albino Rubim (UFBA), Eduardo Nivón (UAM-México), e Rubens Bayardo (IDAES, UNSAM, Argentina). A transmissão ao vivo foi feita através do canal do YouTube do encontro.

A palestrante Jaqueline, durante a mesa “Ebós para uma gestão pública da cultura”,  trouxe em pauta projetos culturais como um espaço de produção de conhecimento e descentralização da cultura, como  o “Escolas Culturais”. Esse projeto v para contribuir na diminuição da evasão escolar nas instituições presentes no projeto. “A partir das produções artísticas em sala, o aluno irá conversar com a comunidade, conhecendo o seu entorno e a cultura de seu meio”, explicou ela sobre os objetivos por trás desse corpo articular, como propõe que seja chamado, por articular diversos segmentos, tais como Justiça e Educação.

 

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O palestrante Jadson também abordou o projeto Escolas Culturais pontuando o papel das secretarias estaduais no processo de construção do movimento promovido pelo Governo da Bahia. Além desse projeto, o Centro de Formação em Artes, política afirmativa do Governo do Estado, através da Fundação Cultural, foi abordado por Jackson do Espírito Santo.

 

Políticas públicas e direitos na esfera cultural

Na segunda mesa do dia, “Dilemas das políticas culturais na atualidade latino-americana”,  discussões acerca da politização cultural e do cenário em meio a pandemia. O professor Albino Rubim, por sua vez, trouxe uma reflexão acerca do quadro brasileiro na pandemia descontrolada e o “pandemônio” perceptível através da gestão caótica nesse período.  “Nós estamos vivendo atualmente um relativo aumento da politização no campo cultural”. Albino ainda ressalta o fato de que existem diversos segmentos culturais e, com isso, eles terão diferentes níveis de politização.

 

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Além dele, Rubens Bayardo trouxe a perspectiva da Argentina sobre a cultura e as políticas na área durante a pandemia. Segundo ele, o início desse período coincidiu com um novo ciclo político no país, o qual impactou na cultura. Já o professor Eduardo Nivón deu a perspectiva do México quanto às crises políticas que o país atualmente enfrenta, sendo responsável também p muitas das crises do campo cultural do país.

No turno da tarde, com início às 14h, a mesa “Poéticas de um Ano de Confinamento” contou com a presença de quatro artistas, S Duarte (UFBA), Luiz Thomas Conceição (UFBA), Marcela Trevisan (UFBA) e Ivani Santana (UFBA), integrantes do grupo de pesquisa “Poéticas Tecnológicas: corpoaudiovisual” e suas respectivas pesquisas: “Para parar: 8 movimentos para desacelerar”, “Profanando o corpatriarcado: novos usos para um corpo normativo e normatizado”, “Filhas ilegítimas da tecnologia digital” e “Dramaturgia de Imersão. Mergulho pelas entranhas dos meios digitais”. Através do termo “ConferenciAção”, criado pela professora Ivani, as pesquisas foram apresentadas em caráter performático.

Juntos, os artistas propuseram uma reflexão a respeito do aprofundamento de seus processos artísticos nas redes, as mudanças inerentes ao isolamento social em suas produções. “Vamos buscar refletir sobre os modos com que os nossos corpos vivenciaram e têm vivenciado as condições impostas e, principalmente, como está sendo possível a criação de estratégias para resistir à separação corpo-mundo exigida nesse contexto de pandemia”, disse Sarah.

 

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A mesa seguinte, de nome “Transversalidades nas Políticas Culturais”, abordou a diversidade e os direitos na cultura. Luiz Fernando Rodrigues (UFF), coordenador da mesa, foi o primeiro a apresentar a sua pesquisa: “Cultura e Território: rumo necessários à capilarização das políticas”, que tem como objeto a cidade de Niterói. “É necessário pensar políticas públicas que, ao se capilarizar territorialmente, consiga empoderar e dar voz ao sujeito social de forma mais ampla”, disse. Em seguida, Lia Calabre (FCRB/UFF) apresentou a pesquisa que desenvolveu em conjunto com Deborah Lima (UFRJ): “Cultura e participação social: o caso do conselho nacional de políticas culturais”.

Na mesa “As representações, identidades socioculturais, artísticas e de papéis de gênero no Hip Hop”, com Marcelo Correia (UFF), foi apresentada a pesquisa “Cultura e gênero: perspectivas e representações identitárias nas batalhas de rima”. Para fechar, Ana Lúcia Prado (UFF) falou sobre as condições de trabalho no setor cultural através de sua pesquisa intitulada “Cultura e trabalho: precarização e ausência de políticas públicas”, em que ela entrevistou uma série de profissionais da cultura, em segmentos diversos.

 

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Mudanças socioculturais e emergência cultural

A última mesa da noite, “A institucionalidade da Cultura e as Mudanças Socioculturais”,  contemplou as transformações acerca da esfera cultural e da comunicação na contemporaneidade. Para ela, foi convidado o titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência,  Néstor Canclini (UAM-México), apresentando o Caderno de Pesquisa da instituição, com o mesmo título da mesa. Em suas falas, ele buscou apresentar resultados parciais da pesquisa em andamento, as suas dificuldades e detalhes sobre o início do projeto.

Além dele, houve a participação dos  pós-doutorandos Sharine Machado (IEA-USP),  Juan Brizuela (IEA-USP) e Liliana Souza e Silva (IEA-USP). Sharine apresentou sua pesquisa “Poetas em tempos de penúria”, a qual investiga a articulação em rede de artistas e profissionais da cultura na elaboração de políticas públicas para o setor. “O setor artístico-cultural foi um dos mais atingidos pela pandemia de covid-19”, disse ela a respeito de alguns dados utilizados na pesquisa.

Houve ainda a apresentação de Juan Bezerra, tratando a respeito de instituições latino-americanas que estão em emergência cultural: “Acho que um pouco do que está acontecendo na América Latina, não apenas com as instituições culturais, mas também em um sentido mais amplo, tem a ver tanto com a emergência quanto com o emergente”. Já Liliana Souza apresentou alguns projetos conduzidos pela instituição como o “Redes Globais de Jovens Pesquisadores” e “Líderes na Arte, Cultura e Ciência”.

A XVII edição do Enecult segue até amanhã, dia 30 de julho. Para mais informações, basta acessar a página do evento: http://www.cult.ufba.br/enecult/.

 

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