Qual expectativa dos estudantes para o semestre suplementar da UFBA?

Alguns universitários vão aderir a essa volta para adiantarem sua formação, outros estão em dúvida

Por Laiz Menezes*

Após a aprovação do semestre suplementar na Ufba em 2020, foi divulgado pelo Conselho Universitário que as aulas não presenciais irão começar no dia 8 de setembro e terminar em dezembro, no dia 18. A adesão por parte dos estudantes é facultativa, bem como o trancamento, já que nem todos têm o equipamento e espaço necessário para estudar.  A Agenda conversou com alunos para entender qual a expectativa deles com essa retomada parcial. Alguns universitários vão aderir a essa volta para adiantarem sua formação, outros estão em dúvida se irão conseguir manter uma boa saúde mental no meio da pandemia e, ao mesmo tempo, conseguir acompanhar as atividades onlines.

O semestre suplementar foi uma alternativa encontrada para que a Ufba não ficasse parada e, ao mesmo tempo, todos pudessem fazer suas atividades dentro de casa, não correndo o risco de ter que se expor ao coronavírus. Para não prejudicar nenhum estudante durante a pandemia, já que nem todos poderão aderir às aulas virtuais, a universidade garante que só constarão no histórico escolar as matérias que o universitário for aprovado, as quais não serão consideradas no coeficiente de rendimento (CR). Além disso, qualquer aluno poderá trancar o curso durante o período online.

O estudante de Direito, Pedro Franklin, 21, espera que essa volta seja produtiva, eficiente e uma forma de lidar melhor com o isolamento social. Mas, por outro lado, ele ainda fica receoso com o contato de alguns professores com as plataformas digitais. O aluno conta ainda que decidiu fazer o semestre suplementar para acabar com a sensação de vida acadêmica estagnada e pela possibilidade de dar continuidade aos seus estudos. “Não dá para perder um ano inteiro de faculdade. Eu não tenho um lugar exclusivo e individual para estudar, mas como alguns ajustes e diálogo com minha família, é possível criar um ambiente agradável para isso”, afirma.

Pedro acredita que as aulas virtuais podem ajudá-lo, mas isso vai depender um pouco dos professores e do colegiado do seu curso. “Eu ainda estou no primeiro semestre e quase toda a grade de Direito se baseia em pré-requisitos. São pouquíssimas matérias que eu posso pegar agora nesse momento e, se essas não forem ofertadas, eu não terei muito o que aproveitar no semestre e irei atrasar ainda mais a minha formação”.

Formada em 2019.2 no Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, a estudante Fernanda Ramos, 22, tinha começado o seu curso de Direito quando a pandemia a fez parar. Ela afirma estar bem ansiosa para essa volta, já que faz muito tempo que a universidade está parada. 

“Eu acho que estou com o mesmo sentimento que todo mundo: a vontade de retomar o curso e poder voltar a estudar. E, por mais que não seja um semestre normal, eu penso que já traz um certo conforto podermos dar continuidade as nossas aulas, mesmo que virtualmente. Espero de verdade poder dar o meu melhor, mesmo que em um contexto completamente atípico dentro de casa”, conta. 

Ramos decidiu fazer as atividades suplementares porque se sente na responsabilidade de fazer valer seu lugar na universidade, mas também por não querer atrasar mais sua vida acadêmica. “Já ficamos muito tempo parados, então quero muito poder recuperar de alguma forma esse tempo que foi perdido”. Ela acredita que não será muito parecido com o semestre presencial, mas que com esforço da comunidade acadêmica, como professores e alunos, haverá aprendizado também.

A universitária acredita que poderá aprender muito com as novas matérias, já que ela era do B.I em Humanidades. Além de que esse semestre vai fazer com que ela tenha uma rotina mais estabelecida, já que será necessário organizar novamente seus horários para estudo, que estavam completamente bagunçados, em função da quarentena. 

Saúde mental e o semestre suplementar
Ao pensar nas pessoas que estão muito abaladas psicologicamente devido a pandemia, a estudante de produção cultural, Kizzy Lumumba, 23, tem medo dessa volta online não ser tranquila para todos. Ela encara o semestre suplementar como um desafio e ainda está na dúvida se vai ou não aderir às atividades virtuais. “Não sei se vou ter condições psicológicas para cuidar de mim, da minha saúde mental e do meu estudo”, afirma.

“Eu não tenho um lugar tranquilo para estudar porque não moro sozinha e minha casa é uma kitnet, provavelmente estudaria na cama. Eu tenho o equipamento, que é o notebook, mas não tenho um ambiente como o da sala de aula, com uma mesa, por exemplo. Eu fiquei mais segura em saber que podemos trancar a qualquer momento e, que, melhor ainda, eu posso sair sem nenhuma consequência grave para o meu coeficiente de rendimento. Acredito que essas aulas poderão adiantar o nosso lado. E, principalmente, a melhor parte é que não somos obrigados a aderir, então quem não puder ou não quiser, não precisa fazer”, explica a aluna.

A estudante de Medicina Veterinária, Fernanda Araújo, 23, conta que sua expectativa é adiantar algumas disciplinas do seu curso para fazer com que o período de isolamento não seja tão desperdiçado. “Acredito que as aulas virtuais irão me ajudar a me formar mais cedo, já que a universidade é cansativa. Além de se tornar uma obrigação de isolamento, me fazendo voltar a pegar ritmo de estudos e focar em outras coisas além de minha própria vida e meus problemas pessoais. Passei por uma situação no início da quarentena que me desestabilizou um pouco e me acomodei, então, essas atividades seriam como uma válvula de escape para me fazer pensar em outras questões importantes para mim”, explica.

Confira como vai funcionar o semestre suplementar, conforme resolução divulgada pela Reitoria:

1º A definição do calendário acadêmico referida no caput deste artigo considerará o oferecimento das condições de acesso dos estudantes às atividades não presenciais, particularmente daqueles em situação de vulnerabilidade social.

2º Os componentes curriculares cursados serão automaticamente aproveitados para efeito de integralização curricular, independentemente de estarem previstos na modalidade a distância pelo projeto pedagógico do curso, respeitando-se o limite de 20% da carga horária total do curso, no caso dos cursos de graduação.

3º Em caráter excepcional, os Departamentos poderão criar disciplinas ou atividades para oferecimento no semestre suplementar, sempre que a transposição de componentes curriculares para o ambiente virtual assim o exigir.

4º As disciplinas e atividades extracurriculares poderão ser aproveitadas para efeito de integralização curricular, mediante solicitação do estudante, a critério do Colegiado do Curso.

5º As avaliações de aprendizagem serão feitas de forma não presencial.

6º A carga horária total dos componentes curriculares em que o discente se inscrever não poderá ultrapassar o limite de 204 horas para os alunos de cursos de pós-graduação e de 340 horas para os alunos de cursos de graduação, exceto quando se tratar de provável concluinte
no semestre 2020-1 ou de situações extraordinárias, a critério do Colegiado do Programa/Curso.

7º O semestre letivo suplementar não contará para o tempo máximo de integralização dos cursos da Universidade.

8º A não inscrição do discente em componentes e atividades complementares de ensino, de pesquisa e de extensão não ensejará qualquer penalidade.

9º Somente constarão do histórico escolar do estudante os componentes curriculares em que ele for aprovado no semestre suplementar, os quais não serão considerados para o cômputo do coeficiente de rendimento.

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