Exposição CORSET discute padronização corporal

Evento acontece na Galeria Cañizares até o dia 04 de março

Por Beatriz Bulhões

Acontece até o dia 01 de março, na Galeria Cañizares, a exposição CORSET – Uma Poética com o Couro em Metamorfose, da artista visual Liege Galvão. Para compor suas obras, Liege utiliza do couro de bode para representar o corpo humano: o “couro” humano, com todas as suas imperfeições e durezas. A mostra conta com peças de couro moldadas em seu próprio corpo, como mãos e pernas, e resultou de pesquisa realizada por Galvão em seu  Mestrado em Artes Visuais  do PPGAV-EBA, com orientação e curadoria da Profa. Dra. Viga Gordilho.

Foto: Flávia Lima
Foto: Flávia Lima

Seus experimentos questionam a homogeneização corporal, utilizando-se do couro, que é duro e rugoso. É uma forma de pensar a transitoriedade carnal que marca, enruga, amassa,franze, enferruja, dobra e indicia que o tempo afeta a todos. Ela critica sutilmente as formas de intervenção atuais, como cirurgias plásticas, que procuram esconder as marcas da pele humana. “A exterioridade apresenta as tramas da matéria, inerente à corporeidade da existência do ser, que subitamente possui seus estigmas. Minha antropomorfia questiona este corpo que se transmuta e, como sujeito inquieto do tempo-agora, entra em confronto com a inevitável decrepitude corpórea”, explica a artista.

Liege conta, não só a historia do corpo, mas sua própria historia: tudo tem um pouco dela, a moça baixinha e magrinha que não via seu corpo representado nas revistas. Enquanto a maior parte das obras reflete partes do corpo, uma destoa: a obra Corset I, que mostra duas asas. Sua intenção é demonstrar um corpo e mentes libertos de padrões, aceitando suas rugas e dobras.

Foto: Flávia Lima
Foto: Flávia Lima

Para conseguir moldar o couro, a artista fez uma pesquisa com artesões da Barroquinha, bairro famoso por vender bolsas, sandálias e outros artigos desse mesmo material. Utilizou-se do couro de bode e seu corpo como molde, aliando-se a peças de ferro, que trazem a ferrugem como metáfora a corrosão do tempo, e pérolas, em alusão à preciosidade do corpo feminino.

Fotos,  filmagem e edição de vídeo: Flávia Lima 

 

Serviço

Exposição CORSET
Quando? Até 01/03 – Segunda a sexta-feira  das 9h às 18h
Onde? Galeria Cañizares

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