Educação contra a barbárie: ato na UFBA expõe situação das universidades

Redução orçamentária na UFBA e de demais instituições públicas foi foco

Por Laisa Gama

“Por que ao invés de atacar o vírus, atacam a universidade pública?”. Esse foi um dos questionamentos levantados por alguns convidados participantes da abertura do ato público nacional  promovido pela UFBA em defesa das universidades públicas perante os cortes no orçamento, dificultando o pleno funcionamento das instituições em meio à crise sanitária. O evento teve início às 9h desta terça-feira (18) no canal do Youtube da TV UFBA.

Além da presença do reitor da UFBA, João Carlos Salles, e do vice-reitor Paulo Miguez, estavam presentes Nelson Amaral, professor na Universidade Federal de Goiás (UFG) e Eduardo Mota, pró-reitor de planejamento e orçamento na UFBA (PROPLAN), que trouxeram uma análise da situação das universidades atualmente. Além deles, houve ainda Luiz Davidovich, da Academia Brasileira de Ciências, e Gulnar Azevedo e Silva, presidente da ABRASCO. 

“Muitos atos são possíveis, todos são necessários”. A fala do reitor da UFBA na abertura remeteu ao objetivo do evento e à vontade de dar voz a essas instituições nacionais, representando as diversas regiões em um momento tão desafiador ao ensino público brasileiro. São cerca de 3,5 bilhões de reais a menos destinados a esse contingente universitário. 

O professor Nelson Amaral afirmou que a situação é muito delicada para conseguir chegar até o fim do ano.  “A permanência durante algum tempo desse perfil de investimento vai levar a um sucateamento geral”, explicou ele. 

Durante a apresentação dos recursos orçamentários das 69 universidades públicas, o professor expôs o fato de que o valor aplicado por alunos de 2021 é menor que o orçamento de 2005. Esse processo de desmonte, em sua visão, irá deteriorar as instituições. “Espero que seja possível reverter esse quadro rapidamente,  que a sociedade dê um basta e que este ato seja um provocador disso”, concluiu Nelson.

A situação específica da UFBA nesse processo foi detalhada pelo pró-reitor Eduardo Mota. Segundo ele, houve uma gradativa redução nas despesas de manutenção da universidade de 2016 até o ano de 2021, mas que  foi maior ainda entre os anos de 2019 a 2021. O corte orçamentário deste ano teve um impacto muito forte nos setores de assistência estudantil e no fomento de pesquisa e extensão. “Atingiu justamente uma área que já era defasada no custeio de atividades de produção. Há uma quebra no processo de inclusão estudantil”, explicou Eduardo.

Além deles, Luiz Davidovich e Gulnar Azevedo e Silva contaram a respeito do quadro sanitário e da ciência no país que vem sofrendo pelas medidas tomadas ao longo desse período de pandemia. “A educação e a saúde são direitos conquistados em nossa Constituição em dever do Estado. O que estamos assistindo é o desfinanciamento dessas áreas e o desmonte de políticas que já se mostraram muito exitosas para diminuir a desigualdade no nosso país”, falou Gulnar.

O ato foi realizado com o apoio da Associação de Professores da Bahia (APUB) , do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (ASSUFBA)  e do Diretório Central dos Estudantes da UFBA (DCE). A organização do evento, feita através de uma divisão em seis blocos, contou com a participação de reitores e pesquisadores de outras universidades. Houve discussões a respeito da autonomia e liberdade universitária, ações afirmativas, assistência estudantil e da situação das universidades públicas na Bahia.

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