#Enecult: Minicurso na UFBA capacita sobre plataformas de financiamento coletivo

Workshop discutiu alternativas de captação de recursos para projetos culturais e artísticos

Por Ícaro Lima

Em um cenário incerto sobre o futuro dos recursos para financiamentos de projetos de arte e cultura no Brasil, a 15ª edição do Encontros de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult) ofereceu ao público o minicurso “Financiamento coletivo – Benfeitoria”, realizado na última quinta-feira (1), no campus de Ondina da UFBA.

O minicurso foi coordenado pelo professor da UFBA Adriano Sampaio, que apresentou os pontos positivos do financiamento coletivo e como ele pode ser a saída para realizadores conseguirem captar recursos para suas ideias. 

Logo depois, a gerente de projetos da plataforma da Benfeitoria e produtora cultural Larissa Novais propôs aos alunos que pensassem em uma iniciativa na qual pudessem captar recursos. A ideia seria a base para a segunda parte do encontro, reservado para um workshop de como elaborar um projeto para uma plataforma de financiamento coletivo.

Na primeira parte foi dedicada para uma apresentação sobre o que é financiamento coletivo e como funciona a Benfeitoria, plataforma que existe desde 2011 e já realizou mais de 2.300 projetos, com 300.000 pessoas que já contribuíram e 41 milhões de reais arrecadados. Tudo isso com uma taxa de sucesso 70% da realização.

Depois, os participantes foram estimulados a criar uma narrativa para apresentar a ideia que foi compartilhada inicialmente, com um formato para que pudesse ser cadastrado na Benfeitoria. Foram apresentadas táticas de comunicação escrita e audiovisual, sempre com comentários e sugestões da monitora.

“O que é” financiamento coletivo?
Larissa explicou que a ideia de financiamento coletivo difere de um conceito ainda compartilhado entre muitas pessoas de que seria apenas um meio de arrecadação de dinheiro: “O financiamento coletivo não é só uma vaquinha, não é só ‘passar o chapéu’. É o poder de disseminar uma ideia, fazer as pessoas falarem sobre o projeto, fazer a ideia rodar”, disse.

Segundo Larissa, um ponto positivo dessa modalidade é o baixo risco de perda de dinheiro investido, pois caso o projeto colocado na plataforma não atinja a meta, todos os que contribuíram recebem seu dinheiro de volta. 

Ela mostra exemplos de projetos de todo o Brasil, e que possuem diversos objetivos, como uma casa de acolhimento a jovens LGBT em São Paulo, a Casa1, e um coletivo de teatro do Rio de Janeiro, o Teatro da Laje.

Larissa explicou que os projetos não precisam necessariamente “nascer” na plataforma. Ou seja, empreendimentos e iniciativas que já existam também podem ser cadastrados para abrir novos horizontes para otimizar seus negócios.  

Ela destacou também que o ponto essencial para um campanha funcionar bem é como ela é apresentada ao público, em relação aos seus vídeos, textos e projeto gráfico, por exemplo. 

“Uma campanha com uma comunicação bem feita tem um poder muito maior”, salientou.

Oportunidade de aprendizado
Estudantes e profissionais das área de produção cultural de todo o Brasil puderam conhecer os detalhes do funcionamento dessa forma de obtenção de fundos para realizações sociais, artísticas, educacionais e culturais. 

Foi o caso do estudante de produção cultural da UFRJ, e que também veio apresentar trabalho no Enecult, Junior Capelloni, 22. “Este minicurso está sendo uma experiência muito boa porque eu estou conseguindo ter um outro olhar sobre as plataformas de financiamento coletivo e [também] na questão de instrumentalização, que é quando a gente não tem muito conhecimento das ferramentas a acaba não usando da maneira mais efetiva. Então é completamente diferente entender a instrumentalização para fazer o melhor uso”, disse.

Junior veio acompanhado de sua colega de sala Aryelle Christiane, 21. “Está sendo uma experiência fantástica, até como forma de ampliar os olhares para os próprios projetos, porque a gente às vezes está pensando num projeto, como viabilizar, e enquanto ela vai falando as coisas, vou pensando: ‘Caramba! Esse projeto eu poderia traçar de uma tal forma, conseguir um financiamento desse jeito’”, contou.

Após o final do evento, a Agenda Arte e Cultura conversou com Larissa Novais sobre a importância da realização de um encontro educativo como esse. “Eu sou cria da UFBA, trabalho na Benfeitoria há cinco anos e eu sempre falo da importância do financiamento coletivo dentro do ambiente acadêmico e para a produção cultural. Então pra mim é uma alegria muito grande estar aqui fazendo isso porque a gente vê que tem muitos projetos, que tem muito gente interessada, então porque não apresentar essa nova forma de fazer?”, comentou.

 Para Larissa, ainda há muito a ser conquistado em relação à difusão dessa prática: “Acho que ainda tem muito caminho pela frente, mas isso daqui é um começo, e um começo muito importante do que está para vir, principalmente nesse momento que a gente precisa de formas alternativas para financiar cultura”, disse.

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