Escola de Administração da UFBA recebe primeira iniciativa de endowment do Nordeste

Com a criação de um fundo de doações e programa de mentoria, que será lançado ainda este ano, ex-alunos da faculdade pretendem aproximar os egressos do seu lugar de formação.

 

Por Maysa Polcri

 

A primeira iniciativa de endowment do Nordeste pode abrir caminho para que outras surjam, de acordo com a presidente do Conecta EAUFBA. (Foto: Divulgação)
A primeira iniciativa de endowment do Nordeste pode abrir caminho para que outras surjam, de acordo com a presidente do Conecta EAUFBA. (Foto: Divulgação)

 

 

Fundos de doações não são novidades em instituições de ensino espalhadas pelo mundo. Cerca de 40% dos orçamentos de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, por exemplo, são provenientes dos chamados endowments funds, doações feitas por ex-alunos e empresários, cujos rendimentos podem ser investidos em pesquisa, infraestrutura e bolsas de estudo. No Brasil, contudo, a cultura de doações ainda caminha a passos lentos.

Somente em 2019, foi estabelecida uma lei que regulamentou a criação dos fundo patrimoniais e, ao longo desses três anos, algumas iniciativas, como a Amigos da Poli, da Universidade de São Paulo, deslancharam. Agora, finalmente, um fundo de endowment começa a ganhar corpo no Nordeste, graças a um grupo de egressos da Escola de Administração da UFBA, responsáveis pela criação do Conecta EAUFBA. O projeto se propõe a ser uma espécie de catalisador de networking e prevê três vias de participação: membro, doador ou mentor.

Conexão

Luciana Ferreira se formou na Escola de Administração da UFBA em 2013 e, de lá para cá, tem traçado sua carreira em torno de áreas relacionadas a investimentos e tecnologias. A ideia de criar um endowment na faculdade em que começou a traçar seu caminho na administração, surgiu quando Luciana se deparou com a cultura de doações que existe fora do país.

Ao cursar um MBA na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, a atual gerente da plataforma Íon, do Itaú, pensou que poderia fazer algo em retribuição aos conhecimentos adquiridos na época da graduação. “Ao ver essa cultura que existe lá fora, me surgiu uma pontinha de vontade, ajudar de alguma forma a universidade foi algo que eu sempre quis fazer”. Entre a ponte aérea de São Paulo, onde mora, e Salvador, onde tem passado períodos da pandemia, Luciana começou a contatar colegas da EAUFBA e o Conecta começou a se tornar realidade.

Foi quando a rede de ex-alunos, até então informal, se transformou em uma associação privada civil sem fins lucrativos de apoio à Escola de Administração. “O que une essas pessoas é majoritariamente o alicerce afetivo que eles possuem pela universidade”, afirma João Tude, atual diretor da EAUFBA. Apesar de o Conecta ser voltado exclusivamente para ajudar a faculdade, a rede é independente, ou seja, não possui vínculos formais com a UFBA. Possui CNPJ próprio e funciona como uma espécie de empresa. No momento, a equipe de sete pessoas está terminando a parte mais burocrática para lançar o fundo e começar a receber doações. 

 

A equipe do Conecta conta com egressos formados em anos diferentes (Foto: Divulgação/Montagem)
A equipe do Conecta conta com egressos formados em anos diferentes (Foto: Divulgação/Montagem)

 

Tempo é dinheiro

Além do endowment, que é o fundo de doações, outra forma de colaborar com a rede de ex-alunos é doando tempo. Entre os meses de setembro e dezembro deste ano, acontecerá a primeira mentoria do Conecta. Uma vez por mês, alunos a partir do 5° semestre de administração terão encontros de orientação e trocas de experiências com egressos da faculdade. O objetivo da mentoria é aproximar os alunos da Escola de Administração do mercado de trabalho, algo que Luciana Ferreira, presidente do Conecta, sentia falta durante seu período de graduação.

O estudante do quarto semestre Daniel Fabbian, ficou sabendo da iniciativa dos ex-alunos quando a equipe procurou a Empresa Jr., da qual ele é diretor financeiro desde janeiro, para contratar a gestão das redes digitais do Conecta. Desde então, estudantes e egressos estão trabalhando juntos. “A minha expectativa para o Conecta é, com certeza, que aumente a participação do viés empreendedor dentro da EAUFBA. O projeto estimula os alunos a quererem saber mais da história de pessoas que passaram por nossa faculdade”, afirma o estudante.

Entre os dias 12 e 14 de julho, o Conecta lançou seu projeto de forma virtual e superou as expectativas da própria equipe: “Foram mais de 700 pessoas inscritas, sendo que não tínhamos nenhuma experiência com eventos. Tivemos painéis que contaram com a participação de ex-alunos muito reconhecidos”. Entre eles, o empresário do Grupo ABC de Comunicações, Nizan Guanaes, Mário Kertész e a vice-prefeita de Salvador Ana Paula Matos.

“Apesar de ainda não termos essa cultura de retribuição à faculdade, essa aproximação entre universidade e sociedade é fundamental. A Escola de Administração possui ex-alunos que hoje são gestores de empresas muito importantes, como Google e Amazon”, afirma o diretor João Tude.

Para ter mais informações sobre o fundo de doações, programa de mentoria e quem serão os mentores, acesse o site do Conecta EAUFBA ou acompanhe as redes sociais do programa @conectaeaufba.

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