Mesa na UFBA discute a importância da saúde mental na universidade

Encontro promovido pelo PET-IHAC reuniu relatos de psicólogas e estudantes

Por Ícaro Lima

“De que maneira lidar com a frustração na universidade?” Essa foi apenas a primeira das sete perguntas que guiou um encontro feito para discutir a situação psicológica dos estudantes de nível superior de todo o Brasil, principalmente em Salvador.

Todas as outras questões foram respondidas e debatidas ao longo de duas horas na mesa “Saúde mental também importa!”, que aconteceu no último dia 18, na UFBA, no auditório do PAF V, do campus de Ondina. O encontro reuniu diversos estudantes, professores e pesquisadores para falar sobre os cuidados e caminhos necessários para a manutenção da estabilidade emocional de universitários.  

O evento foi promovido por integrantes do Programa de Educação Tutorial do instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos  (PET-IHAC) que compuseram a mesa de discussão ao lado de Fernanda Cerqueira e Raquel Malheiros, psicólogas que têm experiência no atendimento a estudantes, além de Nívea dos Santos Belém, integrante do PET Enfermagem.

Autoconhecimento
Um dos principais pontos abordados na mesa foi a necessidade da conscientização quanto a forma de dialogar com quem vive com transtornos mentais Para a psicóloga Fernanda Cerqueira, uma pergunta que serve como ferramenta inicial para o tratamento de quem vive com transtornos psicológicos: “O que falar pra essas pessoas?”.

Além do cuidado na abordagem comunicativa, ela também acredita que encontrar algo que faz o paciente melhorar é essencial, e depende bastante da própria pessoa conseguir reconhecer características de si mesmo que considera positivos. 

“Quando a gente descobre de onde vem isso é mais fácil para gente lidar. O autoconhecimento é importante para isso. Ele vai levar a caminhos que a gente nem conhece”, explicou. 

Fernanda falou também que o uso da respiração e outras técnicas de relaxamento podem ser as melhores ferramentas para conter as crises de ansiedade.

Combate à ansiedade

Thiago Geanizelle, aluno do BI de Saúde e que também estava na mesa, levantou pontos a respeito da competitividade existente no seu curso, o que faz muitos alunos extrapolarem nas horas diárias de estudo para conseguirem melhores notas e migrarem para algum curso de progressão linear. Essa competitividade, muitas vezes, acaba prejudicando a estabilidade mental e emocional dos estudantes.

Em relação a isso, a psicóloga Raquel Malheiros ressaltou que o fator mais necessário para tratar esse tipo de transtorno é analisar quais eram os momentos em que o paciente se sente bem para, com isso, achar alternativas para atenuar os sintomas das crises.  

Ela explicou que como cada paciente tem uma característica diferente em relação a como convive com a ansiedade é preciso estudar caso a caso para achar o melhor caminho de tratamento. “Cada um pode lidar de uma maneira diferente: tomar um banho, ler, encontrar um amigo”, disse.

 

Importância do diálogo

Para Fernanda Cerqueira, discutir saúde mental dentro de uma instituição de ensino é fundamental para traçar novos caminhos de tratamento e prevenção.

“Foi muito importante estar aqui, é um evento aberto para a comunidade acadêmica e que serviu para a gente discutir um pouco tanto o papel da instituição na saúde mental dos alunos como o próprio papel dos alunos também, como é que a gente pode de alguma forma trabalhar com essas questões da universidade que são tão difíceis. Então foi um evento de muita relevância e fiquei muito feliz de ser convidada”, contou. 

Já Caroline Barreto, estudante do BI de Humanidades, concorda que iniciativas como essa são positivas, mas pondera que deveriam ser mais recorrentes dentro da universidade. “A saúde mental do aluno é muito importante, e o primeiro ponto que eu coloco, em especial, é que eu acho que não deveria fazer (essa discussão) apenas em setembro, porque a gente sabe que tem o Setembro Amarelo, como a questão do suicídio, mas eu acho que deveria ser durante todo o período da faculdade”, opinou. 

Na visão de Raquel Malheiros, que também  já trabalhou no PSIU!, serviço de atendimento psicológico a alunos gratuito da UFBA, esse tipo de encontro tem um potencial de se transformar em algo muito maior e que consiga tratar de muitas outras vertentes a respeito da saúde mental universitária.

“Eu acho que pode até ser mais do que isso, ter mais potencialidade. Acho que poderia ser um evento, inclusive, organizado para pensar saúde mental, grupos terapêuticos simultâneos, estratégias coletivas e construir com estudantes “ah, que resposta eu dou pra isso quando acontece comigo? Acho que teria uma potencialidade talvez até importante, não que essas que a gente normalmente faz não tenham, mas acho que é extremamente relevante. A gente precisa começar de algum lugar”, comentou.

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