Mesa na UFBA discutiu o espaço das mulheres na tecnologia

Evento fez parte da 6ª edição do LAVITS, que aconteceu no campus de Ondina

Por Ícaro Lima

 

As tecnologias contemporâneas são para todos? Essa questão foi o que guiou uma mesa que aconteceu na última quarta-feira (26), na sala 6B do prédio da Faculdade da Comunicação (FACOM), e teve como tema “Intersecções e potências entre tecnologias, gênero e ativismos”.

O encontro fez parte do VI Simpósio da Rede Latino-americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (LAVITS) que, nesta sexta edição, abordou “Assimetrias e (In)Visibilidades: Vigilância, Gênero e Raça”. O evento acontece até esta sexta-feira (28). Quem mediou a mesa foi a pesquisadora da Unicamp e membro do LAVITS, Marta Kanashiro. 

Membro do Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura (GIG@/UFBA), Josemira Reis abriu o debate com o tema “Mulheres tecnólogas e hackers”, oriundo do seu projeto de pesquisa de doutorado. 

A pesquisadora falou sobre o empenho das mulheres para conquistar espaço nas áreas de tecnologias digitais, atuando como programadoras, pesquisadoras de seguranças, desenvolvedoras de hardware e softwares, dentre outras funções. Essa situação evidencia o quanto a área é majoritariamente masculina.

Josemira apresentou dados que confirmam o baixo número de mulheres matriculadas nos cursos de computação no Brasil. O desafio, segundo ela, é criar redes de apoio para essas mulheres conseguirem terem mais recursos nesse ambientes.

A segunda a se apresentar foi a estudante da Universidade Federal do ABC (UFABC) Ducilei Lima que pesquisa sobre o feminismo negro online. Ducilei defendeu que proporcionar uma maior apropriação da tecnologia por mulheres negras é mais uma ferramenta de resistência.

Em seguida, ela apresentou uma pesquisa realizada pelo coletivo PretaLab, com diversas mulheres brasileiras para saber como é a relação com a tecnologia, e destacou a importância de uma iniciativa desse tipo. “Esse campo ainda é bastante obscuro”. Já sua colega de pesquisa, também da UFABC, Taís Oliveira, apresentou um mapa de dados sobre 15 páginas de projetos na internet que abordam discussões sobre tecnologia, gênero e feminismos. 

O lugar das mulheres
A pesquisadora Débora Oliveira (Labjor/Unicamp) apresentou seu processo de produção de um artigo sobre tecnologia feminista. Para ela, o que caracteriza a noção de um estudo como esse é a atitude de colocar a questão da não-neutralidade da tecnologia e desconstruí-la. “A gente já começou a pesquisa questionando uma suposta neutralidade da ciência”, comentou.

Debóra disse que é preciso debater mais a invisibilidade das mulheres dentro de tais áreas. “Dizer que a tecnologia é feminista é situá-la, colocá-la num lugar”, defendeu. 

Projetos colaborativos
A pesquisadora Daniela Araújo (IG/Unicamp) salientou a união de iniciativas que busquem debater questões nessa área. Ela destacou que as redes, projetos e coletivos de mulheres da área de tecnologia, que agem como uma proposta de descolonizar argumentos machistas e misóginos que permeia esses espaços, devem lutar por uma independência a favor das narrativas feministas: “Essa autonomia [das redes] tem que ser construída com grupos que desenvolvam os trabalhos sempre debatendo as questões de agressões de gênero”, disse.

Thiane Neves, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura (GIG@), que participou da organização desta edição do LAVITS, falou sobre a importância realização deste evento: “Todos os encontros levam a esse debate de como é que as redes estão estruturadas, como é que a comunicação, dentro desse cenário da tecnologias, está se constituindo enquanto ciência, enquanto campo, enquanto técnicas, então isso, pra gente, é muito interessante”.

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