Polêmicas Contemporâneas: “Temos que nos vestir para a guerra”, afirma historiador

Em evento na UFBA, Carlos Zacarias afirmou que só na luta se enfrenta Bolsonaro no segundo turno, que ele classificou como “fascista”

Por Gabriel Moura

“O PT tem que acabar com isso de ‘paz e amor’. Nós temos que nos preparar para a luta, vestir para a guerra. Só no combate que se enfrenta o fascismo”, defendeu o professor e historiador Carlos Zacarias durante o debate “Polêmicas Contemporâneas na UFBA”, realizado nesta segunda-feira (8) no auditório Leopoldo Amaral, na Faculdade Politécnica da UFBA, que discutiu o resultado do primeiro turno das eleições de 2018.

O evento reuniu, além do historiador, os professores Wilson Gomes, especialista em comunicação política e democracia digital; Armando Avena, de ciências políticas; e o jornalista Osvaldo Lyra.

Para Zacarias, o Partido dos Trabalhadores não pode realizar nenhum “pacto de união”. “O PT não pode deixar de ser PT. Ele tem que mostrar porque é PT. As pessoas correm risco. Todos nós corremos. Mulheres, negros, LGBTs, esquerdistas…”, bradou.

Já para Wilson Gomes, o Brasil não tem 49 milhões (número de votos em Bolsonaro) de fascistas. Ele defende que o “antipetismo” é a grande causa deste alto número de votos. “Claramente os brasileiros querem Bolsonaro. Ele não é uma pessoa, é uma ideia, a do antipetismo. Ele é apenas um poste dela. Não temos 49 milhões de fascistas, temos isso ou mais de antipetistas”, defendeu.

Gomes também afirmou que o candidato de extrema direita acabou recebendo esses votos, ao invés do PSDB, como aconteceu em 2014, pois o fenômeno do antipetismo se somou a outro, o da antipolítica. “As manifestações de 2013 criaram uma antipatia com a política e os políticos. Bolsonaro, apesar de ser político de carreira, é alguém que representa uma maneira diferente de fazer política. Os seus eleitores acreditam que ele pode mudar ‘tudo o que está aí’”, defendeu.

Já no caso da origem do antipetismo, o jornalista Osvaldo Lyra, afirma que a população personificou todos os problemas no Brasil no partido. “PT e corrupção viraram sinônimos. Além disso, para a população, os outros problemas, como a crise econômica e desemprego também são por causa do partido dos trabalhadores”, disse.

Na opinião do cientista político Armando Avena, para “curar o antipetismo”, a primeira coisa a ser feita é uma autocrítica. “É um momento ruim para o Brasil, mas é bom para ver o que foi feito de errado na gestão do PT. O Partido dos Trabalhadores, quando chegou ao poder, não quebrou a hegemonia, muito pelo contrário, ele acabou repetindo as mesmas práticas políticas dos antecessores”, defendeu.

Renovação do Congresso Nacional
Carlos Zacarias comemorou a saída da Câmara e do Senado alguns políticos tradicionais do Brasil, como Romero Jucá, Roberto Requião e Antônio Imbassahy. No entanto, para ele, a renovação não significou algo necessariamente bom. “É ótimo que esses eles saíram, mas quem entrou no lugar deles foram políticos de extrema direita, apoiadores de Bolsonaro”, lamentou.

Polêmicas Contemporâneas
É um componente curricular existente desde 2004, idealizado pelo professor Nelson Pretto. Ele promove todas as segundas feiras do semestre um debate, com professores convidados e pessoas de fora da universidade, aberto ao público com temas da atualidade.

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