Projeto que discute o legado de Lélia Gonzalez chega à Salvador

O evento acontece na Biblioteca Central do Estado, nos dias 27 e 28 de maio

 

Em homenagem aos 90 anos do nascimento e 30 anos do falecimento de Lélia Gonzalez, o ‘Projeto Memória’ resgata vida e obra da escritora e ativista com uma série de atividades itinerantes. O projeto acontece em sete capitais brasileiras, até agosto de 2025. Em Salvador, o encontro acontece nos dias 27 e 28 de maio, na Biblioteca Central. 

O evento contará com o seminário ‘Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas’, com a presença de autoras, ativistas e estudiosas do pensamento de Lélia. Dentre as convidadas, estão a escritora Carla Akotirene; a biógrafa de Lélia; Flávia Rios; a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz; e Jurema Batista, primeira deputada estadual negra do Rio de Janeiro, indicada ao Prêmio Nobel da Paz de 2005. A abertura será marcada pela apresentação de um videodocumentário que narra a trajetória da homenageada. 

Além do seminário, o projeto apresenta uma exposição com 18 paineis históricos que registram a vida e a obra da escritora. A mostra ficará aberta à visitação durante o período de 30 dias, com programação específica para estudantes da rede pública de ensino. A entrada é gratuita. 

E por fim, completando a agenda de atividades, haverá ainda o lançamento de um livro biográfico em formato de e-book e de audiobook, gratuito e digital, um website, um vídeo de orientação e o Almanaque Pedagógico sobre Lélia Gonzalez. A iniciativa tem o intuito de promover uma compreensão mais completa e significativa do impacto de Lélia Gonzalez na sociedade, e sobretudo garante uma ferramenta educacional que possibilita o acesso, de maneira acessível, aos professores, educadores e alunos de todos os níveis de ensino. 

Referência mundial do feminismo negro e uma das maiores pensadoras do Brasil, sendo pioneira no debate público acerca de raça e gênero. Sua contribuição intelectual é revisitada de forma didática nas atividades do Projeto Memória, especialmente direcionadas aos estudantes da rede pública de ensino.  “O legado de Lélia Gonzalez precisa ser entendido dentro dessa luta que começou no tempo pretérito, mas que infelizmente continua cada vez mais necessária no tempo presente. E acredito que há de avançar como memória, tornando-se uma memória de potência, resiliência e resistência”, afirma o presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Morais.

Depois de passar por Salvador, o Projeto Memória segue para Belo Horizonte (MG), São Luís (MA), Belém (PA), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e encerra em Brasília (DF). A iniciativa é da Fundação Branco do Brasil, em parceria com a Associação Amigos do Cinema e da Cultura. 

 

SOBRE O PROJETO MEMÓRIA

Criado em 1997, pela Fundação Banco do Brasil, o Projeto Memória tem como missão resgatar, preservar e difundir a vida e a obra de importantes personalidades que contribuíram para a transformação social e a construção da cultura brasileira.

Foram realizadas 13 edições, com o objetivo de valorizar a cultura e a história do país, a partir de homenagens a personalidades e fatos que ajudaram a construir a identidade nacional e fortalecer a cidadania.

Já foram homenageados pelo Projeto Memória o poeta Castro Alves, o escritor Monteiro Lobato, o jurista Rui Barbosa, o navegante Pedro Álvares Cabral, o presidente Juscelino Kubitschek, o sanitarista Oswaldo Cruz, o sociólogo Josué de Castro, o educador Paulo Freire, a feminista Nísia Floresta, o líder da Revolta da Chibata João Cândido, o sertanista Marechal Rondon, e o poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade.

 

SOBRE LÉLIA GONZALEZ

Nascida em Belo Horizonte no dia 1º de fevereiro de 1935, Lélia de Almeida mudou aos 7 anos para o Rio de Janeiro. Ela não precisou trabalhar nova, por ter muitos irmãos mais velhos. Impulsionada por eles e por sua mãe, Lélia pôde se dedicar aos estudos.

Graduou-se em História e em Geografia pela então Universidade do Estado da Guanabara, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Foi professora de Ensino Médio e, aos 30 anos, começou a estudar Psicanálise.

Em 1975 fundou o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras e o Colégio Freudiano do Rio de Janeiro. Além de criar o primeiro curso institucional de cultura negra do Brasil.

Ainda antes dos 40, Lélia já era uma intelectual reconhecida. Foi quando se tornou ativista do movimento negro, por meio do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, pelo qual se tornou uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado em 1978.

A partir de então, no meio intelectual começou a trabalhar para quebrar a ideologia hegemônica racista e sexista que imperava no meio acadêmico. Ela começou a abordar os debates contemporâneos do Brasil e do mundo por uma centralidade afro-latina.

Concorreu a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 1982 e trabalhou como assessoria da então vereadora de primeiro mandato Benedita da Silva, no Rio de Janeiro. Contribuiu com a fundação tanto do PT como do PDT, além do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras e do Olodum.

 

SERVIÇO

Projeto Memória – Lélia Gonzalez: Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas

Onde: Biblioteca Central do Estado da Bahia (Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador).

Abertura da Exposição: 27 de maio, às 15h, no Espaço Quadrilátero da BCEB. Visitação de segunda a sexta, das 8h30 às 19h; e aos sábados das 8h30 às 12h. Entrada franca. Até 27 de junho.

Seminário: 27 e 28 de maio, das 18h às 22h, no Espaço Xisto da BCEB. Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos pela plataforma Sympla (sujeito a lotação).

Classificação: livre.

PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO

27 de maio

18h – Abertura com a mestra de cerimônias Luana Nascimento, a Neyzona: apresentação de vídeo de orientação e videodocumentário sobre a trajetória de Lélia Gonzalez.

19h – Painel I: A Luta Antirracista e Antissexista de Lélia González

Mediação: professora e ativista Samira Soares, coordenadora-geral do Movimento Negro Unificado (MNU) na Bahia.

Participantes: Carla Akotirene, escritora, influencer e doutora em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismos pela UFBA; Flávia Rios, socióloga, professora e pesquisadora da UFF e co-autora do livro “Lélia Gonzalez: Por um Feminismo Afro-latino-americano”; e Lívia Sant’Anna Vaz, promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia, escritora e doutora em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Lisboa.

28 de maio

18h – Abertura com a mestra de cerimônias Luana Nascimento, a Neyzona: apresentação de vídeo de orientação e videodocumentário sobre a trajetória de Lélia Gonzalez.

19h – Painel II: A O Pensamento Decolonial de Lélia Gonzalez e sua contribuição para a Educação

Mediação: Melina de Lima, coordenadora de Articulação Interfederativa no Ministério da Igualdade Racial, diretora de Cultura e Educação do Instituto Memorial Lélia Gonzalez e neta orgulhosa da homenageada.

Participantes: Fabiana Lima, doutora em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA, autora de tese sobre o pensamento decolonial de Lélia Gonzalez e professora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB); Edson Lopes Cardoso, escritor, jornalista, doutor em Educação pela USP e diretor do Irohim; e Jurema Batista, professora especialista em Políticas Públicas pela UFRJ, ex-vereadora e primeira deputada estadual negra do Rio de Janeiro, indicada ao Prêmio Nobel da Paz de 2005.

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