Museu de Arte da Bahia recebe o espetáculo ‘Josefina, a Cantora, ou O Povo dos Ratos’ do escritor tcheco Franz Kafka

O evento faz parte do Ciclo de comemorações aos 60 anos do Teatro Vila Velha

 

Teatro_Espetáculo Josefina, A dos Ratos estreia no Museu de Arte da Bahia_fotografia Rafael Grilo 1 (1)Foto: Divulgação

 

Para comemorar os seus 70 anos de vida e seus 50 anos dedicados ao teatro, o dramaturgo Marcio Meirelles traz para o público o espetáculo ‘Josefina, a Cantora, ou O Povo dos Ratos’, obra do escritor tcheco Franz Kafka. As apresentações, que integram o Vila Ocupa o MAB – Ciclo de celebração dos 60 anos do Teatro Vila Velha, programa de ocupação artística do Teatro Vila Velha, acontecem entre os dias 06, 07, 08, 07, 08, 09, 13, 14, 15 e 16 de junho, de quinta a sábado, às 19h, e aos domingos, às 17h, no Museu de Arte da Bahia. Os ingressos custam entre R$ 10 (dez reais) e R$ 40 (quarenta reais), e podem ser adquiridos através da plataforma Sympla ou na bilheteria do espaço. 

Em uma jornada que ultrapassa fronteiras, o encontro visa provocar em cena o debate sobre as dimensões do papel e do reconhecimento do artista, da sua relação com o público e dos critérios que validam e classificam uma obra de arte. Ao revisitar o conto original de Kafka, Meirelles não apenas resgata a essência da narrativa, mas também a recontextualiza em uma atmosfera contemporânea, polifônica e multimídia. 

O evento conta com apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Para acompanhar toda programação de “O Vila Ocupa o MAB” e também sobre o programa “O Vila Ocupa a Cidade”, projeto que oferece uma agenda diversificada de atividades culturais da cidade, basta acessar as redes sociais do Teatro Vila Velha. 

 

Josefina, a Cantora ou O povo dos Ratos

Na fábula original, Josefina é uma rata cantora que quer viver para seu canto, e ser reconhecida por isso. Seria justo, portanto, que fosse dispensada do trabalho comum a que todos do seu povo são obrigados, pois são tarefas que diminuem sua força para desenvolver plenamente seu canto e sua missão: a de proteger, com sua arte, o povo. Este propósito é questionado por um narrador que coloca em dúvida o talento de Josefina, que não seria necessariamente o de cantar, mas o de manipular sua plateia, capturada num encantamento gerado por uma série de estratégias e atitudes, que a tornam quase intocável. Segundo o narrador, isso é fácil de conseguir daquele povo “tão acostumado com a desgraça” que o faz dependente de qualquer “salvador”.

Na releitura de Meirelles, o único narrador da obra original de Kafka se multiplica nos diversos tons, sons, corpos, gestos e nuances dos jovens atores da universidade LIVRE de teatro vila velha, e na tradução corporal do ator e dançarino Ariel Ribeiro, convidado pelo Teatro dos Novos, grupo realizador do projeto. A partir de um processo de construção e atuação cunhado como Teatro-Coral, o encenador imprime mais uma vez uma das marcas mais expressivas de sua dramaturgia; em que o coro de atores se espelha, criando ecos e duplos na cena.

Esse coro de ratos que decreta Josefina como necessária ou inútil, entre defesas apaixonadas e protestos acalorados, dialoga com os tempos polarizados da nossa sociedade, em tempos de desqualificação e ataques à arte e à cultura. A personagem de Josefina é a metáfora dessas contradições. Nessa guerra de narrativas, muitas camadas e abordagens que discutem a sociedade de consumo, a cultura de massa, a ilusão da popularidade como valor artístico, a necessidade de representatividade, entre outros assuntos que geram um grande debate, uma grande assembleia cênica.

Em 1990, Meirelles montou uma versão do conto em que todos os atores interpretavam Josefina, com o elenco da Companhia de Interesses Teatrais (CIT), formado por Clécia Queiroz, George Mascarenhas, Nadja Turenko, Tereza Araújo e Yulo Cézar. Na época, o espetáculo ganhou o Prêmio de Melhor Atriz do Festival Teatro e Dança de João Pessoa, para Tereza Araújo.

 

SOBRE FRANZ KAFKA

Franz Kafka, escritor tcheco, nasceu em 3 de julho de 1883 e morreu em 03 de junho de 1924. Era judeu e tinha uma relação conflituosa com seu pai, uma figura opressora que esteve, indiretamente, presente nas narrativas do escritor. Formado em Direito, trabalhou, durante 14 anos, no Instituto de Seguro de Acidentes de Trabalho, mas teve sua aposentadoria antecipada em 1922, devido à tuberculose. Assim, não pôde dedicar-se exclusivamente à escrita. As obras do escritor possuem traços expressionistas e estão abarcadas pelo modernismo. Portanto, é possível verificar, em suas narrativas, a deformação da realidade, a presença de alegorias, o anticonvencionalismo, o nonsense e o pessimismo. Seus principais livros são A metamorfose, O processo e O castelo.

 

SOBRE MARCIO MEIRELLES

Fundador do grupo Avelãz e Avestruz (1976-1989), criador e diretor do Espaço Cultural A Fábrica (1982) e diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil – o Teatro Castro Alves (1987-1991). Em 1990 criou juntamente com Chica Carelli o Bando do Teatro Olodum. Revitalizou o Teatro Vila Velha e assumiu sua direção artística em 1994. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se: o espetáculo “Ó Pai Ó!”, com o Bando de Teatro Olodum; “Candaces – A Reconstrução do Fogo” (2003), do grupo carioca Companhia dos Comuns, que virou samba enredo do Salgueiro no carnaval de 2007. Também co-dirigiu, com Werner Herzog, o espetáculo “Sonhos de uma Noite de Verão”, no Rio de Janeiro, para a ECO 92. Dirigiu, para o Bando, nova versão da comédia de Shakespeare, premiada como melhor espetáculo pelo Prêmio Braskem, em 2006. Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia (2007-2010) e, em junho de 2011, assumiu novamente a direção do Teatro Vila Velha, onde criou em 2013 a universidade LIVRE de teatro vila velha. Em 2019, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. “Josefina” é seu 125o espetáculo, entre realizações no Brasil, na Europa e na África. Em 2022, marca os seus 50 anos de teatro com realizações artísticas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.

 

SOBRE O TEATRO VILA VELHA

Fundado em 1964 pela Sociedade Teatro dos Novos, o Teatro Vila Velha é um dos espaços culturais mais importantes e inovadores do Brasil. Localizado na capital da Bahia, tem como missão fomentar a criação artística coletiva e comprometida com a reflexão e o respeito à diversidade. Com uma intensa programação presencial e virtual, o Vila mantém seu próprio programa de formação artística, a universidade LIVRE, e recebe espetáculos e artistas do mundo inteiro. Atualmente, passa por uma reforma financiada pela Prefeitura de Salvador e iniciou o programa ‘O Vila Ocupa a Cidade’, uma série de ações e colaborações que mantém o teatro atuante e presente em diversos espaços culturais. 

 

SERVIÇO:

Espetáculo “Josefina, A dos Ratos” – Cia. Teatro dos Novos e Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha

Dias: 06, 07, 08, 09, 13, 14, 15 e 16 de junho, de quinta a sábado, às 19h, e no domingo, às 17h

Local: Museu de Arte da Bahia – Corredor da Vitória – Salvador/Bahia

Duração: 90 minutos

Classificação: 12 anos

Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://tinyurl.com/2csyvtap ) ou na bilheteria do espaço.

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