Festival de percussão promove interação entre estilos musicais

Por Verena Guimarães

Na última segunda-feira (13), no Goethe Institut, o Festival 2 de Julho iniciou suas atividades com um concerto do Núcleo de Percussão da Ufba. O evento organizado pelo professor da Escola de Música (Emus), Jorge Sacramento, irá reunir, nos próximos dias, grandes artistas do Brasil e do mundo. O público poderá participar de mesas redondas e conhecer o trabalho de músicos renomados.

Após dois anos, o evento volta com novidades. As atividades serão  intercaladas na Escola de Música da Ufba, no Goethe Institut, no Teatro do Movimento e  no Teatro da Cidade do Saber, em Camaçari. Além disso, recentemente a Emus conseguiu adquirir instrumentos modernos, o que possibilitou o retorno do festival e a participação de músicos estrangeiros.

Núcleo de Percussão

O professor Jorge Sacramento orienta o Núcleo de Percussão há 20 anos. Em 2003 e em 2004, o grupo ganhou o Prêmio Categoria Especial do Trófeu Caymmi. Já em 2007, os integrantes se apresentaram em 74 cidades, através do Projeto Sonora Brasil, produzido pelo Sesc. O grupo também tem uma forte ligação com  os projetos musicais que envolvem comunidades de Salvador.

O professor explica que, durante o seu mestrado, convidou percussionistas de blocos afros para ensinar sua cultura musical na academia e em troca ele ensinava a teoria. “Foi a partir daí que o núcleo cresceu e muitos músicos começaram a procurar a Escola para estudar. Meu trabalho não tem definição. O festival não é de percussão contemporânea ou erudita. Meus alunos saem tocando pandeiro, mas também tocam Bolero de Ravel, que é muito erudito e clássico”, completa.

Erica Sá é percussionista, foi aluna de graduação e atualmente é aluna especial  na pós-graduação da Emus. Ela participa do Núcleo e acompanha do Festival desde da primeira edição. “Muita gente chegava ao evento pensando que era só de axé e pagode, outras pensavam em música comtemporânea e encontraram o popular. É importante essa interação entre vários gostos. As pessoas acabam entendendo que não necessariamente precisam separar os estilos”, explica.

A percussão ainda é relacionada com força física e ela se destaca por ser uma das poucas mulheres na área. “Já sofri muito preconceito ao chegar para fazer um teste e não conseguir porque sou mulher. Mesmo nos anos em que estudei na França, a classe de percussão tinha somente cinco mulheres, entre mais de 20 alunos”, comenta a musicista.

Intercâmbio de conhecimentos

Um dos objetivos do evento é proporcionar um espaço para que professores e alunos da Emus apresentem obras de compositores vivos da própria Escola. Juliana Lopes, estudante de psicologia, acredita que é interessante o contato do público com os compositores. “O compositor explica o que ele quis produzir quando criou a composição. É possível ter um olhar muito mais direcionado quando você escuta a obra. Podemos ver que a música é uma forma de se expressar, não necessariamente usando a fala”, comenta a universitária.

Já reconhecido internacionalmente, o Festival atrai músicos de todas as partes do Brasil.  Lui Maia Bezerra é percussionista de João Pessoa. Ele veio para Bahia, especialmente para participar do Festival e destaca o intercâmbio gerado pelo evento. “Participei de uma mesa redonda e foi muito bom porque eu nunca havia participado de uma mesa com esse assunto. Eu vim de uma cidade onde não é muito forte essa cultura e é bom conhecer essas pessoas e trocar ideias”, diz.

A programação detalhada do Festival de percussão está disponível no site http://festival2dejulho.com.br/ .

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