Exposição de formandos da Escola de Artes Plásticas da Ufba revela artistas

Por Vagner Campos*

RECRIA~1A Escola de Artes Plásticas (EBA) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) possui notoriedade pela sua contribuição em revelar artistas de renome nacional e internacional como Juarez Paraíso, Mario Cravo Jr. e Ieda Oliveira. Visando manter essa tendência, todo fim de semestre, a escola dá visibilidade à produção artística de estudantes que estão terminando um ciclo e começando outro, através da disciplina Prática Profissional do Curso de Artes Plásticas, sob a orientação do professor Fernando Freitas Pinto.

As temáticas e os estilos tendem a ser dos mais variados, sendo que cada trabalho está imbuído com a sensibilidade e as vivências do artista plástico. Mesmo estudantes de outros cursos ou professores buscam, através da arte, dar forma às suas teorias e experiências. Esse é o caso da professora de Filosofia, Márcia Maria Saievicz, que foi uma das estudantes a realizar nesse mês sua exposição de conclusão de curso.Com o nome de “Recriações”, a mostra trouxe a público trabalhos de xilografia e pintura, tendo como proposta principal trazer a concepção primordial da vida e da arte em eterna metamorfose. Segundo a artista, “a proposta defende que a concepção romântica da criação a partir do nada não é legítima, pois estamos sempre recriando, mesmo quando a criação se dá a partir da imaginação ela é um processo de recriação a partir de uma matéria prévia”.

Márcia prosseguiu dando ênfase ao papel da arte como “lugar privilegiado para se repensar o mundo, e nessa ânsia pelo entendimento da arte, o fazer é necessário. A ideia é complementar o conhecimento da filosofia, através da prática”, conclui.

Evandro-SybineO professor da EBA e orientador dessa exposição, Evandro Sybine, relatou uma experiência curiosa. Ele já foi aluno de Márcia em um curso teórico de estética, enquanto a própria, foi aluna dele na disciplina Técnicas da Representação Gráfica. Segundo ele, “no decorrer do semestre ele percebeu que uma antiga professora estava no meio da turma, ao me apresentar ela não me reconheceu, mas nesse semestre a agora aluna veio até mim para que eu a orientasse em sua conclusão de curso, que foi um grande prazer, já que ela foi minha professora na parte teórica, enquanto eu fui seu professor na parte prática”, concluiu Evandro.

Outro aspecto fundamental, na conclusão de curso desses estudantes, dá-se no fato da diversidade cultural representada nessas exposições. A formanda Ana Ferreira Silva expôs “Sinais de Esperança”, que tem como característica refletir as catástrofes atuais, não só do ponto de vista das consequências ambientais, mas também, sob a luz de um pensamento filosófico-cristão. Segundo ela, lendo a bíblia, foi possível entender que “esses acontecimentos são necessários, em virtude dos sinais de um acontecimento ainda maior, que é a volta de Jesus Cristo”.

Ainda segundo ela, sua intenção é “através de um trabalho bastante expressionista, realmente chocar os espectadores de maneira positiva, de modo a gerar uma mudança em cada indivíduo”, conclui.

Com uma temática que também se relaciona com a religião, mas dessa vez associada aos orixás, o ilustrador e artista plástico, Rodolfo Troll, mostrou através de sua exposição “Azuis de Ogum”, uma abordagem relacionada com sua própria história e a história de orixá, que segundo ele “sempre foi imaturo, violento, apaixonado, sendo que, ele mesmo, sempre foi um pouco disso tudo”.

Nas obras, o artista buscou representar todas as características de Ogum, mas preferiu não dar título às telas, por acreditar que cada pessoa deve ver naquela história sua própria interpretação. Ele ainda relacionou como grandes inspirações e referências ao seu trabalho artistas baianos, professores da escola de Belas Artes, assim como a música e os quadrinhos.

Dessa forma, o ciclo continua e no próximo semestre, novos artistas plásticos fecharão uma etapa na EBA. Uma figura que certamente estará presente será a do professor Fernando Pinto, que leciona a disciplina de conclusão há alguns anos. Na sua análise, “os trabalhos desse ano foram bem interessantes e abordaram a diversidade que sempre esteve presente na Bahia e particularmente, na Escola de Belas Artes, mantendo a tradição, mas trazendo o caráter inovador em cada peça”, conclui o professor.

 

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

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