Feira Agroecológica da UFBA estimula práticas sustentáveis

Por Yananda Lima

Em 2008, o Brasil se tornou o maior mercado de agrotóxicos do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 64% dos alimentos consumidos no país, estão contaminados por agrotóxicos. A agroecologia aparece como uma alternativa viável no fomento de práticas sustentáveis, possibilitando o acesso à alimentação saudável e equilibrada. Nesse cenário, a Feira Agroecológica, atividade semanal que ocorre na Praça das Artes da UFBA, ilustra as possibilidades geradas por essa nova forma de produção.

Produto da disciplina Comercializando a Produção Agroecológica, a Feira se enquadra nas propostas elaboradas pelo Dossiê 2015 da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco. O Dossiê propõe 10 ações voltadas ao enfrentamento de um dos maiores problemas relacionados a alimentação atualmente: a utilização de agrotóxicos na produção alimentar nacional. Uma delas é a implantação de uma Política Nacional de Agroecologia em detrimento do financiamento público do agronegócio.

“A Feira Agroecológica nasce da relação entre o nosso desejo de termos uma alimentação mais saudável e a necessidade do agricultor de comercializar o seu produto. Então isso surge dentro de um complexo de redes e vivências.” explica a professora Josanidia Lima, professora do Instituto de Biologia e organizadora da Feira.

A disseminação das feiras agroecológicas não só facilita o acesso das pessoas da cidade aos alimentos saudáveis, como também incentiva a redefinição do sistema produtivo do campo e alimenta uma série de práticas sustentáveis. “A preservação da fertilidade do solo, da disponibilidade e qualidade da água, da diversidade genética da agricultura, da beleza cênica e da memória cultural das paisagens é um dos benefícios gerados por essa forma de fazer agricultura (sem a utilização de agrotóxicos) e habitar o espaço rural.” aponta o Dossiê Abrasco 2015.

Feira Agroecológica da UFBA

A primeira edição da Feiira ocorreu na Praça das Artes da UFBA, das 8h às 14h, contando com cerca de 20 stands e trazendo produtos desde frutas e verduras orgânicas, até açaí e velas aromatizadas. O evento também contou com tendas de massagem, sessão de yoga, bate-papo ecológico e a música do estudante de bacharelado interdisciplinar, Lucas Pitangueira.

O Centro Cultural Berimbau Arte, de Barra de Pojuca, subdistrito de Camaçari, participou do evento trazendo artesanato produzido com garrafa pet e caixa de leite. “Trabalhamos concientizando os nossos alunos da importância da reciclagem e coleta seletiva. Temos uma área chamada de Toca Verde que é onde desenvolvemos esse trabalho ecológico com atividades educacionais.” afirma Neuvanir Rodrigues, voluntária do Centro Cultural que também conta com aulas de capoeira a preços simbólicos, de percurssão ainda em introdução no projeto e fabricação de berimbau.

Já Pedro Augusto Borges, vendeu pimentas, cacos ecológicos, frutas e araruta – planta produtora de amido – especialidade do seu sítio Bom Sucesso, na área rural de Conceição de Almeida. Ele afirma que tenta produzir o máximo de alimentos possível sem utilização de agroquímicos, apostando em soluções sem custo e naturais como o esterco de gado e as folhas das árvores que caem, para fazer compostagem ou deixar decompor na própria natureza. “Achamos importante a produção sem o uso desses agroquímicos porque não faz mal a natureza.” expõe Pedro.

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Foto: Yananda Lima

O mel de uruçu de Ana Lúcia Vieira, que ficou em segundo lugar na Feira Internacional de Agropecuária – Fenagro, foi um dos pontos fortes do evento. “A abelha que produz é sem ferrão que a maioria das pessoas não conhece. O mel é medicinal, mais fino e leve (…) e trabalha ajudando na imunidade”. Ana Lúcia ressaltou, ainda, a importância da abelha para o campo. “Sem ela a gente não produz alimento nenhum, porque a abelha faz todo o trabalho de polinização, ela fica na flor o dia todo. Se não tiver abelha pra polinizar não tem como ter uma boa colheita” afirma.

A Feira ainda contou com Lucas Pitangueira apresentando seu projeto Onda Nuvem no final da manhã. “O projeto é uma iniciativa muito boa, acho importante movimentar esse cenário na Universidade” animou-se ele ao falar sobre o evento.

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