“Jornalismo esportivo não se faz apenas através da assessoria dos clubes”, afirma Eric Carvalho

O jornalista Eric Luis Carvalho participou da última edição do Agenda Convida e falou sobre suas experiências no jornalismo esportivo

Por Artur Mello

+Saiba Mais: Repórter em pauta: o dia a dia dos profissionais de jornalismo

Fazer jornalismo esportivo depende de dedicação: como em toda produção jornalística, é preciso cuidado com a apuração, pensar em pautas diferentes, além do constante aperfeiçoamento da escrita. Essas foram alguma das dicas trazidas pelo jornalista Eric Luis Carvalho, que participou da última edição (09/05) do Agenda Convida. Com experiências em cobertura esportiva de grandes eventos como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014, o repórter falou sobre sua trajetória profissional e os desafios do campo.

Formado no semestre de 2010.1 pela Faculdade de Comunicação (FACOM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA),  Eric fez parte do grupo que criou o portal Itapoã  Online – que depois mudou para o R7-  e participou da criação do site local do Globo Esporte, no qual trabalhou durante mais de quatro anos. Hoje, atua como assessor de comunicação na Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Sedur).

A história de Eric no jornalismo esportivo começou cedo, com a criação de um blog pessoal antes mesmo da graduação. O desejo de escrever sobre o tema e exercitar a escrita motivou a criação do “Respetáculo”, experiência considerada como fundamental para o seu desenvolvimento profissional. “O blog foi fundamentar para a minha formação, por possibilitar maior familiaridade com o tema e pela rede de contatos construída e que tenho até hoje”, ressaltou.

Inserido nas redes de discussão online sobre o esporte, o então graduando pôde se aproximar de profissionais de destaque na área, a exemplo do jornalista do SporTV, Ledio Carmona, que replicou um de seus textos no antigo blog Jogo Aberto, integrado ao site do Globo Esporte nacional. Focado em atuar no jornalismo esportivo, Eric produziu, como trabalho de conclusão do curso, um livro sobre as torcidas organizadas baianas.   

Esta trajetória levou o repórter, em 2010, a integrar a equipe que estruturou o Globoesporte.com/ba, onde trabalhou até 2015. “O Globo Esporte foi a minha maior experiência, um projeto novo pra Bahia, voltada para internet. Foi um projeto de regionalização da Globo.com com os sites locais”, relatou. Durante a exposição, Eric destacou a importância de se acompanhar o cotidiano dos clubes, fazendo referência à sua experiência no site. Segundo ele, no início das atividades, como a equipe era pequena, composta por três jornalistas, o foco na cobertura dos treinos era maior, o que permitia sentir o dia-a-dia do clube, além de fortalecer a relação com as fontes. “No site, não tínhamos o setorista, a cobertura era diária e sempre ocorria um rodizio dos jornalistas que iam cobrir os treinos”, contou.

Eric também deu dicas sobre como fazer uma cobertura esportiva de qualidade. “É importante que o jornalista vá para a rua cobrir o dia a dia, não podemos confiar no que as assessorias do clube passam. Eles têm o papel de promover e não vão nos falar quando ocorrer uma briga no treino, por exemplo”.

Um diferencial destacado pelo repórter para uma boa cobertura esportiva são as matérias que vão para além do factual. “É legal pensar nas matérias produzidas, nos especiais e seriados, são matérias que dá muito prazer e alegria de fazer”, afirmou. Um exemplo deste tipo de produção foi o encontro,  promovido pelo Globoesporte.com/ba, do capitão da seleção da Croácia, Darijo Srna, com João Ulisses Bahia que, assim com o irmão do atleta, tem síndrome de Down. Srna fez a doação de uma camisa oficial autografada pela seleção croata,  para ser leiloada pela APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

Para finalizar, o jornalista falou sobre suas experiências nas coberturas de grandes eventos esportivos ocorridos em Salvador, como a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. “Nós não tínhamos moleza. Além da dificuldade da língua estrangeira, nós passávamos dias inteiros na porta de hotéis esperando algo acontecer. Às vezes nada acontecia [risos], mas outras vezes simplesmente Balloteli [primeiro jogador negro a vestir a camisa da Itália] decidia caminhar pela cidade e estávamos lá para cobrir”, concluiu o jornalista.

 

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