Mesa sobre Cultura e Grandes Eventos inicia último dia do Enecult

por Mariana de Paula

A mesa-redonda Cultura e Grandes Eventos deu início ao último dia (10/08) de atividades do VIII Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult). O debate começou às 9h com com a fala do professor da UFBA e mediador da mesa Paulo Miguez, que apontou algumas questão a cerca da produção de grandes eventos em Salvador. Em sequência, Gilmar Mascarenhas esclareceu sobre deficiências da construção da Arena Fonte Nova e dos outros estádios para a Copa do Mundo de futebol de 2014, que acontece no Brasil. Para Mascarenhas, o estádio não será um Elefante Branco, pois o espaço vai ser utilizado para shows e não apenas de jogos de futebol, como ocorria anteriormente. Por outro lado, não existem políticas nem modelos de gestão que vão garantir o acesso a estas novas contruções para diversos tipos de público.

Mesa-redonda Cultura e Grande Eventos. Foto- Ascom Enecult

A preocupação de Mascarenhas fica em torno dos benefícios e dos motivos para a realização desses grandes eventos. “É um mito dizer que os megaeventos vão trazer mais turistas para as cidades. Nenhuma cidade que sediou a Copa aumentou o número de turistas posteriormente”, aponta. Não se deve pensar na Copa do Mundo apenas no seu periodo de produção nem para uma realidade destoante da situação atual do país. Um dos pontos para se refletir é sobre a criação dos novos estádios, construídos em cidades que não possuem clubes fazendo jogos regulares. Outro aspecto salutar é em relação ao transporte público urbano. Os sistemas que serão implementados nada vão melhorar a mobilidade nessas cidades. “Prevejo cidades com luxuosos estádios vazios e precários transportes lotados”, afirma.

Júlio Rocha seguiu com as apresentações, falando sobre O que foi o Rio +20?. Rocha esclareceu alguns problemas de sustentabilidade e econômia sustentável para a melhoria social do Brasil. Equivoscos do evento Rio+20 em relação a exclusão de pautas efetivamente locais, como a injustiça social e ambiental que atinge a maioria da população nacional, foram alguns dos pontos altos de sua arguição. Finalizou citando problemas de poluição de urânio e de chumbo na Bahia. O criador do Festival de Verão e presidente da Agência Tudo, Maurício Magalhães foi o último componente da mesa-redonda a se apresentar, quando questionou a falta de pragmatismo e a ausência de uma dialética do debate construtivo ao se pensar nas atividades culturais. Segundo Magalhães, ainda existe um prenconceito ao se pensar cultura relacionada ao empreendedorismo. Inserir a cultura na econômia é uma maneira de profissionalizar as diversas linguagens artísticas, gerar desenvolvimento e ser explorado positivamente. Magalhães encerrou a mesa reiterando que Grandes Eventos não devem ser vistos como uma negação, mas como formas de criar riqueza e gerar um desenvolvimento sustentável em todas as áreas da sociedade.

As atividades de encerramento do ENECULT ainda se estenderam pela tarde com os Grupos de Trabalhos. O encontro foi encerrado com a mesa-redonda sobre Crítica Cultural formada por Denilson Lopes (UFRJ), Eneida Leal (PUC-RJ/UFBA), Osmar Moreira Santos (UNEB) e a professora e mediadora do debate Rachel Lima (UFBA).

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *