Antes de partir para Colômbia, Duo Sacramento se apresenta na UFBA

Dupla formada por  pai e filho percussionistas realizam última apresentação no Brasil antes de se apresentarem em Festival internacional e lançar novo CD

Por: Lucas Arraz

 

O evento foi anunciado como um ensaio aberto, mas tinha ares de espetáculo. A tarde da última terça-feira, 13, na Escola de Música da UFBA  foi marcada pelos badalos de percussão do Duo Sacramento. A dupla formada pelo professor de percussão da UFBA, Jorge Sacramento, e seu filho Aquim Sacramento executou pela última vez no Brasil as peças que serão apresentadas no Festival de Percussão da Universidade de Cali, na Colômbia, entre os dias 18 e 24 de junho. No repertório, majoritariamente composições de músicos baianos vivos que também estarão presentes em “Pagodão Swingueira Dub”, novo CD de Aquim e Jorge Sacramento.

Quem passou pelos corredores da Escola de Música e escutou os badalos de percussão, de tambores, berimbaus e xilofones não resistiu e acabou lotando uma das salas que serviu de palco para o último ensaio do Duo Sacramento antes da grande apresentação na Colômbia. Enquanto o pai, Jorge Sacramento, agressivamente batia nos tambores e incorporava a voracidade sonora e histórica de instrumentos como o Berimbau, o filho Aquim Sacramento com sutileza e os pés descalços para “absorver as energias dos instrumentos e do público”, tocava com delicadeza a marimba e o xilofone. Na mistura de agressividade e sutileza, o concerto ainda contou com performances artísticas e a declamação do poema “Segredos” do professor Flávio de Queiroz, traduzido para o castelhano.

Na platéia, o professor de Literatura e Estrutura Musical, Flávio de Queiroz acompanhou o concerto e a execução de suas peças “Segredos” e “Sacramentos”, de olhos fechados e com a mão no coração. Um momento como esse só foi possível por conta da filosofia de trabalho do grupo Sacramento, que apenas apresenta peças de compositores vivos, sobretudo baianos. Algo que o autor de “Segredos” revela ser crucial para o desenvolvimento da música além de lhe causar uma satisfação muito grande. “A sobrevivência da efervescência da musicalidade baiana depende de iniciativas como essa que nos leva para lugares remotos”, conta. Além das peças de Flávio de Queiroz, o Duo apresentou e exporta para a Colômbia obras de compositores baianos vivos da Escola de Música da UFBA como Alexandre Espinheira, Flávio de Queiroz e Wellington Gomes. E “Marimba Moment” de um compositor japonês vivo.

Ao lado do pai há 10 anos com o projeto do Duo, o descalço Aquim Sacramento, 23 anos, ganhou o troféu Caymmi em 2003 pela execução de chorinhos de Pixinguinha com o Núcleo de Percussão da Escola de Música. Ainda hoje, prestes a se apresentar na Colômbia, o jovem se mantém ansioso, mas confiante em, junto com o pai, exportar a música baiana. “Desde sempre foi um sonho tocar ao lado dele [Jorge Sacramento]. Ele é meu exemplo profissional, minha melhor escolha possível”, conta Aquim Sacramento.

“Pagodão Swingueira Dub”

Além da apresentação na Colômbia, o Duo Sacramento se prepara para o lançamento do seu segundo álbum de estúdio, o “Pagodão Swingueira Dub” para o próximo dia 17 de julho. No álbum, novamente apenas compositores baianos vivos que cederam suas peças e ainda colaboram na produção musical da gravação. O lançamento do álbum abre a edição de 2017 do Festival de Percussão  2 de Julho, que conta com a presença de grupos acadêmicos de percussão de todo o mundo, além de oficinas e palestras sobre o tema.

Com 16 faixas, esse será o segundo álbum da dupla, o primeiro foi  “Ziriguidum” de 2014. Sobre o álbum, Jorge Sacramento, professor, pai de Aquim  (a outra metade do duo) defende que o diferencial musical da dupla é a mistura entre os conhecimentos acadêmicos e a experiência de rua que ele, o filho e o Núcleo de Percussão da UFBA adquiriram ao longo dos anos na academia e em bandas de pagode e forró. “Não adianta apenas ler uma partitura, temos que ler com o coração”, defende .

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