Café Científico: uma dose de conhecimento

Verena Guimarães

Um dos eventos científicos mais duradouros de Salvador, o Café Científico, que acontece há nove anos, teve como convidado da sua última edição o professor Jhon Symons, da University of Kansas (EUA). O doutor em filosofia trouxe à Sala de Arte da Ufba a discussão sobre o tema: “o que podemos ensinar aos nossos descendentes pós-humanos?”.

A palestra, que aconteceu na segunda-feira (18), começou com um mergulho no mundo da ficção científica na cena do filme “Eu sou a Lenda”, onde a cidade de Nova York está vazia. Nesse cenário, um único homem, que tem certeza da sua morte, é motivado pela possibilidade de deixar algo relevante para seus descendentes. Também é possível pensar sobre tema com o trabalho de escritores de ficção científica, como Clifford Simak. Porque para pensar o pós-humano é necessário abstrair e tentar imaginar o futuro, e a arte é uma das vias de acesso a esse plano da imaginação.

O filósofo convida a uma discussão à luz do conceito de pós-humanos de Nick Bostrom. Segundo ele, as máquinas super inteligentes vão ser a última invenção do homem e isso pode destruir a raça humana. É a partir desse marco que uma nova era começa.

Os filósofos dos séculos anteriores se perguntavam se a máquina se igualaria aos seres humanos. Hoje, os pensadores refletem se a tecnologia vai ultrapassar a capacidade humana. Para o professor Symons, a inteligência artificial não se difere muito dos humanos contemporâneos. Essa inteligência vai ter acesso a qualquer informação, inclusive avaliar o ser humano e suas produções artísticas e científicas. Porém a máquina não é perfeita. O software é determinista e dentre milhares de possibilidades, o erro pode estar em um caminho não explorado. “Defendo o cultivo da criatividade humana, ao invés de treinamento para o lucro de grandes corporações, não vejo isso durando muito tempo”, concluiu Symon.

O Café

O Café Cientifico da Ufba é uma iniciativa do Programa de Pós-Graduação de Filosofia em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão. O encontro é trimestral e um pesquisador é convidado para explanar sobre assuntos relevantes à sociedade. O professor doutor de filosofia Charbel Niño El-Hani é o idealizador do evento. “Em 2006, li em uma revista científica que na Inglaterra, desde dos anos 90, eram realizados eventos de divulgação científica. Depois disso, falei com meus alunos de pós-graduação e eles se animaram”, explica.

O encontro começou a ser realizado na Biblioteca Central e hoje acontece na Sala de Arte da Ufba. Para a aluna de mestrado em letras Jan Góes, 25, o café é uma oportunidade para agregar conhecimento às suas pesquisas. “Eu pesquiso sobre o tema que foi abordado hoje e para mim foi muito importante ouvir um pesquisador que veio de longe. Seria difícil ter que viajar para outro estado ou país para vivenciar isso”.

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Fotos de Ed Santiago.

Serviço

O quê: Café Científico

Onde: Sala de Arte da Ufba, Av. Reitor Miguel Calmon, s/n. Vale do Canela. Ao lado das Faculdades de Educação e Administração.

Quando: Um vez em cada semestre. A próxima edição será em 1 de junho, com o Reitor da Ufba João Carlos Salles.

Quanto: gratuito.

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