Segunda é dia de Ato de 4

Com 19 anos de existência, projeto da Escola de Teatro da Ufba idealizado por estudantes apresenta cenas gratuitamente toda segunda-feira

Michelle Oliveira

Quatro cenas apresentadas gratuitamente durante as quatro segundas-feiras de cada mês. Esta é a proposta do Ato de 4, projeto que foi criado como parte das comemorações dos 40 anos da Escola de Teatro da Ufba e que completa 20 anos de existência em 2016.

O Ato, como é chamado entre os participantes, foi iniciado pelos então estudantes de direção teatral e licenciatura em teatro, Bertho Filho e Ney Wendell. Sempre coordenado por alunos, as apresentações são abertas ao público e realizadas na sala 5 da Escola, com capacidade para 70 pessoas, às 19 horas.

O projeto de extensão, que é aberto ao público e possui entrada gratuita, é um espaço onde os alunos podem colocar em prática suas ideias. “Eu e Ney Wendell o criamos com o objetivo de fazer mais teatro, de experimentar autores, estéticas e métodos”, afirma o ator e diretor Bertho Filho, que atuou em novelas como Gabriela e na minissérie Força-Tarefa.

Antes dedicadas apenas ao teatro, hoje as cenas podem ser inscritas pela internet por alunos e ex-alunos de qualquer curso da universidade. O que possibilita apresentações de dança e música, por exemplo. As cenas selecionadas para compor o Ato de 4 são apresentadas durante as quatro segundas-feiras de cada mês.

Paulo Cunha, diretor do premiado espetáculo As Confrarias, acredita que o projeto é importante por permitir a experimentação, mas sente falta de um retorno avaliativo para os alunos. “Sempre senti falta de um retorno que possibilitasse a reflexão sobre o que é produzido”, afirmou.

Experiência 

Bruno de Sousa, ator e diretor do premiado espetáculo Benedita, participava do projeto com frequência quando cursou interpretação teatral na Ufba. Ele acredita que a experiência foi rica e instigante para sua formação profisisonal e vê o Ato de 4 como um grande teste prático, sem a obrigação de acertar. “Encontramos nesse espaço a oportunidade de experienciar textos e cenas com o contato direto com o espectador. Foi um grande “ensaio” preparatório para o mercado teatral anos depois”, afirma.

Algumas vezes, as cenas apresentadas são utilizadas na criação de espetáculos maiores. É o caso de Fando e Lis, do aluno de direção teatral Romeran Ribeiro. “O espetáculo surgiu a partir de estudos em sala e a professora sugeriu que apresentássemos no Ato. O que foi importante pois pude ver a reação do público, além de coordenar a operação de luz, o preparo do elenco e a produção em geral”, afirma o aluno que também já participou do projeto como ator.

O diretor teatral Gil Vicente Tavares, que ingressou na Escola de Teatro em 1995, conta que viu o projeto nascer e dirigiu uma cena para o Ato de 4. “Foi a minha geração que criou [o projeto], porque nós éramos muito produtivos e não tínhamos espaço para apresentar”, conta. Ele lembra como no início só era permitido que alunos do curso de teatro, cursando a partir do 3º semestre, se apresentassem. Para ele, esses critérios eram necessários para assegurar a qualidade dos trabalho expostos.

Quem faz o Ato

O projeto ficou parado no ano passado, até que Victor Hugo Sá, aluno de licenciatura em teatro, resolveu formar uma equipe para coordená-lo. Hoje, ele e mais cinco colegas são os responsáveis por manter o Ato vivo. “Eu vi que um projeto muito lindo corria o risco de acabar e quis resgatá-lo. Às vezes, fazemos algo interessante em uma disciplina e quando ela termina, o que foi feito acaba. O Ato resgata isso”, comenta.

Atualmente, o professor Maurício Pedrosa, que participou do Ato de 4 quando era aluno, orienta os estudantes. “O professor não é coordenador. Eu passo orientações quando os alunos querem. A ideia é que o projeto seja totalmente organizado pelos estudantes. É um espaço onde eles podem criar”, afirma Pedrosa, que considera “fantástica” a experiência que teve com o projeto durante a graduação.

Dificuldades

Desde o ano passado, o Ato de 4 deixou de receber a verba de mil reais, cedida pela Ufba, que era destinada à aquisição de materiais. “O dinheiro era utilizado na compra dos equipamentos de suporte às apresentações, como a gelatina para a iluminação e os cabos para o áudio. A equipe que organiza o projeto nunca recebeu bolsa”, afirma Letícia Argôlo, 24, estudante do 6º semestre de licenciatura em teatro e integrante do Ato há quatro anos.

Desde então, os integrantes da equipe de organização compram os materiais necessários para a manutenção do projeto com recursos próprios.

Juras de Guardanapo - Letícia Bianchi e   Leandro Santolli. Fotos: Tayse Argôlo.
Juras de Guardanapo – Letícia Bianchi e Leandro Santolli. Foto: Tayse Argôlo.
Juras de Guardanapo - Leandro Santolli. Fotos: Tayse Argôlo.
Juras de Guardanapo – Leandro Santolli. Foto: Tayse Argôlo.
Juras de Guardanapo - Letícia Bianchi. Foto: Tayse Argôlo.
Juras de Guardanapo – Letícia Bianchi. Foto: Tayse Argôlo.
Liga do Corpo - Andréia Oliveira. Foto: Tayse Argôlo.
Liga do Corpo – Andréia Oliveira. Foto: Tayse Argôlo.
Liga do Corpo - Andréia Oliveira. Foto: Tayse Argôlo.
Liga do Corpo – Andréia Oliveira. Foto: Tayse Argôlo.

O quê: Ato de 4

Quando: todas as segundas-feiras, às 19h

Onde: Sala 5 da Escola de Teatro da Ufba (Av. Araújo Pinho, 292 – Canela, Salvador – BA, 40110-010)

Quanto: entrada gratuita

Texto publicado no Caderno 2+ do Jornal A Tarde.
Texto publicado no Caderno 2+ do Jornal A Tarde.

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