Em 1973, depois de integrar a equipe da primeira redação da revista Veja e de ir preso por porte de drogas, o que alegou ser uma armação da polícia, Caio Fernando Abreu viajou à Europa. Viveu um tempo em Estocolmo, onde sobreviveu lavando pratos em um restaurante e depois em Londres, trabalhando como faxineiro e modelo em uma escola de belas artes.Entre 1974, quando retornou ao país, e 1996, ano de sua morte, Caio esteve envolvido em múltiplas atividades, por muitos lados.
Logo em seu retorno a Porto Alegre, o intelectual franzino e militante dos direitos dos homossexuais disse a que veio. Desafiou o estereótipo do macho gaúcho, desfilando de brincos, vestido e cabelo pintado de vermelho pela Rua da Praia.
E foi adiante. Em plena ditadura, colaborou com a então emergente imprensa alternativa, escrevendo para veículos que desafiavam o regime, como Opinião e Movimento. Fez crítica teatral, escreveu suas próprias peças e, de volta ao continente europeu, em 1992, foi escritor residente na Maison des Écrivains et des traducteurs Étrangers (MEET), França, participou de um congresso internacional de literatura e homossexualidade, em Berlim, e e lançou a versão italiana de Onde Andará Dulce Veiga?
Para mostrar a alma, a obra e o legado de um escritor que teve a coragem de se identificar como soropositivo no auge do preconceito contra os portadores do HIV, os cineastas Bruno Polidoro e Cacá Nazario, também gaúchos, percorreram todas as cidades onde Caio Fernando Abreu viveu, desde a sua terra natal, Santiago, perto da fronteira com a Argentina, passando pelo Rio, São Paulo e algumas das principais cidades da Europa. Lançado no ano passado, o documentário Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes, será exibido nesta próxima terça-feira na SaladeArte Cinema da UFBA, às 19h, dentro do projeto Cinemas em Rede. Entrada Franca.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *