Memorial Lindembergue Cardoso completa 20 anos

Por Itamar Ferreira*

 

Para coMemorial- Fachadamemorar duas décadas do memorial algumas atividades foram realizadas, como a apresentação da Orquestra Sinfônica da Bahia e a apresentação do trabalho de conclusão de curso de Márcio de Souza Vieira, apresentado na Faculdade Dois de Julho, intitulado “Lindembergue Cardoso: Vida e Música”.

Entre as conquistas no ano das duas décadas de aniversário, o memorial ganhou um edital, promovido pela Petrobrás, para restaurar e digitalizar todo o acervo do memorial.  O trabalho não foi realizado ainda por questões burocráticas, segundo a coordenadora do espaço, Lucy Cardoso. “Ano passado não conseguimos fazer nada por questão de burocracia, mas este ano vamos começar a trabalhar nisso, restaurar e digitalizar toda a obra”, afirma Lucy.

Durante esses 20 anos o memorial recebeu milhares de visitantes e realizou exposições itinerantes pelo estado, dentre as cidades que receberam obras do memorial está a cidade natal de Lindembegue, Livramento de Nossa Senhora, no interior da Bahia.

Após vinte anos de funcionamento muitas atividades importantes aconteceram no espaço. Em 2004, foi lançada a coletânea “Memória de Lindembergue Cardoso”, composta de três CDs que resgataram algumas das principais obras do maestro. Para realização do projeto musical parcerias foram indispensáveis, como a do músico e compositor Ataualba Meirelles, que disponibilizou o seu estúdio de gravação, o Virtual Studio, o cineasta Cícero Batomarco, que conseguiu junto à Caraíba o patrocínio, e o apoio da empresa VIVO.

Já em 1998, em parceria com a Secretária de Educação do Estado da Bahia e o Instituto Anísio Teixeira (IAT), o memorial editou o livro Pesquisa Escolar – Lindembergue Cardoso, resultado de uma pesquisa realizada junto à rede pública de ensino. Alunos das escolas pública da capital e do interior produziram diversos trabalhos sobre as obras do músico, os melhores trabalhos foram selecionados para compor o livro, que contém histórias em quadrinhos, arranjos, poesias entre outras expressões artísticas.

Mesmo com seu grande valor histórico, cultural e social o memorial não conta com nenhuma verba fixa, “somente com verbas capitadas através de editais”, diz a coordenadora.

O memorial está instalado na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, mas a Escola não concede verbas financeiras, somente disponibiliza alguns equipamentos, móveis, e alguns funcionários, como os seguranças. As pequenas despesas, como as gastas com correspondência, são pagas com o próprio dinheiro de Lucy, que não recebe nenhum pagamento pelo serviço e dedicação prestado ao local. “Mas vale a pena, por que o memorial é realmente importante”, ressalta Lucy Cardoso.

Memorial

Lucy CardosoO memorial foi criado em 1991 para expor e proteger o patrimônio material e imaterial sobre a vida e obra de um dos mais importantes nomes da música clássica da Bahia. Foi inaugurado, pelo então reitor Rogério Vargens, tendo como diretor da Escola de Música, o professor Paulo Lima. O espaço é coordenado por Lucy Cardoso, idealizadora, proprietária do acervo e viúva do regente.

A ideia da criação do memorial foi preservar e levar ao público um rico acervo com documentação sobre a trajetória de vida e obra de Lindembergue. O visitante pode encontrar uma grande quantidade de acervo deixado pelo músico, além de conteúdos produzidos para relatar a obra do grande mestre da música erudita. Essa documentação pode ser encontrada através de gravações em áudio e vídeo, instrumentos musicais, partituras, artigos de jornais, cartazes, fotografias, condecorações e criações de sua autoria em artes plásticas. O memorial está associado à Escola de Música da Ufba, local onde Lindembergue estudou e lecionou.

O memorial fica localizado na Avenida Araújo Pinho, nº 58, em casa anexa à Escola de Música da Ufba. Os horários de funcionamento para visitação são nas terças e quintas-feiras, das 10 às 15h. Para visitar outros dias é preciso agendar.

Vida

Lindembergue Rocha Cardoso nasceu em Livramento de Nossa Senhora, no interior da Bahia, no dia 30 de junho de 1939.

Estudou na Escola de Música da Ufba no curso de Composição e Regência. Após a graduação tornou-se docente da Escola de Música, lecionando composição, instrumentação, literatura entre outras matérias da área musical.

Em 1966 fundou o Grupo de Compositores da Bahia, do qual também participava entre outros nomes, Tom Zé. Já em 1972 ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Música Contemporânea. Ocupou a cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Música em 1988.

Multi-instrumentista, Lindembergue Cardoso tocava piano, sax, fagote e percussão. Compôs para espetáculos de dança e teatro. Quando, o então Papa, João Paulo II visitou Salvador em 1980, Lindembergue compôs a “Missa João Paulo II na Bahia”. O músico também passeou pelo mundo das artes plásticas.

Lindembergue foi um premiado compositor e regente. Entre os prêmios recebidos, destacam-se a medalha de prata Reitor Edgard Santos na apresentação dos Jovens Compositores da Bahia em 1967 e o 3º prêmio na Categoria Sinfônica, em 1970, no II Festival de Música da Guanabara no Rio de Janeiro. Recebeu mais de vinte prêmios em vida e alguns Post-Mortem.

Em 1989 faleceu, precocemente, aos 49 anos, vítima de um infarto, na época era vice-diretor da Escola de Música da Ufba.

Lindembergue tem sido tema de estudos e pesquisas acadêmicas, tanto no Brasil quanto no exterior, mostrando assim, que o artista ainda é reconhecido pela importância da sua obra na música contemporânea e no mundo acadêmico.

A Ufba mantém um site sobre o compositor, www.lindemberguecardoso.mus.ufba.br.

 

 

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

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