Escola Politécnica da UFBA completa 120 anos de existência

Para Tatiana Dûmet, diretora da Escola, o maior mérito é poder transformar seus alunos em grandes profissionais                                            

                                                                                                         Por Rafaela Fleur

Com 10 cursos de engenharia e mais de 5 mil alunos matriculados, a Escola Politécnica da UFBA (Poli, para os mais íntimos) completou, na última quarta feira (14) 120 anos de existência. Fundada 50 anos antes da própria Universidade, a instituição que possui a escadaria mais temida da UFBA e fica localizada no bairro da  Federação, já funcionou como um lugar de resistência na época da ditadura militar e tinha como aluno um dos principais organizadores da luta contra o regime, Carlos Marighella. “Somos a quarta maior escola de engenharia do Brasil e nesses 120 anos formamos grandes profissionais”, afirmou Tatiana Dûmet, diretora da Escola  desde 2014.

Idealizada pelo engenheiro Arlindo Coelho Fragoso, em 1897, após muitas reuniões, a Escola começou a funcionar. Chamada de “Colégio do Arlindo”, por conta da falta de infra-estrutura do espaço, só foi considerada como instituição de ensino superior no ano seguinte. Com isso, as coisas começaram a melhorar. Em abril de 1901 a Escola deixava o Pelourinho e transferia-se para a esquina da Praça da Piedade, no centro da cidade. “Foi o ano em que formamos a nossa primeira turma”, comemora Tatiana. A Poli permaneceu lá até 1953, quando  se firmou na Federação, local que continua até hoje.

Dificuldades

Com 7 departamentos, 27 salas de aula e 15 laboratórios, a Escola já está pequena para tantos alunos. Em dias de maior fluxo, o que acontece principalmente às terças e quintas no turno da noite,  não há  salas para todos. “São 39 turmas para 27 salas. Não conseguimos alocar todos aqui e acabamos usando espaço de outros campi, como o PAF I, em  Ondina”, declarou a diretora.

A ampliação da Escola teve início em 2011, com a construção de um novo prédio, que além de novas salas teria também novos laboratórios. Porém a obra está parada desde 2013 por falta de recursos. Para Tatiana, além da infra-estrutura, outra grande dificuldade é manter alunos e professores motivados. “Muitos professores não se preocupam diretamente com a instituição e muitos alunos não aproveitam os recursos disponíveis”, lamentou.

Machismo

Se para os alunos em geral a motivação é um problema, é com as mulheres que o problema se agrava ainda mais. Apenas 26% dos discentes são mulheres, e a porcentagem na grade dos docentes é ainda menor: 24%. Com diversos casos de assédio e machismo relatados na Escola, a direção tem se posicionado e algumas ações vêm sendo feitas em relação a isso. “Existe um grupo feminista atuante na Politécnica e temos realizado discussões sobre gênero. A adesão ainda é pequena, mas está crescendo”, informou Tatiana.

Em maio de 2015, o docente Luiz Santiago de Assis foi acusado de assédio por alunas. Hoje, ele se encontra  afastado da instituição e respondendo  processo. “Todas as vezes em que recebemos esse tipo de denúncia nós averiguamos e tomamos atitudes. Não temos tolerância alguma com esse tipo de conduta aqui”, afirmou a diretora.

Fundada em 1901, a Biblioteca da Escola Politécnica surgiu quatro anos após a instalação da Escola. A partir de 1945, foi organizada sob a direção da engenheira Bernadete Sinay Neves, a primeira mulher formada na escola. Alguns anos depois, a biblioteca recebeu o seu nome, como forma de homenagem.

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