Harildo Déda recebe homenagens por sua trajetória no teatro baiano

Por Marília Moura*
Emocionado e bem humorado, foi assim que Harildo Déda interagiu com a plateia da edição especial do “Conversas Plugadas”, que aconteceu no Foyer do Teatro Castro Alves (TCA), na segunda-feira, 07 de novembro. Além do bate-papo com o ator e diretor, o público conferiu o lançamento do livro “Harildo Déda, a matéria dos sonhos”, escrito pelo diretor teatral, doutor em Artes Cênicas e professor da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Luiz Marfuz e pelo também doutor em Artes Cênicas e professor da Escola de Teatro, Raimundo Matos de Leão.

 

Na abertura do evento, a produtora cultural Selma Santos destacou que ambas as ações realizadas naquele dia constituíam etapas do “Mestres da Cena”,  projeto da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), idealizado pelo diretor teatral e ex-secretário de cultura, Márcio Meirelles, com o intuito de homenagear, relembrar e apresentar para as novas gerações o legado de grandes nomes  das artes cênicas da Bahia.

 

Em seguida, o ator Marcelo Flores iniciou a conversa declamando o “Soneto 122”, de William Shakespeare. Durante o bate-papo com Marcelo Flores, Harildo respondeu a perguntas sobre sua carreira, referências para o seu trabalho e relembrou momentos de sua trajetória enquanto ator, diretor e professor da Escola de Teatro da Ufba.

 

Quando questionado sobre o porquê de ter ficado na Bahia, de não ter ido atuar no eixo Rio-São Paulo, Harildo respondeu fazendo referência a um trecho da música “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil, “a Bahia me deu régua e compasso”, afirmou, lembrando o quanto é importante para ele repartir experiências com outros atores e diretores do teatro baiano. O homenageado da noite ressaltou que o aprendizado é algo constante e se definiu como um “vampiro de juventude” que está sempre aprendendo, seja com seus colegas de profissão ou com seus alunos. Sobre seu modo de atuar, ensinar e dirigir, que Luiz Marfuz denomina “poética Déda”, Harildo declarou que sua maneira de passar experiência consiste em se aproximar da pessoa e tentar vislumbrar o que ela é para saber aonde ela quer chegar enquanto ator/atriz.

Durante o “Conversas Plugadas” Harildo Déda também relembrou passagens marcantes de sua carreira, a exemplo da experiência de encenar teatro de cordel em outros países, viajar pela América Latina com a peça “Quincas Berro D’Água” e os momentos em que era necessário “ludibriar” a ditadura militar para continuar atuando. No fim da conversa com o público, Harildo Déda afirmou que sua meta enquanto ator é “encontrar sempre o humor e o amor” e respondeu à pergunta sobre o que é ser um bom ator, com uma frase da atriz Marília Pêra: “ator tem que pastar”, ressaltando que o trabalho de um ator é contínuo, “o talento vem e se mostra numa peça, mas a vocação tem que ter continuidade”, declarou Déda.

 

Além de Luiz Marfuz e Raimundo Matos de Leão, autores do livro “Harildo Déda, a matéria dos sonhos”, estiveram presentes a diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), Nehle Frank e o diretor de teatro e idealizador do projeto “Mestres da Cena”, Márcio Meirelles. Após o “Conversas Plugadas”, os autores participaram de uma sessão de autógrafos.

 

Harildo, um Mestre – Harildo Déda foi o primeiro representante do teatro baiano a ser homenageado pelo “Mestres da Cena” que, em 2010, homenageou a atriz e diretora Yumara Rodrigues. O projeto realizou o espetáculo homenagem “A Última Sessão de Teatro”, escrito e dirigido por Luiz Marfuz e encenado por Déda, Neyde Moura e Fernando Santana. A peça estreou no Teatro Vila Velha em novembro de 2009 e venceu o Prêmio Braskem de Teatro na categoria melhor ator para Harildo Déda. Além da peça, o projeto realizou a oficina “Fazendo Shakespeare”, direcionada para atores profissionais e ministrada por Déda, e as duas ações citadas anteriormente, o lançamento do livro escrito por Luiz Marfuz e Raimundo Matos de Leão e a edição especial do “Conversas Plugadas”. Em 2012, o projeto pretende lançar um vídeo-documentário sobre a relação entre a trajetória profissional do ator, diretor e professor e a história do teatro baiano.

 

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

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