Iniciativas de jornalismo esportivo rompem lacuna de ensino e extensão nas universidades

Apenas 5 dos 15 cursos de jornalismo mais bem avaliados do Brasil ofertam disciplinas na área

Por: Maria de Moura

De acordo com uma pesquisa realizada em 2017, apenas 10 dos 15 cursos de jornalismo mais bem avaliados do Brasil tinham componentes curriculares de jornalismo especializado. Destes, somente cinco tinham disciplinas específicas de jornalismo esportivo.

Nesse cenário, estudantes de universidades baianas tentam romper a lacuna de formação profissional na cobertura de esportes com projetos de extensão e iniciativas independentes.

O cenário mostrado pela pesquisa da Revista Observatório se reflete também na Bahia. Na ementa do curso de Jornalismo da UFBA, por exemplo, somente uma disciplina menciona jornalismos especializados.

Extensão como formação pedagógica de jornalistas esportivos

Diante desse cenário, iniciativas de extensão despontam, avaliação de estudantes de jornalismo entrevistados, como fundamentais para formação pedagógica daqueles discentes que se interessam por jornalismo esportivo.

Yasmin Oliveira, que participou da criação da primeira Liga Acadêmica de Jornalismo Esportivo da UFBA, destaca que a iniciativa surgiu em 2022 com o objetivo de suprir a falta de atividades práticas na área. A presidente destaca que a falta de disciplinas específicas na área foi um forte motivador para a criação da Liga.

Reprodução: LJEU Isis Cedraz, David Zuco, Yasmin Oliveira.
Reprodução: LJEU
Equipe da LJEU: Isis Cedraz, David Zuco, Yasmin Oliveira.

“Eu sempre escutava nos corredores pessoas falando que sentiam falta de uma optativa de análise esportiva ou de alguma matéria que falasse sobre isso. Mas não tinha e a Liga surge para suprir essa lacuna que a gente tinha dentro da Facom”, exemplificou Yasmin.

Já o professor tutor da iniciativa, Washington Filho, reconhece as dificuldades de ofertar uma formação mais ampla aos estudantes. Para ele, a LJEU vem para preencher esse vácuo.

“[As atividades da Liga permitem] discutir questões que transcendem os limites da formação e do padrão que a gente segue. Infelizmente a gente [a faculdade] não consegue oferecer aos estudantes conteúdo que permitam a ele intensificar essa formação”, explicou o professor.

Através da liga, os estudantes têm a oportunidade de aprender mais sobre a área e agregar conhecimentos em seu currículo. A Liga Acadêmica promove eventos, como bate-papos com profissionais renomados e produção de conteúdo regular sobre o esporte universitário, o esporte baiano e o esporte, de maneira geral.

Além da lacuna no ensino, a falta de apoio institucional também é uma barreira na formação dos estudantes, segundo Matheus Xavier, fundador da Uni.CJ, jornal laboratório formado por estudantes da Universidade Católica.

A iniciativa, que contava com equipamentos da universidade, como câmeras, hoje realiza suas atividades com equipamentos dos próprios dos membros. O Uni.CJ funciona como um grupo de estudantes que realiza coberturas de jogos universitários em diversas modalidades, desde esportes tradicionais até e-sports.

Matheus destaca que o grupo promove uma ampla experiência prática para os estudantes. “Quando mandamos a equipe para algum local, a pessoa vai assistir a um jogo, dar um resultado, entrevistar, trazer dados, etc”, explicou o presidente.

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