Qual será o destino do CineFacom?

Edição do dia 10 de julho atraiu público diminuto. Organizadores e professor da Facom discutem motivos para o esvaziamento do evento, que trouxe, nesta última edição, filmes experimentais.

*Por Guilherme Reis

O jornalista e cartunista Ediel Ribeiro costuma dizer que o cinema contemporâneo vem perdendo cada vez mais espectadores, e um dos motivos para isso são os próprios filmes. O CineFacom, mostra audiovisual dos estudantes da Ufba, parece ter vivenciado essa experiência. A 5ª edição do projeto (que estava marcada para o dia 3, mas foi adiada por falta de público), realizada na última quarta-feira, 10 de julho, atraiu não mais que 25 pessoas ao auditório da Faculdade de Comunicação (Facom-Ufba). Segundo a assessora de imprensa da mostra, Victória Libório, o problema foi o gênero dos filmes.

“Trata-se de um público restrito, que está preparado para a proposta de um cinema experimental. A cultura de massa nos induz a ter uma narrativa de início, meio e fim. O experimental foge a esse padrão e afasta o público que não está acostumado a admirar o cinema arte”, reflete Victória.

Foto: CA Facom | Divulgação
Foto: CA Facom | Divulgação

Dira Souza, uma das organizadoras do evento, discorda. Para ela, o problema girou em torno da falta de divulgação. “Hoje o público realmente foi bem menor. Não nos articulamos muito com os realizadores para eles divulgarem. Além disso, acredito que foi problema nas manifestações recentes e nos jogos que nos fizeram adiar o evento 2 vezes”, declara. As edições anteriores tiveram uma média de 35 expectadores, sendo que o maior número registrado foi pouco superior a 50 pessoas.

Recentemente, o CineFacom foi selecionado em um edital da Pró-Reitoria de Extensão da Ufba (Proext), que se torna patrocinadora do projeto durante um ano. Dessa forma, a comissão organizadora espera ter maiores condições de organizar e criar estratégias de divulgação, uma vez que, até o momento, a mostra tem a própria Facom como maior apoiador, além de alguns sites e blogs culturais que também contribuem.

“Além do espaço, temos também os parceiros para a divulgação. Foi feito um pedido de cartazes, que conseguimos em parceria com a Edufba (Editora da Ufba). Por ser colorido, o material tem um custo maio. A Edufba tem participado ativamente, mas não pôde contribuir com o banner, porque só podemos fazer o que determinadas rubricas permitem”, pontua o diretor da Facom, Giovandro Marcus Ferreira.

Foto: CA FACOM
Foto: CA FACOM

Camila Brito, membro do Centro Acadêmico e da organização do evento, revela que a maioria dos veículos de comunicação encarregados da publicidade fazem o trabalho de forma voluntária: “Muitos deles se interessaram pelo projeto e solicitaram o envio contínuo de informações. Outros blogs e sites de cinema, assim como agendas culturais, divulgam as ações a partir de sugestão de pautas que enviamos constantemente”. Nesse ponto, ela ressalta o destaque dado pela Agenda Cultural da Bahia à ultima edição, que figurou na 1ª página na sessão “Cine e Vídeo”.

No entanto, há quem minimize a questão do marketing. Para o professor da Facom Maurício Tavares, os anúncios têm a sua importância, mas não determinam o sucesso. Para ele, a substância dos filmes é fundamental: “Não é que os alunos não gostem de cultura, mas curtem um certo clichê cultural. O pessoal daqui não está muito acostumado a frequentar esses filmes que são classificados na categoria ‘cinema de arte’. Claro que há uma minoria que gosta, mas a maior parte fica ligada em blockbusters”, provoca.

Foto: Divulgação CA Facom
Foto: Divulgação CA Facom

FIILMES SELECIONADOS

Seis curtas-metragens foram selecionados para integrar a 5ª edição: “Silfos”, de Andreia Oliveira; “Para que não nos sintamos tão sós”, feito a quatro mãos por Fabricio Ramos e Camele Queiroz; “Silhueta”, de Marcio Liolly e Ana Clarissa Lopes; “Microponto Poético”, dirigido por Gabriel Ormuz Machado; “Códex”, produção conjunta de Andréia Oliveira, Carolina Frinhani e Ludimila Pimentel; e “Half-Way House”, resultado da tese de mestrado em dança terapia da holandesa Susanne Ohmann, que atualmente é doutoranda em Artes Cênicas pela Ufba.

O professor da Ufba José Francisco Serafim acredita que este último é o filme mais bem realizado entre os inscritos. “Trata-se de uma pessoa que tem um conhecimento e já fez muitos vídeos antes. Na seleção, então, tivemos alunos da graduação que estão fazendo seu primeiro filme e outros que já têm equipamentos muito bons, montagem e música original muito boas, como foi o caso dos filmes que ela (Susanne Ohmann) nos apresentou, apesar de termos selecionado apenas um”, analisa. Serafim também destaca os trabalhos apresentados pelos alunos da Escola de Dança, a exemplo do vídeo-dança “Silfos”, como sendo um dos melhores exibidos na última mostra.

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