Espetáculo Tombé encerra o 8º Encontro Interação e Conectividade

Por Natácia Guimarães

“Eu não sabia que a vida se reduzia a isso!” Essa foi uma frase marcante no espetáculo Tombé, da Companhia de Teatro Dimitri, que encerrou, no último sábado, dia 30, o 8º Encontro de Artes Interação e Conectividade (IC8), no Sesc Senac Pelourinho. Durante dez dias, o IC8 trouxe para Salvador espetáculos nacionais e internacionais, despertando reflexões em torno da perspectiva curatorial “Arte, Tesão e Outras Transas”. A peça, que lotou o teatro, dirigida pelo diretor baiano Jorge Alencar, tem como um dos objetivos principais questionar o espectador e o fazer rir de si mesmo.

O espetáculo Tombé, nome inspirado em um passo do balé, já traz no título o que é considerado uma das suas características principais: fomentar as discussões sobre estereótipos em diversos tipos de dança. O stand up comedy dance, como é definido o formato da apresentação que recria a situação de um ensaio teatral, é formado por cinco atores. Quatro são principais e um atua como produtor do espetáculo. Os protagonistas dançam e interpretam durante todas as cenas. A abordagem de dança, dessa forma, é intensa e diversa. Hip-hop, balé e dança moderna são alguns dos estilos presentes.

Na peça, a companhia de bailarinos-criadores-estudiosos convoca os filósofos franceses pós-estruturalistas numa sátira ao universo pedagógico e, zomba da aprendizagem na dança. As performances também aparecem. Além disso, é relevante a crítica ao papel do corpo, à função dos próprios espetáculos de dança e, peças de teatro, e todo o sentido que existe neles. A improvisação, o contato com o público e as críticas bem formuladas fizeram com que todos rissem durante toda a peça.  Crianças, jovens e adultos se divertiram com o enredo criativo de Tombé.

Os jogos de luzes e a ausência de cenário, para transpor a atmosfera real de um ensaio, combinados à trilha sonora e aos próprios efeitos visuais dos corpos, produzidos pela união da dança com a luz, fornecem uma particularidade ao espetáculo: o palco parece um quadro de pintura sendo remodelado constantemente. “A peça me surpreendeu. É muito engraçada e a sua crítica, bem estruturada e embasada, torna o espetáculo muito interessante”, disse a socióloga, Arlene Guimarães.

Pensar e desconstruir. Tombé anuncia uma reflexão sobre o homem: questionando sobre a condição do ser humano, a sua vaidade de querer sempre o melhor e, com um conteúdo diverso, consegue atingir vários tipos de público. Fundado em 1998, em Salvador, o Dimenti é um grupo de produção cultural e criação artística, que articula interesses diversos, como dança, teatro, cinema, curadoria, comunicação e gestão. Dentre as suas ações está o encontro anual de artes “Interação e Conectividade”.

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