Festival ‘Maré de Março’ está de volta com programação repleta de novidades

As atividades acontecem entre os dias 19 e 24 de março, com espetáculos de rua e em espaços alternativos

 

Após seis anos, o Festival Maré de Março volta a ocupar ruas e espaços culturais alternativos da capital baiana. O evento, que acontece de 19 a 24 de março, se tornou um marco na cena artística local, e em sua quinta edição retorna com uma proposta ainda mais vibrante e inclusiva, com atividades presenciais em diversos locais, entre eles: Largo do Cruzeiro de São Francisco, Praça Tomé de Souza, Casa Preta Espaço de Cultura, Museu Náutico da Bahia – Farol da Barra, Largo de Santo Antonio, Praça do Campo Grande, Biblioteca Central do Estado da Bahia e na Casa Rosa Salvador.

Sob a curadoria de Mônica Santana, do bailarino e coreógrafo Antrifo Sanches  e dos diretores Caio Rodrigo e Gordo Neto, a programação presencial inclui dez espetáculos de teatro e circo, sendo três convidados e sete escolhidos por meio de chamada pública ocorrida em janeiro de 2024, além de show musical. 

Das mais de 50 obras inscritas, foram selecionadas: “Biblioteca de dança”, do grupo Dimenti; o solo “Das ‘Coisa’ Dessa Vida…”, com o ator Ricardo Fagundes; as performances de dança e acrobacia “Esfera” e Roda Cyr, da multiartista Pauline Zoé; Mais um Gol de Cabeça – Mário Falcão e Johann Alex de Souza; a peça “Histórias do Mundão”, do grupo soteropolitano Chegança Atelier Cultural; a peça “Museu do Que Somos”, do grupo de artistas gays CORRE Coletivo Cênico; e o espetáculo de rua “Rominho e Marieta”, dirigido pela diretora sergipana radicada em Salvador, Letícia Aranha. 

As montagens convidadas evidenciam trabalhos de grupo com décadas de existência e grande relevância no cenário do teatro de rua nacional. No dia 19 de março, às 20h, no Cruzeiro de São Francisco, os grupos potiguares Clowns de Shakespeares, Asavessa e Facetas apresentam o espetáculo de teatro de rua “Ubu – O Que é Bom Tem Que Continuar!”. Já no dia 20 de março, acontecem as apresentações do Grupo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, com  performance cênico musical “Violeta Parra, Uma Atuadora”, às 19h, na Casa Preta, e da Companhia baiana de Teatro Popular de Ilhéus, com a peça “Borépeteī, Uno”, às 20h, na Praça Municipal de Salvador. Para mais informações basta acessar o  site oficial do evento. 

Desde sua primeira edição, em 2013, o Maré de Março traz uma programação de espetáculos que se apropriam dos espaços públicos, numa relação direta com a rua e com a cidade, assim como em espaços adaptados, como casarões, museus ou bibliotecas, nunca num teatro convencional. O diretor geral do festival, Gordo Neto, pontua que as montagens visam colocar os espaços enquanto dramaturgia e “a relação com o público se dá em convenções acordadas durante as apresentações, chegando, por vezes, a borrar as fronteiras entre cena/palco e plateia”.

Com o intuito de promover a inclusão social e a acessibilidade em cenários de apresentações artísticas, neste ano o Festival promoverá ainda formação da equipe através de Consultoria em Acessibilidade com Edu O. e Natália Pinto da Rocha Ribeiro, artistas e professores da Universidade Federal da Bahia. A ideia é transmitir e ampliar os conhecimentos sobre a construção de um ambiente acessível, melhorando o vocabulário e o espectro de atitudes específicas no trato de pessoas com deficiência.

As apresentações dos espetáculos contarão com visita guiada sensorial e com descrição detalhada dos aspectos visuais para atender às necessidades específicas das pessoas com deficiência visual, assim como com intérprete de libras para deficientes auditivos, através da parceria da Pense em Libras e da Clínica Desenvolver que disponibilizará uma acompanhante terapêutico para pessoas com dificuldades psicossociais e motoras. 

Festival

Além da Mostra Presencial, o projeto contará em seu site oficial com uma Mostra Virtual. Seis espetáculos, selecionados através de chamada pública, serão disponibilizados durante o mês de abril de 2024. O site também hospedará um catálogo de espetáculos baianos, tanto para o público quanto para possíveis curadores interessados na produção local.

Já no mês de maio, o Festival Maré de Março em parceria com a Cia de teatro Avatar (que realiza o Festival de Teatro da Caatinga) e o Teatro Terceira Margem irá desenvolver uma série de atividades de intercâmbio com a realização de mesas redondas (gestão e produção de festivais), rodas de conversas,  oficinas de processos criativos em grupo e apresentações presenciais de espetáculos – A Travessia do Grão Profundo, dirigido por Paulo Atto (Cia Avatar), e [sem]Drama com interpretação e direção de Caio Rodrigo (Teatro Terceira Margem) e Gordo Neto, ambos apresentam-se na Casa Preta, sede do Festival.

O diretor artístico do Maré de Março, Caio Rodrigo, fala que “o principal objetivo é  promover produções que priorizem a pesquisa e criação estética em espaços não convencionais, colaborando para uma ocupação mais criativa e democrática das ruas e espaços alternativos da cidade, colocando o espaço público como provedor de entretenimento e reflexão”.

Ao colocar uma programação que traz espetáculos ao ar livre e em espaços não convencionais, o Festival Maré de Março contempla os transeuntes, oportunizando um público que não frequenta o edifício teatral, pulverizando as atividades em bairros distintos, ampliando de maneira significativa o acesso às produções teatrais.

Retomar um festival que teve sua última edição em 2017 é um passo importante para que se consolide como um evento calendarizado da cidade. “Acreditamos ser oportuno e importante a realização de um projeto que priorize os grupos e artistas locais, além de uma programação heterogênea realizada em março, mês em que se comemora o Dia Nacional do Circo e Dia Mundial do Teatro”, enfatiza Gordo Neto.

Além da direção geral de Gordo Neto e a direção artística de Caio Rodrigo, o Maré de Março conta com a direção de produção de Ramona Gayão, produção executiva de Raquel Bosi e a coordenação técnica do iluminador e professor da UFBA, Pedro Dultra Benevides.

 

Caminhos

O Festival Maré de Março tem sua primeira edição em 2013, realizada sem apoio financeiro. Já a segunda edição, em 2015, por meio de edital público da Prefeitura de Salvador, com uma programação composta por 10 espetáculos participantes, entre eles uma atração internacional. Em 2016, o festival aconteceu em diversos bairros da cidade, contou com seis shows, sete espetáculos teatrais, uma mostra, uma oficina, além de um debate, e foi realizado por meio de apoio e parcerias com grupos, espaços alternativos, artistas e técnicos. A quarta e última edição ocorreu em 2017, com o apoio do Governo do Estado da Bahia.

Em 2024, o Festival Maré de Março – Ano V foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador, e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.

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