Primeiro dia do Mafro e Você aborda empoderamento negro através da fotografia

O Mafro e Você acontece em celebração ao Mês da Consciência Negra. Em seu primeiro dia, o projeto contou com a presença do fotógrafo Alberto Lima, autor do Projeto Stillos

                                                                                                           Por Rafaela Fleur

 

Em celebração ao mês da Consciência Negra, o Museu Afro-Brasileiro da UFBA (Mafro), localizado no Terreiro de Jesus (Pelourinho), realizou na última quarta feira (9), às 16h30, o primeiro encontro do Mafro e Você.  Com o painel “Empoderamento negro através da fotografia”, o fotógrafo Alberto Lima relatou sua trajetória e mostrou como o seu trabalho pode funcionar como uma ferramenta de resistência. Os próximos encontros acontecerão nos dias 16 e 23 de novembro.

“Há 24 anos estudo a cultura afro-brasileira e suas influências. Quando cheguei em Aracaju, conheci o Povoado Mussuca e, de cara,  identifiquei diversas influências religiosas que nem as próprias pessoas de lá tinham percebido”, relatou o fotógrafo soteropolitano.  A admiração pelo povoado foi tão grande que Lima lançou, em 2005, com o patrocínio da Petrobrás, o livro “Mussuca: Fragmentos da África em Sergipe”. “Trabalho feito por negro e com negros é muito difícil de conseguir dinheiro, eu tive sorte”, afirmou.

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Após falar sobre o seu primeiro trabalho, Lima explicou o seu atual projeto: Afro Stillos. Segundo ele, a Stillos é uma agência de modelos aliada a um movimento social. “Queremos fortalecer a auto estima do povo negro através de ações coletivas diversas”, acrescentou. Contrapondo o padrão eurocêntrico de beleza, na Stillos todos os modelos são negros. Outro ponto abordado por Lima é a questão da exigência do corpo magro no mercado da moda. “Nunca tinha visto um projeto que desse espaço para a mulher negra e gorda, ou era um ou era outro. Resolvi abraçar os dois”, destacou.

Em meio à exposição de seus trabalhos, o fotógrafo contou que em 1987 entrou para o movimento negro, mas logo percebeu que ali não era o seu melhor espaço de atuação. “Descobri que minha participação seria mais efetiva na área cultural”. Hoje, Lima não tem dúvidas que fez a escolha certa e afirma que a fotografia é sua grande ferramenta de resistência.

A quinta edição do Mafro e Você promove uma série de diálogos aberta ao público para tratar do tema da Década Internacional de Afrodescendentes:”Reconhecimento, justiça e desenvolvimento”. Marcos Rodrigues é organizador do ciclo de palestras e explica que o projeto foi adaptado à realidade do museu. “Fui convidado quando defendi o mestrado em 2012, fiz esse projeto nos 450 anos de Salvador”. O jornalista acredita que antes de tudo, é preciso quebrar paradigmas e que foi para isso que o espaço foi criado. Para ele, é necessário ‘quebrar os muros’ da universidade e fazer com que as pessoas se enxerguem. “Nós, negros, não nos vemos no espelho. É preciso que a gente discuta a nossa realidade”.

Para o psicólogo, diplomata e músico Amintas Angel, a importância de eventos como esse no novembro negro é enorme. “A cultura afro tem uma grandeza enorme. Não só no Brasil, mas especialmente na Bahia. A comunidade negra precisa ser mais mostrada, nossa cultura, nossa beleza, nossa arte. É preciso que nós tenhamos orgulho desse elo transatlântico que temos com a África”.

Na próxima quarta (16), o tema do painel é  “Porque o negro dança?” e o convidado será o coreógrafo Luiz Bokanha, que integrou diversas companhias e apresentou-se em vários países como Espanha, França, Hungria, Itália, Bélgica, Alemanha, Suécia, Iugoslávia, Holanda, Dinamarca, Israel e Estados Unidos. O encontro acontece sempre às 16h30, no MAFRO, localizado no Terreiro de Jesus (Pelourinho).

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