Sessão especial do CineFacom exibe o filme de animação “Ritos de Passagem”

*Por Rayssa Guedes

Ritos de Passagem, longa-metragem de animação baiano dirigido por Chico Liberato, foi exibido na noite do dia 10 de setembro, terça-feira, no auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA. O filme, que dialoga com o cotidiano do povo nordestino, celebrou a mostra especial da VIII edição do projeto CineFacom, que tem apoio da UFBA através do Edital PROEXT/Eventos 2013.

Criado em fevereiro de 2013, por meio do Centro Acadêmico “Outras Palavras” da Faculdade de Comunicação da UFBA, o projeto CineFacom tem sido um espaço de circulação e reflexão da produção audiovisual acadêmica e contemporânea. O CineFacom promove mostras quinzenais (às quartas-feiras), de variados gêneros e temáticas, possibilitando a inscrição de vídeos de estudantes matriculados na UFBA. Atualmente o CineFacom é realizado com apoio da UFBA através do Edital PROEXT/Eventos 2013, com emissão de certificados de horas de extensão acadêmica.

Camila Brito, membro do CA da Facom e uma das idealizadoras do cineclube ressalta a importância do evento “para os alunos que se interessam em trabalhar com audiovisual” e “o pioneirismo do evento em reunir produtores, realizadores e diretores de audiovisual para conversas e trocas de experiências”, revela a estudante.

Ritos de Passagem gira em torno de dois personagens recorrentes no imaginário nordestino, o Santo e o Guerreiro. Após a morte, os dois personagens entram na barca de Caronte, o barqueiro do rio que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos, segundo a mitologia grega. A partir desse enredo, é iniciada uma reflexão sobre os atos e escolhas que cada personagem fez em resposta aos acontecimentos que a vida lhes reservou. O Guerreiro recorda os fatos de sua jornada clandestina ao lado de seus companheiros e o Santo traz à memória sua luta por liberdade e plenitude espiritual.

O filme dialoga com os costumes do povo nordestino, que vive seu dia-a-dia imerso em suas crenças e superstições. Em Ritos de Passagem, Chico nos apresenta cantigas populares típicas do Nordeste, folclore, costumes e hábitos da gente do semiárido brasileiro. Os dois personagens principais da animação, o Santo e o Guerreiro, são uma clara homenagem a Lampião e a Antônio Conselheiro.

Chico Liberato, figura expoente e pioneira no cinema de animação na Bahia e diretor do filme, acentua a possibilidade de produzir filmes que tragam uma mensagem: “É totalmente viável fazermos filmes que sejam dispositivos de reflexão sobre a nossa vivência. Neste filme, por exemplo, eu e Alba Liberato, roteirista, pegamos uma história que teve significado histórico. Nosso objetivo é de que essas histórias deem motivação existencial para o nosso povo”, declara.

Alba Liberato, roteirista do longa, menciona a junção do seu interesse por cultura popular nordestina e o trabalho de Chico Liberato em animação como a principal causa das produções audiovisuais quem vêm realizando. “É tão fascinante o Nordeste. Tantos artistas vêm beber da nossa fonte, e a gente não valoriza. Ou quando valoriza é de forma subestimada. Seus gestos, costumes e culturas tradicionais que têm uma força incrível de ensinamento e sabedoria. E que fazem parte da gente queiramos ou não”, afirma a roteirista.