Filme sobre o cangaço embala segunda sessão da Rede de Cinemas Digitais

*Por Virgínia Andrade

A Morte Comanda o Cangaço, longa-metragem brasileiro dirigido por Carlos Coimbra e Walter Guimarães Motta, foi exibido na noite de terça-feira (10), na Saladearte da UFBA, no Vale do Canela. Clássico sobre o tema, o filme integrou o segundo encontro da Rede de Cinemas Universitários Digital, projeto realizado pelo Ministério da Cultura (MinC) em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

Abertas ao público, as exibições da Rede acontecem todas as segundas terças-feiras de cada mês, permitindo que todo o conteúdo audiovisual de cada instituição participante possa ser compartilhado e exibido simultaneamente nas seis salas de cinemas que integram o projeto atualmente. Segundo Elisabete Barbosa, coordenadora do projeto na UFBA e Assessora Cultural para Cinema e Audiovisual da PROEXT/UFBA, a expectativa é que o circuito fortaleça não somente a cidade e a sociedade baiana, como também e especialmente o recém criado curso de cinema da universidade.

Rede Com o propósito de dinamizar a circulação das produções locais e democratizar o audiovisual brasileiro, a Rede surge como forma de interligar salas de cinema e possibilitar a articulação de diferentes áreas universitárias. A intenção é que esse novo circuito resolva duas questões primordiais: a primeira, consolidar espaços pouco frequentados, como cinemas alternativos, independentes, cineclubes, que ainda precisam se estabelecer enquanto salas; a outra, diversificar e difundir as programações desses espaços, a fim de promover um intercâmbio de conteúdos e ideias constante.

O próximo passo do MinC é expandir a rede, para que alcance outros espaços de exibição não comerciais e que não contam com a avançada infraestrutura de rede. Para os organizadores do projeto, por integrar a formação do estudante universitário, público alvo da Rede, a qualidade infotécnica, em termos de espaço e programação, é prioridade.

Foto: Reprodução A Morte Comanda o Cangaço
Foto: Reprodução A Morte Comanda o Cangaço

A Morte Comanda o Cangaço O longa metragem de ficção do gênero drama rural, situado no sertão do Ceará, Nordeste, em 1929, conta uma história de vingança protagonizada por Alberto Ruschel e Milton Ribeiro – ambos participantes do maior filme do gênero, O Cangaceiro (Lima Barreto, 1953). Roteirizado por Carlos Coimbra, Francisco Pereira e Walter Guimarães Motta, o filme tem 100 minutos de duração e transcorre em um ambiente seco, característico do sertão brasileiro, elemento bastante explorado pela fotografia de Tony Rabatoni.

Capitão Silvério (Milton Ribeiro), cangaceiro apadrinhado de um coronel da região, a mando deste ataca a família de um pequeno fazendeiro, Raimundo Vieira (Alberto Ruschel), queimando sua casa e matando decapitada sua mãe, após Vieira ter se negado a pagar por “proteção”. Sobrevivente do ataque e revoltado com a exploração e os constantes desmandos de Nesinho, o coronel, Raimundo decide pôr fim ao cangaço e consequentemente à violência que os cangaceiros impõem ao povo da região, montando seu próprio bando, composto apenas por homens dispostos a lutar contra a opressão e a favor da liberdade.

A vingança é iniciada com o assassinato do Coronel Nesinho (Gilberto Marques) pelo bando de Vieira. Avisado da morte, Silvério, imediatamente, dá início à sua caça a fim de retribuir a selvageria daquele que já havia sofrido do mesmo sentimento. Nesse contexto, Raimundo e Silvério põem-se atrás de suas respectivas vinganças, um contra o outro. Ao fim, encontram-se para fazer um duelo de facões, onde quem define o perdedor é uma mulher do fazendeiro: Florinda (Aurora Duarte).

Foto: Reprodução A Morte Comanda o Cangaço
Foto: Reprodução A Morte Comanda o Cangaço

Lançado nos anos 60, o longa foi premiado com o Prêmio Saci, 1960, de Melhor Filme; de Melhor Produtor para Marcelo de Miranda Torres; de Melhor Ator, para Alberto Ruschel; de Melhor Roteiro para Carlos Coimbra; de Melhor Fotografia para Tony Rabatoni; de Melhor Diálogo para Francisco Pereira da Silva; de Prêmio Especial para Fotografia Colorida para Oswaldo Cruz Kemeny. Recebeu ainda o Prêmio Cidade de São Paulo, conferido pelo Júri Municipal de Cinema; o Prêmio Governador do Estado; o Troféu Cinelândia, 1961; o Prêmio Associação Brasileira de Cronistas Cinematográficos; e o Troféu Jornal Diário Carioca.

Apesar de indicada pelo Brasil para o Oscar na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”, a película não foi escolhida para a fase final da premiação.

 

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