Em sessão lotada, Cineclube Glauber Rocha estreia com homenagem a João Carlos Sampaio

Foto: Raíssa Guedes
Foto: Raíssa Guedes


*Por Rayssa Guedes

 

“João era um filho amigo fiel e irmão, nas alegrias e tristezas. Deixou um legado tão grande e bonito, maior do que o de muitos homens que vivem 100 anos. Eu só tenho a agradecer”, assim iniciou-se um dos momentos mais marcantes da sessão inaugural do Cineclube Glauber Rocha, com as palavras de Antonilda Miranda da Silva, mãe de João Carlos Sampaio, jornalista e crítico de cinema, que faleceu na última sexta-feira (2), no Recife. João, que estaria presente na estreia do Cineclube, foi homenageado na sessão que aconteceu na última terça-feira (6), no Cine Glauber Rocha. Ainda estiveram presentes, além de Dona Antonilda, a irmã e os primos de João.

Também marcante e um presente para os cinéfilos que se aglomeravam no foyer do cinema, entre eles cineastas, estudantes, estudiosos, jornalistas e aficionados por cinema- formando o público que prestigiou o lançamento do Cineclube- foi o filme exibido: Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Clássico do cinema internacional, aclamado pelo público e uma das obras mais expressivas de Kubrick, Laranja Mecânica (‘A Clockwork Orange’ em título original) narra a história de Alex DeLarge, líder de uma gangue de arruaceiros, a quem ele chama de drugues, que é preso e condenado a 14 anos de prisão após cometer uma série de graves delitos, entre eles estupro e assassinato.

“A ideia do projeto é trazer filmes clássicos do cinema, consagrados e reconhecidos, que já fazem parte da história do cinema, principalmente para essa geração que não pôde assistir a esses filmes no cinema. Poder oferecer a oportunidade de vê-los projetados numa sala de cinema, em excelentes condições de imagem e som. A proposta é que se faça essa comunhão em torno das salas de exibição, o templo do cinema”, afirma Marília Hugues, cineasta e uma das idealizadoras do projeto Cineclube.

Cinefilia e cineclubismo    Estimular a cinefilia do público soteropolitano, esse é o desejo de Cláudio Marques, cineasta e também idealizador do projeto juntamente com Marília. Além disso, “fazer ressurgir o espírito do cineclubismo, que era tão forte nas décadas de 50 e 60, com o Cineclube da Bahia, um dos mais expoentes cineclubes nacionais, encabeçado por Walter da Silveira, e que formou toda uma geração, inclusive o Glauber Rocha – que dá nome ao cinema atualmente -, Orlando Sena, Roberto Pires, o próprio Caetano Veloso, pessoas de todas as áreas”, declara Marques.

 

Cláudio Marques e Marília Hughes, idealizadores do Cineclube Glauber Rocha
Cláudio Marques e Marília Hughes, idealizadores do Cineclube Glauber Rocha

Cláudio Marques e Marília Hughes, idealizadores do Cineclube Glauber Rocha.

 

A intenção é criar o hábito de conversar, discutir e produzir conhecimento por meio do cinema, através de um encontro entre aqueles que amam a sétima arte. Para mediar as discussões sempre estarão presentes críticos de cinema, jornalistas e/ou estudiosos da área. “A ideia é ser um bate-papo mesmo, mais do que uma explicação, até mesmo porque são filmes aos quais já se escreveu muito. É, além de tudo, uma oportunidade de poder falar um pouco mais sobre os filmes logo após a exibição, quando as coisas estão frescas, impressões e opiniões que o filme causou. O cineclube como um espaço de troca a partir de mediadores, com conhecimento aprofundado em cinema, e o público”, afirma Marília Hughes.

 

O Cineclube Glauber Rocha aparece em uma boa ocasião, uma maneira de revitalizar a cinefilia e o costume de ir ao cinema de rua. As sessões são especiais e o preço é simbólico: R$ 1,00 a inteira, R$ 0,50 a meia. O projeto é bastante acessível. Laranja Mecânica é apenas o primeiro de muitos outros grandes clássicos fílmes que prometem movimentar as noites soteropolitanas. O evento terá periodismo quinzenal, sempre às terças-feiras, às 20h e realizará 20 sessões ao longo do ano. Ainda serão exibidas mais duas sessões até a Copa do Mundo, com os filmes ‘Era Uma Vez Em Tóquio’ (1972), de Yasujirô Ozu, e ‘Hiroshima, Meu Amor’ (1959), do cineasta Alain Resnais.

 

Próximas sessões:

Terça-feira, 20 de maio

Era Uma Vez Em Tóquio (1972)

Direção: Yasujirô Ozu

 

Terça-feira, 3 de junho

Hiroshima, Meu Amor (1959)

Direção: Alain Resnais

 

 

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